Era domingo ensolarado banhado de muito churrasco e música no último volume quando a senhora Jeon decidiu que precisava criar um acordo com seu filho. A coreana, recém chegada ao Brasil, se assustou ao presenciar uma cena que parecia ser bem frequente entre as mães e filhos das terras tupiniquins. De um lado, uma mãe bem zangada, gritando com uma criança que corria por toda parte e que agora chorava porque quebrou um vaso. No momento em si, tudo normal. Já tinha presenciado aquelas cenas diversas vezes em sua cidade natal, mas a senhora Jeon, depois de meia hora de papo com a mãe, Jeon Hyemi concluiu, fazendo um breve carinho na sua barriga, que ela precisava fazer um acordo com seu filho. Iria impor limites e ao mesmo tempo dar liberdade a ele também.
Anos passaram e muitas coisas mudaram, mas o acordo estava de pé, mas com algumas alterações. Jeongguk, seu filho, é uma criança calma e que não lhe dava dor de cabeça. O acordo só aconteceu de fato, pois em uma das reuniões de pais, a professora rasgou elogios para o garoto, mas que ele não estava entregando algumas atividades para casa e que sempre pegava o mesmo fazendo a atividade na sala de aula. Como o garoto sempre chegava em casa e saía correndo para o quintal para chamar seus primos para brincar até tarde e quando chegava em casa para jantar, nem lembrava da lição.Então, unindo o útil ao agradável, Hyemi e Jeongguk entraram em um acordo. Ele iria para a escola como de costume, mas assim que chegasse em casa, iria descansar e fazer as atividades de casa e se caso não tivesse as atividades, Jeongguk pegaria um livro para ler e aí depois ele poderia correr para o abraço da diversão e voltaria quando visse o pôr do sol. E se caso cumprisse, ganharia vários pacotes de cartas de Yu-Gi-Oh! e moedinhas para comprar bolachas recheadas e balas de coco.
E Jeongguk cumpria o acordo à risca, pois amava brincar na rua.
O garoto gostava de brincar de tudo! Desde pipa, até o futebol-estoura-dedão, que sempre acabava em briga e mães desesperadas indo passar merthiolate, o terror das crianças.
Mas o que Jeon gostava mesmo de brincar era de "docinho de coco".
Era uma brincadeira boba que ele aprendeu com seu primo, mas que arrancava altas gargalhadas e era bem simples: se escondia no muro ou no portão, esperava alguma pessoa que estivesse passando por perto e gritava:
"Oh docinho de coco, ô docinho de coco!”
Se escondia, dando alguns segundos para a pessoa olhar de um lado para o outro procurando o autor da brincadeirinha e continuar o seu caminho. Ele bisbilhotava de novo e gritava entre risadas:
"Não é você não, rapadura!"Mas a brincadeira às vezes não dava certo.
Só tinha uma pessoa que simplesmente sabia quando Jeongguk iria fazer a brincadeira. Jeongguk já estava sem paciência. Taehyung passava todo pimpão na rua com os seus cabelos loiros mega hidratados, com um pirulito de cereja entre os lábios (e Jeongguk achava uma tortura toda vez ele aparecia com o bendito na boca, chupando bem devagar, e atiçando uns siricuticos estranhos pelo seu corpo) e a pele banhada pelo sol, como se o dito cujo morasse no litoral e não em plena zona leste de São Paulo. Ele gritava ô docinho de coco e travava para terminar a frase. Taehyung olhava diretamente para ele e exibia um sorriso cheio de dentes, e tudo que Jeon conseguia fazer era apoiar a cabeça em uma das mãos, suspirar e acenar para ele com um:
— Oi, Tae…
Era culpa da possível paixonite que Jeon sentia por Taehyung? Talvez sim, talvez não. Mas isso não vem ao caso porque era um assunto complicado para o pobre menino Jeon.
Mas hoje Taehyung não escaparia!
Seokjin, o inimigo #1 de Jeongguk, o desafiou a atormentar a vida de Taehyung de uma vez, e isso envolvia gritar bem alto "não é você não, rapadura" sem gagueira e sem sorrir que nem idiota para ele. Caso conseguisse, ganharia um punhado de balas de coco da Dona Maria. Jeongguk aceitou na hora. Em casa, Jeongguk deu um tapa na testa. Era uma aposta perdida.
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Docinho de coco
Fanfiction[taekook] [fluffy] Taehyung irá mostrar para Jeongguk que há algo mais doce que o docinho de coco.