Prólogo

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Me sentei ao lado de Matheus em uma das cadeiras de madeira, tudo naquela sala parecia ser friamente calculado para passar uma imagem de clássico, olhei para o advogado relativamente jovem que estava sentado a nossa frente, Orion Abernart. O cabelo preto, pele pálida e olhos puxados, a aparência asiática deixava o rosto levemente quadrado e expressão séria.

Por um instante uma luz se acendeu em minha mente, Orion, eu conhecia aquele nome. Não era um nome fácil de se esquecer.

Oitavo ano do ensino médio. Mateus parou na minha frente com o joelho ralado e o cabelo bagunçado, a bochecha esquerda estava levemente arranhada.

─ O que aconteceu? – Perguntei me aproximando para ver seus machucados.

─ Orion me empurrou, aquele babaca, eu quase caio da escada, precisei me segurar para não sair rolando.

Olhei novamente para Matheus, o cabelo marrom escuro levemente comprido caia sobre seu rosto e escondia um pouco dos olhos, a pele morena estava vermelha e olhos castanhos escuros estavam segurando lagrimas de irritação. Toquei o pequeno curativo que minha mãe havia feito em um hoje mais cedo, Orion havia me empurrado e pego meu dinheiro, o dinheiro que eu estava economizando para poder comprar uma palha italiana para dar de presente para Matheus.

Orion era um valentão, que não tinha amigos de verdade e por isso pegava no pé dos mais fracos, quando reclamei para minha mãe ela disse que talvez ele estivesse apenas frustrado com a própria vida e por isso descontava nos outros, me disse para avisar para os professores e que tudo se resolveria, mas quando contei para a professora ela simplesmente me disse a frase.

"Querida, Orion só implica com você porque gosta de você. Esse é o jeito dele de demonstrar carinho. "

Quando contei para o meu pai o que ela tinha dito, meu pai me olhou com seriedade e falou

"Se ele empurrar ou bater em você de novo, você vai bater de volta com toda a força que conseguir. E se sua professora reclamar eu vou lá resolver. "

Eu não queria ter que chegar a isso mas fiquei muito irritada, nenhum adulto fez nada enquanto Orion empurrava e batia nas outras crianças, ele nem era tão grande assim, só que para ele podia bater em qualquer um sem consequências.

Me levantei irritada, com Mateus em meu encalço caminhei até Orion. Ele estava sentado rindo de Mateus. Fechei o punho e acertei com o máximo de força que consegui no rosto dele. Orion caiu para trás, seus amigos arregalaram os olhos e se afastaram levemente, sem saber como reagir.

─ Eu já cansei de você. Se bater em mais alguém aqui, vai apanhar de mim, está ouvindo? – Gritei e chutei sua perna.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa mãos fortes me tiraram de perto de Orion e arrastaram Mateus junto comigo.                         

No resumo da história, eles penalizaram a mim por ter batido em Orion, meu pai ficou muito irritado afinal eu só estava me defendendo e defendendo meu amigo, depois de uma enorme confusão causada por ele, o diretor da escola resolver também penalizar Orion.

Depois disso Orion não foi mais problema no curto tempo em que estudamos juntos, mas eu tinha certeza de que ele passou a me detestar desde então. 

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