black out days.

único.

Quando eu entrei naquela festa, pra mim era como estar em outro universo.

Havia pessoas dançando no salão absurdamente grande da sala de estar, a pequena mesinha de centro coberta de salgadinhos e refrigerante. Me permiti fechar os olhos cobertos de glitter que Taehyung insistiu pra eu usar, e os fechei por um momento e apreciei o som que agora tocava na playlist. Black Out Days do Phantogram invadia minha alma como um estouro de emoções, e por um momento, pensei que estava sozinho. Até sentir os dedos calorosos que eu tanto conhecia segurarem meus ombros, fazendo-me sair do devaneio profundo da minha mente.

— Você veio, Jun.

E seu sorriso conseguiu iluminar o ambiente inteiro, mesmo que houvesse o jogo de luzes coloridas no teto, ele era mais brilhante do que isso. Conhecer Taehyung foi como um salvamento, nunca fui do tipo que fazia amizades facilmente, sempre me mantive fora de eventos sociais ou qualquer oportunidade de interagir com outro ser humano. Ele se aproximou de mim de forma inesperada, e por mais que nós tenhamos selado nossa conexão faz pouco tempo, sentia como se o conhecesse pela minha vida.

Então abri um sorriso tímido e disse:

— Vim, gostou da minha maquiagem? Não sei fazer direito, mas tentei.

— Você está lindo. Diria que parece até a Noite Estrelada que Van Gogh pintou.

Os elogios dele eram os melhores do mundo.

Seus cabelos tonalizados de azul estavam um pouco bagunçados, o glitter que também estava presente no seu rosto tornava seus olhos mais selvagens e intensos e os adesivos de estrelinhas grudadas em cada canto da pálpebra, adornavam perfeitamente sua face. Eu poderia passar a noite toda admirando cada detalhe, mas Taehyung foi mais rápido em me levar até a pista de dança. Desde que me entendo por gente, ele sempre foi perfeito dançando. Talvez eu seja suspeito pra dizer, afinal, ele era a única pessoa que conseguiu me tirar do "casulo". Então, confiar na minha experiência de conhecer muitas pessoas é impossível, mas eu tinha certeza que Taehyung era uma dessas que conseguia te encantar com apenas poucos movimentos.

Quando menos percebi, nossos corpos estavam dançando na penumbra colorida das luzes do salão, como se fôssemos dois espectros ambulantes prestes a eclodir entre si naquela noite que parecia nunca ter fim. Sentia minha maquiagem levemente borrada na parte dos olhos, mas pouco me importava, eu só conseguia focar em Taehyung dançando. Eu não lembro o momento em que paramos no meio da rua, correndo feito loucos com duas garrafas de bebida na mão, gritando no meio da madrugada. Mas viver aquele momento com ele se completou quando Taehyung me encarou, e eu já besta de bêbado, fiquei encarando-o de volta como quem não queria nada.

— O que foi, Tetê?

Ele não me respondeu, pois acabou se ocupando com seus lábios junto aos meus. Larguei a garrafa de cerveja que rapidamente se quebrou na colisão com o asfalto, me esquecendo totalmente do mundo ao meu redor. Agarrei seus fios azuis e os puxei de leve na nuca, sentindo um aperto firme na região da minha cintura. Estávamos nos tornando um turbilhão de sentimentos, porém nenhum de nós dois estava ligando pra isso. Separamos nossas bocas, me sentia terrivelmente culpado por não estar sentindo arrependimento algum de ter aceitado seu beijo, por isso, apenas me contive em sentir sua respiração pesada perto do meu lábio inferior.

— Eu sempre quis fazer isso.. — ele disse baixinho, mas sem se afastar.

— Tae, eu não quero criar falsas esperanças. Estamos bêbados, porra. — fechei a cara e dei um leve empurrão em seu ombro, tentando me controlar.

— Acho que se esqueceu do fato que sou totalmente forte pra bebida, né? — e outra vez, o maldito deu aquele sorrisinho de canto e com uma mão, me puxou pela cintura.

— Se você estiver zoando com a minha cara..

— Por favor, só use essa boca linda pra me beijar.

— Você é um idiota. — bufei e ele riu alto, me puxando pra mais perto.

— E você, Jeon Jungkook, é a perdição da minha existência desde que pus os olhos em você na escola. Me deixe te amar, por favor.

E então nos beijamos outra vez, e novamente eu podia sentir que aquela noite éramos infinitos.

notas do autor:
oi! faz tempo que não escrevo algo, por isso perdoem os erros desse pobre escritor, ainda tô meio enferrujado, sejam gentis ok? talvez essa oneshot pequeninha não tenha tanta repercussão, mas adorei escrevê-la. obrigado a quem leu e deu voto, espero que tenham se sentido acolhid*s lendo, até a próxima <3