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Realidade - Primeira Parte
Lauren Jauregui's Point of View.
Estar ao lado dela me fazia sentir renovada, livre e jovem. O estado de luto em que vivi por mais de um ano por conta dele, todo o sofrimento, toda a dor havia sumido, como se nunca tivesse existido, como se nunca tivesse feito parte de mim, da minha vida. A perda de tempo recuperada, encontrei a paz mais uma vez, a paz que só tive quando conheci minha primeira melhor amiga, Normani, tantos anos atrás depois de tudo que aconteceu com meus pais, agora eu recuperava esse sentimento, como uma ferida finalmente cicatrizada, livre da dor e do entorpecimento.
Essa calma prosperava dentro de mim junto com a expectativa de um futuro melhor. Encontrava-me imersa em seu mundo, pronta para investigar e receber mais. O sol agredia minha visão e sentia os grãos de areia por todo o meu corpo, esfoleando minha pele, meus pensamentos flutuavam ao redor dela enquanto sentia seu corpo tão próximo ao meu. Não me recordava quando havia fechado os olhos, mas lembrava que dormira com a imagem dos dela e das estrelas gravados em minha mente. Não poderia desejar por algo melhor que aquilo.
O som do mar, seu cheiro misturado com todo o ambiente, a maresia em encontro com a brisa fresca e por mais que não fosse o lugar mais confortável para se estar, ainda assim não gostaria de sair dali.
Caminhei com meu rosto em sua direção encontrando-a de bruços, cabeça repousada no próprio braço provavelmente vivido em forte dormência, mas seus olhos fechados e expressão serena me impediam de tentar acordá-la. Sem saber se o podia e sem me importar se perceberia, removi a franja de sua testa afastando as mechas rebeldes que esvoaçavam com o vento. Ali estava todo seu rosto, todos os detalhes, as pequenas pouco visíveis marcas de expressão, a pinta em sua testa próxima ao couro cabeludo, os cílios escuros, boca entreaberta, desenhada, convidativa, as bochechas brilhantes bronzeadas pela quantidade de sol que tomava. Camila. Podia sussurrar seu nome agora, chamá-la do mundo dos sonhos para tê-la consciente em um agradável nascer do dia.
Mas ao invés disso, respirei fundo deixando o ar escapar de minha boca e meu corpo relaxar, se acomodando à ideia de me erguer e fazer o que devia ter feito desde o começo.
Removi a calça de tecido fino assim que estava de pé, embolei a roupa e a acomodei perto do tronco para que não saísse voando. As ondas do mar que quebravam na areia gritavam por mim e ao olhar ao redor, não vi mais nenhuma alma viva que pudesse atrapalhar meu momento. Ainda com a camiseta que ela havia me emprestado e roupa íntima, decidi caminhar até o mar.
Quando meus pés tocaram a água todo meu corpo se arrepiou pelo frio, mas os raios de sol causavam as mais belas cores no horizonte e eu não poderia perder essa chance.
Aos poucos fui entrando, absorvendo o ar que preenchia meus pulmões, a calma que tranquilizava minha mente, pensava em palavras que soavam como melodia e vivia aquele momento como se nunca tivesse presenciado nada igual. Ao longe som de pássaros que voavam, areia em meus pés e água que subia por minhas coxas. O vento fazia meu cabelo rebelde tomar seu rumo, batendo contra meu rosto, o que tratei de prender em seguida com o elástico que sempre carregava no pulso. Agora poucas mechas soltas esvoaçavam e eu podia ver com clareza a paisagem mais parecida com uma pintura cujo todas as imperfeições haviam sido removidas para satisfazer aquele que a via.
Quando uma onda alta surgiu decidi tomar meu impulso e de braços esticados eu mergulhei. A pressão aliviou todo o meu corpo e a busca por ar ao tocar com as pontas dos dedos dos pés no chão foi uma bênção. Fechei os olhos sentindo a ardência do sal, mesmo assim o fiz mais algumas vezes até que meus músculos tensos decidiram relaxar.
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STALKER
FanfictionVocê já teve a sensação de ser seguida? E se na verdade isso não for só uma sensação? E se tiver realmente alguém te perseguindo? O tempo todo, vendo as suas ações, comandando a sua vida. Você sentiria... medo? E se você não for a única peça nesse...