Conto Erótico - Vinnie Hacker

Capítulo único

Era já o segundo mês que eu dava aulas como parte obrigatória do meu mestrado em biologia molecular. Acabei sendo sorteada para a turma de medicina do terceiro período.

Achava que o fato dos estudantes de medicina serem conhecidos como arrogantes seria o maior dos meus problemas. Porém, logo no meu primeiro dia, sentado na terceira fileira bem na mesa do meio, estava o rapaz louro e aparentemente alto, vestindo uma camiseta preta que me permitia ver suas tatuagens no braço.

Era Vicent Hacker.

Esse era e ainda é o meu problema.

Lembro que quando entrei na sala, todos me olharam. Vicent, porém fincou seus olhos castanhos em meu corpo de uma tal maneira que eu fiquei sem jeito.

Disfarçadamente olhei para minha saia lápis e meus sapatos de salto baixo. Estavam perfeitos. Talvez algum botão da minha blusa tivesse aberto. Mas não era isso também.

No segundo dia, ao final de uma das aulas, enquanto todos saiam, apenas Hacker permaneceu sentado em sua cadeira. Os cabelos propositalmente bagunçados, o olhar que pouco vacilava.

Antes de se erguer e vir até mim, ele passou a língua umedecendo os lábios desenhados, o que o deixava ridiculamente sexy.

Eu queria ter forças para perguntar se ele queria algo, mas era como se um feitiço pairasse sobre mim, pela maneira com que Hacker me olhava enquanto ia se aproximando.

— Já notei que a senhora mora a uma quadra do apartamento onde estou! — O sotaque dele era bem nítido. Hacker não era brasileiro. Mas não dei atenção a isso.

— Não havia reparado. Você é O Vicent Hacker?

Eu tentava não tremer. Era esquisito estar a sós com um aluno.

— Eu mesmo. Sou um dos intercambistas. Gostaria de uma carona até em cada? Estou de carro!

O sorriso dele era perturbadoramente lindo. Há tempos que eu não falava com um homem tão bonito. Mas eu não poderia deixar minha mente me levar para um lugar desconhecido, um lugar de fantasias com um aluno. Aluno que seria muito mais jovem.

Nesse dia recusei a carona. Mas Vicent passou a se oferecer para me levar para casa ao final de todas as aulas.

Não podia aceitar, apesar de ficar muito balançada toda vez que ele se aproximava. O perfume era delicioso e o hálito fresco dele batendo em meu rosto, me dizia que era preciso recuar dois passos sempre que estava diante dele, pois parecia que iríamos nos beijar a qualquer momento.

Na quarta semana as coisas pareceram mudar.

A sala já se encontrava vazia quando reparei que Hacker não estava mais lá. A princípio fiquei um pouco frustrada, porque não podia negar o quanto me sentia atraída por ele, apesar de eu ter vinte e oito anos e Hacker lá pelos seus vinte. Mas também suspirei de alívio ao concluir que as coisas ficariam melhores se eu não cedesse aos encantos de um aluno. Uma coisa dessas poderia custar meu mestrado.

Os corredores do instituto de biologia já estavam vazios e eu conseguia ouvir o barulho do meu sapato batendo no piso. A noite caia rapidamente e o vento gelado lambeu meu rosto assim que abri a porta para a escadaria.

O caminho até em casa fora tranquilo. A primeira coisa que fiz após entrar em meu apartamento foi tirar meus sapatos de qualquer maneira e lançar minha bolsa para longe.

Uma música seria perfeita naquele momento, então disse a Alexa para tocar algo suave e calmo. Na geladeira eu certamente iria encontrar o vinho que havia comprado na semana anterior.