Ser o único ômega da família me trouxe alguns...percalços desde criança. Meus pais, dois homens alfas, não sabiam as dificuldades e diferenças de se criar um ômega, quando me adotaram. Eu tinha 2 anos e era muito chorão, vivia doentinho e era difícil me agradar, o que me mantinha bem, além de colo e 'chameguinhos', era um ursinho com cheiro de Champagne. Específico não?! Mas até achar esse, testaram de chocolate, menta, baunilha, vinho, grama cortada, até o meu próprio de morango... tudo mesmo. Não era tudo que eu conseguia comer, tive muitas alergias alimentares... olha, não foi fácil.
De tantas idas ao hospital, cresci com pais superprotetores, nunca sai pra aniversario de amiguinhos sem a companhia ao menos um deles, sempre um dos dois estavam por perto enquanto eu brincava em casa, nunca dormi na casa dos meus avós - eles alegavam que não cuidariam tão bem quanto eles - não vivi numa bolha, mas todo cuidado era pouco, papai Hoseok dizia que se pudesse teria me deixado num plástico bolha a vida toda, enquanto papai Jin diz que eu era precioso demais pra deixar qualquer coisa ruim acontecer, por isso tanto zelo. Meus joelhos ralados e roxos espalhados pelo corpo, era demonstrações de que, por mais que eles quisessem me manter numa caixa, eu ainda dava um jeito de me machucar, e provava que eu não era TÃO frágil o quanto eles imaginavam. Mas o excesso de cuidado ainda permanece.
Quando completei 16 anos, meus pais tiveram 'a conversa' comigo, sobre ser valorizado, 1°cio, gravidez indesejada, submissão à alfas, marcas e mordidas... Tudo de mais constrangedor possível. Mas, graças a essas conversas, evitei muita dor de cabeça que vi nos meus amigos durante a escola. Corações partidos por terem se entregado achando que era O alfa, desespero de verem o positivo no teste de gravidez, violências durante o cio... Meus pais são os melhores pais e melhores alfas desse mundo. Saí do colégio e ainda não tinha tido meu 1º cio, os médicos disseram que esse atraso era devido a tanta medicação e internação quando criança. Antes ter um atrasinho hormonal do que ter uma vida toda dependente de medicações 'fracas'.
Decidi cursar direito quando ainda estava na escola, para surto dos meus pais, já que a universidade ficava à umas 3h de distância - com todos os sinais abertos, sem trânsito, à 150km/h. Foi um ano todo de convencimento e promessas de que eu ligaria todos os dias pra falar como foi meu dia, ou se eu tivesse com algum problema. E essa semana era a última morando com meus pais.
- [...] Eu não quero saber. Não aceito mensagens de WhatsApp, no mínimo um áudio de 5min, nada de "Oi pai. Tô bem. Tchau". Está me ouvindo Jeon Jungkook? - eu ainda estava com a cabeça encostada no balcão da cozinha - Eu apareço nesse campus em 2 palitos!
- Meu Deus pai, eu já disse que vou ligar todos os dias! - levantei a cabeça com os olhos quase na nuca. Papai Hoseok sabe como ser dramático.
- No dormitório tem aquelas cozinhas comunitárias né? Vou fazer algumas marmitas congeladas pra você não passar fome - Papai Jin pegou um bloco de anotações e a caneta que ficavam na porta da geladeira - aliás, precisa anotar na sua agenda que você tem alergia...
- Pai, eu estou indo pra faculdade, não no jardim de infância. - falei voltando a ficar apoiado no balcão.
- Eu esqueço que você não é mais meu bebe Jun - afagou meu cabelo - meu nenê vai ser advogado amor! - me abraçou nas costas falando com o outro.
- Ele está tão crescidinho - papai Hoseok abraçou nós dois - o tempo passou tão rápido - falou choroso - logo logo vai chegar em casa com a uma penca de filhotinhos e...
- EI EI EI - interrompi - eu não tive meu primeiro cio e já está pensando em neto?
- Nada ainda filho? - Jin afagou meu cabelo de novo - Nem sinal? Nada de dores, ou...?