Estrela cadente

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Não é como se eu o odiasse, ou o desprezasse, mas também está longe de ainda ser o amor ou a paixão que havia na minha pessoa antes daquele dia infortúnio, até porque é complicado esquecer algo que me fez tão bem, mesmo que por uma fração de tempo. Se eu parar pra explicar tudo o que senti, o que pensei, o que queria ter vivido ou o que deixei de viver para agrada-lo e não afasta-lo de mim, ficariamos o tempo necessário para uma vida se esvaziar e outra chegar ao seu primeiro suspiro, contudo tentarei ser breve, mesmo com minha cabeça anciosa, minha língua desenfreada e meu coração imparável, serei breve. E para isso criarei uma analogia para organizar minha mente e meus sentimentos confusos, mas nós fomos como num dia logo cedo, de que você tem  a plena certeza que o sol, emergirá no horizonte e cobrirá a vida com luz, calor, aconchego, e esperança de um dia longo e prazeroso, que você ouvirá os pássaros proclamando suas cantigas, as flores desabrochando ou o curioso fato de sua pele produzir a vitamina necessaria para te manter saudável, enfim nós éramos isso a alvorada de um novo dia.

Ou.... ou eu fui isso, ou pensei ser assim, ou também ele foi mas se perdeu durante o caminho, ou simplesmente não foi nada. Contudo, driblando um pouco minha mente anciosa talvez ele tenha sido como uma estrela cadente, linda, prazerosa, capaz de causar um sentimento vivido de alegria, mas que rápida e passageira, como uma promessa proclamada aos deuses, que verdadeira para ti, em seu íntimo, mas sem uma garantia de que será cumprida, apenas mais um aspecto de uma vida rápida e passageira, ou também como um universo em expansão, que de um aldo se cria o novo e do outro se engole o já criado, ou como uma estrela cadente, linda, esperançosa, porém passageira.

E mesmo depois de tanto tempo, depois de já se passar tantas novas experiências e sentimentos, de novos raiares de dia, de novas estrelas cadentes, é inegável, mesmo que eu tente, que em meu íntimo eu ainda sinta algo por ele, que sinta ternura, saudade, que eu o deseje, deseje toca-lo e acariciar seus longos cachos. Que eu deseje tocar sua gélida mão, que de uma forma até engraçada cria um equilíbrio com minhas mãos quentes, que eu também deseje entrelaçar nossos dedos longos tendo o máximo de contato entre elas e poder sentir a troca de temperaturas entre elas. Ainda que eu deseje voltar as nossas conversas e risadas das quais tivemos inúmeras por infinitas horas, pela calada das madrugadas, de tamanha conexão que poderia até estranhar quem não nos conhecia devido ao pouco tempo, mas que sim era tempo suficiente para a intimidade que nós estávamos criando.

Ou... ou isso era eu, novamente, com minha complexa mente dotada de inúmeros labirintos bifurcados que levavam apenas a corredores intermináveis e caminhos sem saída, criando um ambiente que eu amava, um porto seguro para aqueles que navegam em águas perigosas, e que talvez lá no fundo, bem aonde talvez nem ele mesmo alcance ele também queria, mas que por algum motivo específico ou inexpecifico não pôde ser a alvorada de um novo dia, nem mesmo a estrela cadente. Ou talvez ele foi os dois, ou tentou ser, mas que como tudo na natureza sempre a algo maior que pode prejudicar o nosso brilho como a lua sendo um outro astro esplêndido pode ser um pesadelo ao sol quando alinha-se a sua frente, retirando toda sua luz e seu calor. Então talvez algum eclipse ocorreu no meio de nossa historia que inpediu um novo raiar. Ou ele foi mesmo uma estrela cadente que trouxe tudo numa grande velocidade, e também levou tudo no minuto segundo, para uma nova vida, um novo universo, uma nova galáxia, mas não para mim... para nós.

Então meu caro Eros, apesar de tudo, depois dessa longa exposição de uma analogia um tanto quanto astrônoma, eu queria mesmo lhe dizer que eu não o amo, não mais, mesmo que eu quisesse, porém não posso negar que o quero, e sim, o desejo!

                                   
                 ~Atenciosamente, a saudade.

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⏰ Última atualização: Jul 15 ⏰

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