— Sente-se aqui. - Marientte indicou o lugar logo abaixo de uma árvore de tronco grosso e copa robusta, do lado de fora do prédio, no belo jardim de gramado esverdeado brilhante e brisa fresca calorosa.
Tão diferente do frio adoecido que rondava e os separava.
Com um afirmar de cabeça, Adrien sentou-se acompanhado por Marinette ao seu lado encostando as costas no tronco, sem se importar se sujaria ou não suas roupas.
— Adrien, eu...
— Espera. - o rapaz soprou o ar nervoso. - Eu quero muito ouvir o que você tem a dizer, Marinette, de verdade, mas por favor se for pra me afastar mais ou pedir qualquer coisa que envolva ficar distante de você, eu te imploro pra não fazer isso. Mesmo que você já tenha o feito sem ao menos me dizer, apenas se afastando de mim em silêncio.
— Adrien!
Ele virou-se encarando diretamente o olhar azul da Dupain-Cheng como um pedido que saía de todo seu coração, pondo sua mão sobre a dela, que encontrava-se sobre a grama.
— Não sei o porquê você parece tão distante, o porquê seu olhar evita o meu, ou o porquê ele reluz com tanta tristeza. Eu não sei, mas seja o que for, eu posso fazer de tudo pra mudar isso, pra fazer você olhar pra mim como olhava antes, pra te ver sorrir de um jeito que faz meu coração bater mais rápido, e pedir internamente pra que eu possa te ver sorrindo sempre pra mim, porque eu sei o quanto eu amo te ver assim, o quanto isso me faz feliz. E eu te imploro por desculpas se te fiz ou falei algo errado, eu juro que se errei foi sem querer, sem ter qualquer intenção de te machucar. - ele soltou o ar, enchendo os pulmões logo em seguida para voltar a falar de maneira aflita e desesperada. - Céus, eu jamais faria algo pra te ferir, nunca propositalmente, mesmo se quisesse eu não poderia fazer mal logo a você, eu jamais me perdoaria. Então se eu fiz algo me diga, mas pelo amor de Deus não me afaste mais de você. Por favor, Marinette, me dê uma única chance de estar próximo a você. Este é agora e para sempre o meu mais sincero pedido.
Agoniado em suas palavras e perdido em seu próprio receio, olhou para baixo ao segurar o choro pelo sua respiração pesada. Adrien mal havia reparado no olhar surpreso acompanhado por lágrimas, as quais Marinette não se importava em esconder, aquela mesmas lágrimas dolorosas de culpa que ela tanta escondia, em um castigo contínuo daquele inferno que ela havia criado para si mesma, por culpar aquele amor que só a fazia sorrir, quando achava que não era merecedora daquele sentimento tão puro.
Mas Adrien estava ali, apertando sua mão com ansiedade, enquanto fungava sem coragem para olhá-la, declarando que queria estar ao lado dela, que faria de tudo só para vê-la sorrir, porque ele também a amava, porque ele não suportava mais sofrer por um castigo que não era dele.
Alya estava certa, não era seu sentimento por Adrien o motivo de seus erros, era o quanto Marinette evitava sentir e admitir aquilo para ela mesma e para ele. Porque ela era imatura, uma tola que não sabia lidar com suas próprias emoções, sem tornar aquilo um caos completo, como uma bola de neve, que só aumentava de forma e rolava descontroladamente.
O olhar fixou-se nos fios dourados polidos pela luz do Sol, ao levar a mão livre, afundando os dedos para o cabelo macio e aquecido de seu único amor.
Ela soube naquele momento, deslizando a mão ternamente para o rosto do loiro, ao levantar a cabeça para encará-la com as íris esverdeadas clamantes por um perdão, para ela tão injusto.
Em um movimento rápido, ela se jogou para ele abraçando com força. Adrien ofegou, surpreso pelo gesto repentino. Mas ele não tinha motivos para duvidar daquilo, quando tudo o que mais queria era poder senti-la novamente próxima a si. Por isso, sorrindo como um tolo, ele a abraçou de volta envolvendo Marinette com um braço apertando sua cintura com a mão, enquanto a outra se dividia entre a nuca e os fios sedosos de seu cabelo preto-azulado.
— Me desculpa...me perdoa...- ele a ouvia dizer baixinho aquelas palavras carregadas de arrependimento.
— Tá tudo bem, Marin...
