Pé na estrada

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Já parou para pensar como as coisas puderam dar tão errado? Onde foi que você errou? E o que poderia ter sido diferente? No final escolhas são só escolhas, mas as consequências delas pode ser algo aterrador.
Nunca vou me esquecer de quando as coisas começaram a dar errado, foi a mais ou menos a dois anos atrás, eu havia recém me formado no ensino médio, era jovem, insegura e ingênua.
  A convivência com meus pais já não era fácil antes, mas desde a formatura tem piorado, a pressão constante para que eu entre em uma faculdade foi o maior motivo da maioria das brigas. Como se a pressão não fosse o suficiente, ainda tinha a comparação com meu irmão mais novo, ou o "prodígio" da família como meus pais gostam de chamar. Peter tira notas boas na escola, é bonito, tem muitos amigos e mesmo tendo só 14 anos é talentoso em tudo que de propõem a fazer, ele é o meu completo oposto.
  Na tarde passada meus pais e eu estávamos tendo mais uma de nossas discussões rotineiras, mas quando meu pai levantou a voz e me disse que ou eu tomava juízo e começava uma faculdade ou não teria mais lugar para mim naquela família, eu explodi, sai pela porta levando somente minha bolsa, as chaves do meu carro e a roupa do corpo. Eu estava farta de tantas brigas e comparações, se ele não me queria mais naquela família, então eu também não faria questão de estar nela.
  Em meio as emoções a flor da pele, peguei meu carro e sai pela estrada rumo a fora, dirigi o mais rápido que pude e para o mais longe que pude e foi assim que acabei parando na minha situação atual, no meio do nada, sozinha a noite, o pneu do carro havia furado e eu não tinha um reserva para a troca.
Foi uma decisão idiota que tomei mais cedo eu sei, era só mais uma discussão, eu sei que meu pai não estava falando sério, ele provavelmente iria voltar atrás em suas palavras e me pedir desculpas, ele sempre pede, tudo que eu precisava fazer era ter saído e esfriado um pouco a cabeça, mas no fim acabei me comportando de maneira infantil e acabei assim.
  Continuar chorando o leite derramado não me levaria a nada, eu tomei uma decisão e agora estava arcando com as consequências dela, eu precisava pensar bem no que iria fazer daqui para a frente.
  Peguei meu celular na esperança de conseguir sinal, quem sabe eu pudesse chamar um guincho, mas infelizmente minhas tentativas foram em vão, não havia sinal.
  Nesse momento noto uma caminhonete se aproximando de meu carro. Ela para bem perto de onde eu estava. Dentro dela tinha um homem, um velhinho com idade o suficiente para ser meu avô. Ele me olhou com aqueles olhos grandes e falou com a voz meio rouca:
- Não é seguro por essas bandas a noite senhorita.
- O que o senhor quer dizer com isso?
- Sabe, tem havido muitos desaparecimentos por essa área, eu não acho prudente que você fique muito tempo parada ai, se é isso que planeja.
- Desaparecimentos? Mas como?
- Alguns dizem que é uma ceita a responsável por isso, outros uma gangue e os mais surpersticiosos dizem que os fantasmas com assuntos pendentes finalmente resolveram acertar as contas.
- O senhor está tentando me assustar?
- De forma alguma senhorita, só estou  respondendo a pergunta que me fez. De qualquer forma eu tenho que continuar minha viagem. Vejo que a há um problema com seu carro, precisa de uma carona?
- Eu não tenho certeza, acho que posso ir andando até a cidade vizinha.
- Eu acho que não pode, ela fica a 200 quilômetros daqui.
- Tudo isso?! - falei com espanto.
- Infelizmente sim, você não faz ideia de onde está, não é mesmo?
- Eu sei sim! Pelo menos é isso que eu espero... - sussurrei a última parte em um tom quase inaudível.
- Olha, tem um hotel daqui uns 50 quilômetros, nada muito grande, apenas um pequeno hotel familiar, eu poderia te dar uma carona até lá, eles tem um telefone fixo que costuma ter sinal, você poderia chamar um guincho para seu carro de lá.
  Eu estava hesitante em entrar no carro de um estranho, mas sinceramente que escolha eu tinha? Ficar no meio da estrada a espera de um milagre?
  Contrariando todos os meus instintos eu aceitei a carona. O caminho foi calmo e sem muita conversa, boa parte do trajeto eu apenas fiquei focada em olhar para a estrada enquanto os minutos passavam.

  Em dado momento da viagem ouvi meu celular apitar, olhei rapidamente e vejo uma mensagem de meu pai: "Hope onde você está? Estamos todos preocupados com você! Volte para casa filha!", não posso negar que fiquei um pouco mexida com essa mensagem,...

