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- NÃO! - Exclamo negando com a cabeça antes de fungar puxando o ar. - F-faz menos de uma hora que eu f-falei com ela. - Falo pra mim mesma. - NÃO É ELA! - Grito em negação.

Atacante: É ela, baixinha... - A voz dele denunciava o quão mal ele também tava.

- É impossível, amor. - Susurro olhando pra ele com dificuldade por conta das lágrimas tomando minha visão. - Eu vou ligar pra ela e tu vai ver que não passa de coincidência. - Seco as lágrimas vendo ele me olhar e abaixar a cabeça permanecendo calado. - Tu vai ver que ela vai atender, pera. - Levanto e vou correndo pra dentro de casa pegar meu celular antes de ligar.

Uma, duas, três, quatro, cinco vezes eu ligo e ninguém atende. Escoro meu corpo na parede e deslizo por ela até alcançar o chão abraçando meu próprio corpo enquanto sinto um enorme vazio tomar meu coração.

Atacante: Baixin...

- Cala a boca! - Grito tampando meus ouvidos com as mãos. - Eu não quero ouvir nada além da porra da ligação que eu sei que a tia vai retomar!

Quando ele vai responder a voz dele é cortada pelo barulho que meu celular faz ao tocar e eu rapidamente atendo ao ver o nome da tia brilhando na tela, meu coração cheio de esperança torcendo pra que isso não passe de um pesadelo ou grande mal entendido.

- Tia? - Sorrio secando as lágrimas com a mão livre ao ouvir uma respiração do outro lado da linha. - Tia onde você tá? Volta pra casa, tô com saudade... - Peço sentindo meu coração apertar.

- Eu acho que ela nunca mais volta, minha nega... - Minhas mãos ficam trêmulas e minha boca seca de imediato quando a voz do Jota penetra em meus ouvidos. - Olha as coisas que tu me faz fazer.

- NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! - Grito a plenos pulmões sentindo o celular escorregar das minhas mãos. - Não, não, não, por favor não. - Tusso com falta de ar e minha cabeça começa a latejar.

Atacante solta o cartão que o Jota mandou depois de ler e passa a mão no rosto socando o portão antes de sentar no chão do meu lado e me puxar contra ele.

Cravo minhas unhas em sua camiseta puxando o ar pela boca enquanto lágrimas grossas e incontroláveis deixam meus olhos, e mesmo tendo sua mão afagando minhas costas a porra da dor que eu tô sentindo não ameniza, parece que só piora.

Apesar do inchaço em meus olhos eu posso ver o momento que a tela do meu celular acende com a chegada de uma mensagem no número da tia.

"Se tiver interessada em pegar o resto do corpo da velha gostosa pra dar pelo menos um velório decente vai tá na localização que eu mandei tu ir e tu fez questão de ignorar."

Tapo a boca com a mão antes de soltar um grito que expõe toda angústia e dor que eu tô sentindo, meu olho chega arde quando as lágrimas voltam a sair com tudo e meu abdômen contrai com o esforço que eu faço pra liberar elas.

Atacante pega meu celular e reencaminha a localização pro celular dele antes de mandar um dos homens de confiança dele ir pegar o corpo da mãe que Deus me deu e que o homem que ela falou pra eu ficar longe diversas vezes tirou de mim.

Saio dos braços do atacante e me arrasto pra perto da caixa de presente onde se encontra a cabeça dela. Nego com a cabeça olhando um buraco de bala bem no meio da testa e minhas mãos suam frio quando eu toco em seu cabelo.

- Tia me... - Fungo com as mãos e os lábios trêmulos. - Me perdoa... - Pauso pra puxar o ar pela boca antes de continuar. - É minha culpa. - Fecho o olho apoiando o rosto no meu antebraço.

Atacante: Para de nóia, culpa tua é o caralho. - Ouço a voz dele atrás de mim.

Melissa: Culpa dela sim! - Ergo minha cabeça dando de cara com a Melissa chorando aos prantos enquanto adentra no meu quintal com o Mota atrás dela.

Mota: Peituda a gente já conversou sobre isso... - Mota se aproxima beijando minha cabeça e eu desvio o olhar do da Melissa que deixa notória a raiva que tá de mim, mas com razão né.

Melissa: Se afasta dela! - Me empurra puxando a caixa e o Mota segura ela que grita chorando.

Atacante se aproxima fazendo menção de me ajudar e eu desvio do toque dele tremendo e sendo consumida pela culpa e dor.

- Ela tem razão. - Falo em meio às lágrimas. - Eu não mereço apoio, eu causei tudo isso. - Susurro sentindo minha garganta arranhar.

Mota: Ela tá deixando a raiva e dor dominarem os pensamentos, não tem noção do que tá falando. - Fala abraçando a Mel e eu permaneço calada chorando em silêncio.

Atacante: Não é justificativa pra tá dando tilt com a irmã, é hora de se unir e não separar. - Para do meu lado me tirando do chão e eu apoio a cabeça no braço dele totalmente mole.

Melissa: QUANTAS VEZES MINHA MÃE DISSE QUE ESSE CASO TEU COM O JOTA SÓ IA TRAZER DESGRAÇA? - Se solta do Mota e vira gritando pra mim. - MUITAS! QUANTAS VEZES ELA TE IMPLOROU PRA SE AFASTAR DELE ENQUANTO ERA TEMPO? - Aponta o dedo na minha cara e o Mota abaixa a mão dela. - VOCÊ... - Abaixa a cabeça fungando alto. - VOCÊ É TÃO CULPADA QUANTO OU MAIS QUE ELE! - Grita antes de vir correndo cheia de ódio na minha reta porém o Atacante me passa pra trás dele e o Mota puxa ela pela cintura.

Atacante: Pô, Melissa, eu entendo tua dor e pá mas tua mente parece que tá tilt demais pra processar os bagulho e por isso tu tá só aí falando merda atrás de merda. - Gesticula antes de encarar o Mota. - Melhor tu levar ela que eu não tô ligando pra mais nada, entrar em uma com a Kaira vai entrar comigo de graça.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora