Me lembro que ainda jovem sonhava com uma paixão para eternidade, ansiava por uma pessoa que complementasse minha alma, infelizmente o sonho se tornou uma verdadeira historia de horror. Eu tinha dezoito anos, na época já era velha para casar, me guardei até o último minuto, até ele chegar. Lorde Vlad Northman, um dos homens mais encantadores que já vi, seus olhos eram avermelhados como o sangue, sua pele era pálida como o inverno, tinha um sotaque forte, era perceptível que pertencia ao norte da Escandinávia. A inocência ainda presente em minha pessoa me fez ficar cativada por aquela figura misteriosa, logo a cidade começou comentar sobre o forasteiro, o lorde da casa Gold se propôs a dar uma festa de boas vindas ao Lorde Northman, minha família foi uma das que patrocinou o jantar, meu pai usou a festa como um pretesto para me arrumar um marido.O jantar foi marcado para o último dia do mês, a noite seria quando a lua atingisse seu ápice, minha imaginação me fazia sair da realidade, eu ansiava ser tomada por Vlad, ansiava ser beijada pelos seus lábios vermelhos durante o auge da lua.
Dois dias antes do jantar fui com minha mãe à uma loja de vestidos. Meu vestido tinhas rendas, sua cor era como o sangue, acho que foi o vestido mais majestoso que ja vi. Eu me encarava no espelho da loja, admirava minha aparência, até ele chegar.
- É um belo tom de vermelho, Milady. - Senti como se ele estivesse encarando minha alma, através do espelho, seus olhos avermelhados eram quentes como o verão, suas mãos gélidas tocavam meus ombros.
- Muito obrigada Lorde Northman, fico honrada com o elogio. - Virei meu rosto em sua direção, ainda com um sorriso sem jeito, sentia sua respiração em meu pescoço.
- Espero que essa majestosa vestimenta seja para o jantar. - Disse tocando minhas bochechas coradas, de forma que ja mudasse para um leve toque em meus cabelos. - Adoraria encontrá-la na noite de lua cheia, sabe, de onde venho, noites como essa são de extrema importância espiritualmente. - Ele deu um sorriso de canto, parecia que iria me tomar a qualquer momento, confesso, por um instante ansiei que acontecesse. - Até logo, Milady! - Exclamou saindo pela porta, com uma mão abaixando levemente seu chapéu.
Aquela curta troca de palavras me deixará enfeitiçada, eu queria ele, queria que ele me queresse, ansiava por seu toque novamente, eu necessitava tê-lo de novo.
O dia do jantar chegou, eu estava eufórica, contava os minutos para vê-lo, precisava ver aqueles olhos, ele me fascinavam de uma maneira inexplicável. Passei o dia me arrumando para a noite tão esperada, o vestido valorizava meu busto, deixando meus ombros desnudos, coloquei uma gargantilha do mesmo tom do vestido, o pingente dela era como o sangue, uma das minhas joias mais preciosas, minha falecida avó me deu antes de partir, ele viera do norte da Itália. Ele valorizava meu pescoço, seu tom contrastava com minha pele, me ver no espelho daquele jeito fez meus olhos brilharem, consegui ver beleza em meu olhar, a cor escura da noite em meus olhos combinava perfeitamente com o vestido e a gargantilha, acho que posso dizer que nunca estive tão bela em minha vida. Infelizmente minha felicidade não durou muito...
A festa estava perfeita, parecia que tudo havia saído de um conto de fadas, Lorde Vlad foi o último a chegar, quando a noite tomou o céu ele chegou, todo esse mistério por trás daquele homem me deixava mais enfeitiçada, eu só queria a aprovação dele, era tudo que eu precisava, eu precisava dele, precisava ser dele. Durante um tempo mantivemos uma troca de olhares fixos, até ele se aproximar.
- Esta uma noite linda lá fora, logo a lua atingirá seu ápice. - Sua voz era aveludada, ele estava com os cabelos soltos, eram prateados, nunca havia visto algo tão belo. - Gostaria de me acompanhar para ver esse momento majestoso, Milady?