— Não tá! Você não teve culpa, você nunca teve culpa por nada disso. Eu fui uma idiota que tentou se afastar de você, porque eu queria me proteger ao mesmo tempo que me castigava por eu estar com medo de me machucar, e machucar você, sem perceber que só estava te ferindo. Porque esse fardo é pesado demais pra mim.
Sentido-a agarrar sua camisa com força, Adrien a apertou mais naquele abraço a acalentando em seus braços, para que a dor que ela transmitia em suas palavras pudesse passar para ele, para que ele pudesse ao menos um pouco aliviar aquele fardo que ela tanto dizia sentir.
— Eu conheço você, Marinette. Eu sei que você jamais machucaria alguém de propósito, mas porque você tem tanto medo de me machucar? Pelo o que?
A Dupain-Cheng se afastou sentando sobre os joelhos enquanto ele apoiava as mãos em seus ombros, observando-a secar as lágrimas com as costas das mãos trêmulas.
Tomando coragem ela levantou o olhar. As íris azuis atormentadas brilhavam com uma intensidade melancólica.
Adrien sentiu o olhar dela o quebrar por dentro.
— Porque...porque eu amo você, Adrien! Desde que eu te conheci, eu só amei você! - tremendo sob as mãos do Agreste ela declarou.
O rapaz soltou ar pela boca, tentando controlar a própria respiração descompassada.
— Você acha que me amar vai me machucar? É disso que você tem tanto medo?
— Tenho medo que... esse amor acabe ferindo você e eu jamais poderia...poderia viver com isso.
Adrien a agarrou novamente como uma promessa de que ele jamais a soltaria, abraçando seu corpo pequeno contra o seu, para que o calor dele pudesse chegar até ela.
— Seu amor nunca vai me fazer mal, Marinette, porque durante a minha vida inteira, você e o seu carinho por mim me trouxeram até aqui. Eu não seria nada sem tudo o que você fez por mim, quando ninguém mais conseguia me enxergar da mesma maneira como você me via, como aquele menino solitário que precisava ser ouvido, que precisava de alguém para que ele parasse de ser tão só. E você foi esse alguém. Você é esse alguém que eu tanto implorei para ter. Você me viu com seus olhos azuis doces quando ninguém mais via quem eu era de verdade.
— Adrien...você...
— Eu amo você, Marinette. E por mais que eu ainda não entenda direito do que você tem tanto medo, eu vou estar aqui pra te ouvir, quando seus ombros estiverem pesados demais, pedindo para que você divida esse peso comigo. E quando você desabar, eu vou te segurar, porque você nunca vai cair sozinha. - se afastou levemente para olhá-la com as palmas da mãos afastando com carinho os fios azuis que grudaram em seu rosto por conta de suas lágrimas. Sorriu com gentileza. - Tudo bem você ficar medo, porque enquanto eu estiver aqui eu vou fazer de tudo pra te proteger e te amar, só pra te mostrar que você não precisa temer nada no mundo quando estiver comigo.
Marinette ofegou ao sorrir emocionada enquanto Adrien secava, tão cheio de ternura, suas lágrimas.
— Posso ficar ao seu lado? - ele encarou as íris azuis reluzentes, como uma criança inconsolável.
— Pode...Claro que pode! - ela segurou as mãos dele sobre seu rosto, sorridente.
Aquele sorriso amoroso que ela sempre teve, os olhos cheios de vida como ele se lembrava.
Exatamente como ele se lembrava.
A Marinette Dupain-Cheng que ele conhecia de volta a alma daquela garota de suas memórias mais felizes, sorrindo para ele como sempre sorria, olhando para ele como sempre olhava.
A Marinette que ele tanto amava.
Ela tornou a abraçá-lo, aninhando-se a Adrien a procura de seu carinho, daquela gentileza que só ele tinha.
A franco-chinesa sabia que não poderia dizer a ele quem realmente era, pelo menos não ainda. No entanto, Adrien estaria ao seu lado, sempre que precisasse, mesmo que ela ainda não soubesse que ele também estaria ali do outro lado da máscara. E uma dia ela diria a ele a verdade, mas enquanto esse dia não chegasse, Marinette sabia que Sol poderia derreter com todo seu calor aquela bola de neve sem controle.
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Close to You
Fanfiction{TWO-SHOT} Adrien sabia que ela estava distante, por algum motivo que ele não entendia, por mais que tentasse desesperadamente descobrir. Mas aquela razão a Dupain-Cheng jamais o revelaria. Ele, em hipótese alguma, saberia que o real motivo para aq...