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  Em dado momento da viagem ouvi meu celular apitar, olhei rapidamente e vejo uma mensagem de meu pai: "Hope onde você está? Estamos todos preocupados com você! Volte para casa filha!", não posso negar que fiquei um pouco mexida com essa mensagem, mas decidi ignorar, afinal não é como se desse para voltar agora.
  Não muito tempo depois o senhor ao volante estaciona em frente a um hotel, ele era pequeno e não parecia muito conservado, mas ainda sim era melhor do que a estrada onde eu estava antes.
  - Aqui estamos, o dono do hotel é um velho conhecido meu, diga que eu te mandei lá, isso fará com que ele te de um bom desconto caso resolva passar a noite aqui, a propósito meu nome é Ben.
  - Fico grata por tudo que fez Ben, meu nome é Hope. Acho que é aqui que nossos caminhos se separam.
  O homem estende sua mão para mim, eu a pego e damos um breve aperto de mãos. Desço do carro e observo enquanto a caminhonete de Ben da a partida e volta para a estrada.
  Meu telefone faz outro barulho, era mais uma mensagem, mas dessa vez era de minha mãe: "Meu bem você sabe como seu pai não pensa no que fala as vezes, por favor volte para casa, eu prometo que faria seu prato favorito todos os dias pelos próximos meses, nós te amamos e estamos muito preocupados!" Meu coração pesou por estar fazendo minha família sofrer assim, mandei uma mensagem de texto para minha mãe, porém ela deu erro e não chegou a ser enviada, o sinal já estava um pouco melhor, mas não o suficiente para que eu pudesse mandar uma mensagem com sucesso, isso era frustrante.
  Sem mais escolhas acabei por entrar no hotel e ir até o balcão da recepção.
- Olá, boa noite. Eu poderia usar o telefone de vocês emprestado?
- Infelizmente estamos com problemas no nosso telefone fixo.
  - Não teria nenhum outro que eu pudesse usar? Meu pneu furou na estrada e eu realmente precisava chamar um guincho!
  - Sinto muito moça, a tempestade está chegando, nessa época do ano o sinal é sempre uma porcaria.
  - Tempestade?
  - Sim, assim como todo ano. Você não é daqui é?
  - Eu não sou, bem de qualquer forma o que eu deveria fazer agora?
  - Talvez passar a noite seja a melhor opção.
  - Mas eu não tenho muito dinheiro para o quarto, além disso Ben me disse que o telefone daqui teria sinal...
  - Ben? - o homem me interrompe.
  - Sim, um senhor muito gentil que me deu uma carona.
  - Entendo, então seu quarto será por conta da casa. - o homem diz me entregando uma chave.
  - Mas...
  - Se você é uma amiga do Ben, então é minha também. Sinta- se em casa!
  Eu não diria que era bem uma amiga de Ben, mas antes que eu pudesse protestar a porta atrás de mim de abre, por ela entra um homem alto e extremamente magro.
  - Oh Cris meu filho, você chegou em boa hora, porque não guia a nossa nova hóspede até o quarto dela?
  O homem balança a cabeça em sinal de afirmação, porém não diz nada. Ele me guia por um longo corredor, até chegar em frente a uma porta diferente de todas as outras do corredor, todas as portas eram brancas, mas essa era azul. Achei tudo aquilo muito estranho, mas antes que tivesse a chance de perguntar algo, aquele homem saiu sem dizer uma palavra.
  Assim que abri a porta do quarto, um cheiro de mofo invadiu minhas narinas, o ambiente não era muito grande, tinha apenas uma janela pequena, sem cortinas, uma cama grande e um guarda roupa.
  Entrei e deixei minha bolsa ao lado da cama, não tinha muita o que olhar pelo quarto. Vencida pelo cansaço deite na cama e tentei dormir um pouco.
  Em determinado momento da noite eu acordo quando ouço um barulho em minha janela, olho rapidamente e tenho a impressão que vi alguma coisa ou alguém passando do lado de fora. Pego meu celular, o relógio marcava 2:50, eu ainda não tinha sinal, entretanto uma mensagem do meu irmã havia chegado enquanto eu dormia, sem hesitação a abri: " Mana cadê você? Volta para casa, nosso pai já é meio gagá e você sabe, não deveria dar ouvidos ao que ele diz com aquela boca grande! Nós amamos muito você! E eu sei que ele não vai admitir depois, mas ele está aos prantos desde a última discussão de vocês, ele só quer que você volte para casa, isso é o que todos queremos. Eu não sei onde você está agora, mas volta logo, ok?". Nesse momento eu comecei a refletir nas escolhas erradas que fiz, eu errei muito até aqui, então se eu quero voltar para a minha família... Não poderei continuar errando!
  O que eu deveria fazer a seguir?
[ Você está prestes a fazer sua primeira escolha, leia o capítulo com o título de sua escolha ]

{Explorar os arredores do hotel em busca de pistas ou do alguém misterioso em sua janela}

Ou

{ Voltar a dormir }

Lembrando que não existem escolhas erradas, elas apenas irão alterar o seu final da história :)

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⏰ Última atualização: Sep 21, 2022 ⏰

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