Eu acenei com a cabeça em um gesto de confirmação, ele tomou minha mão e me levou para o jardim, aquela parte era um tanto quanto afastada do casarão. A luz do luar iluminava o pequeno lago, tudo estava coberto de tons de azul devido a noite. Não conseguia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo, me sentia eu uma história para crianças. Ele tocava meus ombros enquanto olhávamos o céu, sentia arrepios com suas carícias, ele era gentil em seus toques, bom, isso até certo ponto.
Suas mãos começaram a ficar mais pesadas, ele começou a ficar agressivo, sentia ele me empurrar contra uma árvore, seus olhos estavam negros como a noite, sua pele pálida estava repleta de linhas escuras, seus dentes estavam pontiagudos. Tentei me afastar, mas ele era forte, sentia ele rasgar meu vestido, apertava meu corpo desnudo, eu entrei em pânico, não conseguia me afastar, ele não parava, cada vez mais ele ficava agressivo, suas mãos frias começaram a levantar o pouco tecido que sobrará da saia de meu vestido, eu suplicava para ele parar, escutei o barulho da fivela de seu cinto abrir, ele colocou seu membro para fora e começou a me penetrar, era horrível, doia muito, ele ia cada vez mais forte e fundo, até que ele parou, eu não aguentava mais, já não tinha mais voz para gritar, ele segurou meus cabelos, inclinou meu pescoço e depois disso só consegui sentir uma dor horrível, ele perfurava minha pele com suas presas, consegui sentir meu sangue escorrer por minha pele. A dor aumentava e eu estava sentindo minha vida se esvair de mim, a única coisa que tenho memória é de ver a lua chegar a seu ápice e ser tomada pelo sangue, depois eu apaguei.
Senti meu corpo se contorcer, a dor aumentava, era como se pregos perfuracem meus ossos, minha pele queimava, eu tremia e suava frio, meu nariz sangrava, meus olhos choravam sangue, um incômodo enorme surgia em minha boca, até que senti algo rasgar minha gengiva, a dor estava se tornando suportável, meus olhos se abriram e eu senti a luz da lua me banhar. Tudo estava diferente, meu corpo havia mudado, não sentia meu coração pulsar como antes, minha pele estava fria, conseguia ouvir sons a quilômetros de distância, meu olfato estava mais apurado, e uma fome me consumia, o cheiro de sangue vindo do casarão me atraia, eu senti uma vontade fora do comum. Me levantei e fui em direção ao salão, eu estava rápida, era assustador todas essas mudanças em meu corpo. Quando adentrei suas portas vi um banho de sangue, corpos mortos por todo o redor, as tapeçarias das paredes antes azuis, agora eram banhadas pelo vermelho do sangue das vítimas, minha família estava toda morta, não conseguia acreditar que aquele homem em que acreditei ser bom era um monstro, como alguém pode fazer tantas atrocidades em uma só noite? Como alguém pode ferir uma pessoa, assim como ele me feriu? Todas essas perguntas passavam por minha cabeça, mas eu não conseguia me concentrar, todo aquele sangue estava me deixando louca, eu precisava bebê-lo, então fiz algo que me condeno até hoje, tomei o pulso de minha amada mãe, que ainda estava quente, e o mordi, o gosto era assustadoramente viciante, eu não conseguia parar, precisava de mais.
Foi assim que me tornei um demonio da noite, essa maldição que me foi dada contra minha vontade me perceguiria por toda a eternidade, infelizmente a paixão para a eternidade nunca existiu, e tudo que me restou foi a dor de ser violentada pro resto dos tempos. Isso me fez jurar para mim mesma e para a lua de sangue, que usaria minha maldição para condenar a alma daqueles que abusam e se aproveitam de mulheres, assim poderei salvar todas elas, para que nunca passem pelo que eu fui obrigada a passar.
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Vampiria
FantasyQuando se vive nas trevas por tanto tempo, você aprende a ver como o mundo realmente é... Vampiria busca justiça por vítimas de abuso, uma ceifadora de estupradores. Utilizando de sua maldição vampirica, ela tortura e mata homens que abusam de mulhe...