Dia do acidente

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Então chegou o grande dia, Elizabeth estava muito feliz enquanto descia as escadas com sua mala de mão e sua bolsa, já bem arrumada e pronta para a viagem planejada a anos por ela e pelo seu único filho Miguel Hernandez, eles iriam passar um bom tempo na Inglaterra, pátria da Elizabeth e do seu falecido marido Henry, pai de Miguel, Henry foi um homem de negócios impiedoso que fez fortuna comprando pequenas empresas na bancarrota por uma ninharia, às tornando posteriormente em negócios super vantajosos, o que seu filho Miguel aprendeu desde muito novo, ampliando e muito os negócios da família, o que foi importante já que Henry faleceu repentinamente e deixou Miguel como responsável de vários negócios e por cuidar de sua mãe, Elizabeth, que sofreu demais de depressão, assim por causa da doença da Elizabeth e do trabalho excessivo do Miguel, os dois não puderam voltar à Inglaterra, onde tinham os únicos parentes vivos e onde estava o túmulo de Henry.
Elizabeth finalmente estava animada o que deixou Miguel feliz, ao se encontrarem na sala, Miguel e Elizabeth esperam os empregados acabarem de arrumar o carro que Miguel dirigiria pessoalmente até o aeroporto.

Miguel: Mãe, se agasalhe porque a previsão indica que o tempo vai esfriar, talvez haja tempestade e até atrase o voo.
Elizabeth: Sim senhor, às vezes parece que você que é o meu pai Miguel.

- ela sorri com a constatação mas não é um sorriso legítimo porque no fundo ela sabe o quanto toda essa maturidade precosse custou ao seu filho e ela se culpava por isso.

Depois de uma curta conversa descontraida e com a sensação que tentariam ser mais próximos na Inglaterra, se despediram dos empregados principalmente de Ana Maria, que era quem cuidava da casa e quem acompanhou com ternura Miguel nos anos que sua mãe se recusou a sair do quarto.

Ana Maria: Meu querido, não esquece de comer 3 vezes por dia e dormir bem, não deixa de fazer exercícios por favor.
Miguel: Que isso Ana, são apenas uns meses, eu vou te ligar eu prometo.
Ana Maria: Você é um bom menino, o que estou dizendo, você é um bom homem, por que não arruma logo uma noiva por lá? Você só anda com essas moças que não prestam..
Ana foi interrompida por Miguel, por um beijo na bochecha e um aceno lento enquanto partia deixando na memória de Ana um sorriso lindo, de boca aberta e dentes brancos, num rosto mais lindo ainda que partia de lado, entrando no carro, ainda estampando o sorriso que não suspeitava Ana, não veria novamente tão cedo.

Já no caminho para o aeroporto, mãe e filho se distanciavam de casa, numa estrada longa e afastada, começou por fim a chover e parecia anoitecer embora ainda fosse cedo, por causa das nuvens escuras da tempestade que se aproximava, ouviram então os raios e os trovões e a Elizabeth sugeriu pararem para esperar a chuva passar, mas Miguel, preferiu esperar chegarem a um posto de gasolina ou qualquer outro local mais seguro, já que a estrada praticamente não tinha acostamento, ele ligou o alerta aumento os faróis ao máximo assim como limpador de parabrisas, mantendo uma velocidade segura indicada, já que a visão estava dificultada pela chuva intensa.
Foi quando de repente um carro bateu na traseira do deles, empurrando com muita força a parte esquerda do carro que com o forte impacto capotou para fora da estrada onde só tinha o mato baixo e muita lama, o carro que causou o acidente, depois de girar na estrada, parou de frente para o carro de Miguel que depois de segundos inconsciente ia criando noção da situação na qual se encontrava, ele imediatamente olhou para sua mãe que também estava acordando mas estava com bastante machucados pelo corpo, ambos estavam presos às ferragens, porém Elizabeth estava com um corte profundo na cabeça que sangrava muito o que deixou Miguel desesperado, ele não alcançava o celular e começou a gritar por socorro em seu desespero, a chuva pareceu diminuir um pouco e ele percebeu que o motorista do outro carro abriu a porta, o que o deixou aliviado, com a certeza do socorro, ele não conseguiu ver bem porque os vidros do carro estavam embaçados, mas identificou uma mulher de pele clara cabelos longos e pretos caminhar vagarosamente até eles, Miguel gritou ainda mais por socorro para que ela viesse logo, talvez ela já tivesse pedido socorro, porém a mulher chegou abaixou perto da janela de Elizabeth que esticou o braço e segurou com força na barra da saia da mulher e disse "por favor me ajude" Elizabeth era uma boa mulher, porém extremamente orgulhosa vê-la implorar fez Miguel entender a gravidade da situação, ele examinou melhor sua mãe e percebeu que suas pernas estavam esmagadas, porém o que ocorreu a seguir foi inesquecível para Miguel, a mulher não olhou para ele, apenas olhou para os lados, examinando a situação e voltando a ficar de pé, puxando a barra do vestido, Elizabeth entendeu a situação, a moça fugiria, então Elizabeth usou todas as forças que tinha para agarrar-se aquele pedaço de pano como se aquele fosse sua tábua de salvação, mas a moça puxou fortemente para livra-se o que fez o tecido fino e delicado do vestido de festa se rasgar, Miguel viu incrédulo a figura se afastar do carro entrar no seu próprio veículo e ir embora, Miguel não parava de gritar por socorro, como nunca fez na vida, como nunca, nem no seu pior pesadelo achou que faria um dia, ele viu o veículo ir embora e não sentiu ódio nem nada, apenas desesperança, virou a cabeça e viu Elizabeth inconsciente, talvez estivesse morta ele não sabia dizer, talvez ele também estivesse morrendo, o fato que isso, era tudo que poderia fazer nesse momento, morrer...
Ele olhou em silêncio até que o carro sumiu na neblina e só aí ele percebeu o que estava acontecendo, ele teria que fazer alguma coisa, tentou novamente alcançar o celular que estava longe e nada, sentiu-se novamente uma criança e lembrou dos rostos de todos aqueles que imploraram para que ele emprestasse dinheiro ao invés de comprar por quase nada suas empresas, lembrou do choro e do desespero deles, lembrou do seu pai dizendo que ele tinha que ser forte, que a culpa era dos que tinham tomado más decisões e não deles, ele lembrou do que seu pai disse sobre o poder da decisão e decidiu alcançar o celular, e se esticou até sentir sua carne rasgar e seus ossos estalarem, e pegou o aparelho e pediu socorro.
Agora, Miguel, por fim, sentiu ódio, tanto ódio que nem podia sentir dor, sentiu ódio dele mesmo por estar naquela situação, odiou não ter protegido sua mãe como prometeu ao seu pai, e acima de tudo sentiu ódio da motorista, tanto ódio que naquele momento antes de perder a consciência, jurou vingar-se da pior maneira que pudesse encontrar.

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