Pansexual

Chega das piadas de mal gosto, elas não tem graça

Bakugou estava cansado. Ele sentiu que poderia explodir Monoma sem sequer se importar com a bronca que receberia depois.

O garoto da classe 1-B era insuportavelmente chato, sempre pegando no pé de Katsuki devido a sexualidade do garoto. As mesmas piadas, os mesmos comentários, as mesmas dores de cabeça. Se não fosse por Kirishima o segurando, com certeza Monoma já não estaria mais presente entre os vivos.

Era tão irritante quando o loiro do 1-B abria a maldita boca para começar a soltar comentários desagradáveis, que Bakugou não sabia como havia aguentado. Porém, todos tem um limite, e o de Katsuki já tinha sido extrapolado há algum tempo, nem mesmo os pedidos de Kirishima fizeram o loiro furioso se acalmar.

O ruivo suspirou derrotado, sentando-se na cadeira, próximo de Shouto, Izuku, Sero, Kaminari e Ashido, quando Bakugou avançou contra Monoma, agarrando o garoto pela gola do uniforme, fazendo questão de jogar o menino no chão.

─ Escuta aqui, seu merda. - Comecou rangendo os dentes, encarando o garoto com ódio. - Eu tô cansado dessas piadas escrotas com a porra da minha sexualidade, entendeu?

─ Mas você vai mesmo negar que bate uma pras panelas da sua casa? - Monoma perguntou com deboche, engolindo em seco quando Bakugou se aproximou ainda mais. - Ou então que você sai por aí fazendo sexo com plantas ou pandas? - Continou a dizer, mesmo que o medo gritasse para correr.

Midoriya tentou levantar para parar o amigo de infância, mas foi segurado por Shouto, que apenas murmurou um "deixe que ele resolva isso", sendo o suficiente para parar o esverdeado. Só que para a surpresa de alguns, o loiro riu, negando de maneira frenética com a cabeça, enquanto se ajoelhava em frente ao garoto. Kirishima pode sentir o clima ficar tenso, porque Katsuki rindo não era um bom sinal.

─ Mais alguma coisa a acrescentar? - Perguntou encarando Monoma.

─ Sempre. - O outro rebateu, sentando-se corretamente no chão. - Isso que você chama de sexualidade não passa de um nome bonitinho para suruba, e que na verdade, você é um gay mal compreendido.

─ Incrível como alguém tão idiota como você tenha passado em uma escola como a U.A. - Katsuki grunhiu resposta, e apoiou a mão no ombro esquerdo do garoto, procurando Midoriya no refeitório. - Ei, Deku, encontrei alguém ainda mais idiota que você!

Com uma força surpreendente, Bakugou arremessou Monoma contra uma mesa vazia, e caminhou até o garoto.

─ Você é insuportavelmente chato, garoto. - Resmungou agarrando-o pela gola do uniforme outra vez. - A pansexualidade é caracterizada pela atração sexual ou amorosa entre pessoas, independentemente do sexo ou identidade de gênero. - Bakugou disse voltando a arremessar o garoto, dessa vez jogando-o próximo a saída do refeitório. - A palavra pansexual deriva do prefixo grego pan-, que significa "tudo" ou "todos". E na forma mais simples, para você entender, pansexualidade denota o potencial de atração sexual por todos os sexos ou gêneros.

O refeitório todo estava em silêncio quando Bakugou parou próximo a mesa onde estava, encarando Monoma com raiva. Ele apertou as próprias mãos, sentindo pequenas explosões pelas palmas suadas.

─ Enfia na droga da sua cabeça, não é porque Eijirou e eu estamos em um relacionamento, que isso me faz ser menos pansexual. - Disse apontando para o ruivo corado. - Suas piadas são tóxicas, e pode apostar que elas afetaram outras pessoas que estão aqui nessa porra de refeitório. - Gritou, as explosões nas mãos ficando mais fortes a cada palavra . Tsuyu se encolheu ao lado de Uraraka, sabendo que Bakugou falava de si. - Não é porque eu sou pansexual, que sinto tesão por panelas, plantas ou pandas, maldito!

Monoma limpou o canto da boca, pronto para retrucar, mas ao encarar Kendo, ele desistiu.

─ Seu desgraçado, a minha sexualidade não é um nome bonito para suruba. - Gritou irritado, socando a mesa. - Eu me apaixono por sorrisos, por atitudes, por gestos; mesmo que sejam os mais simples, por bons momentos! Eu me apaixono por pessoas! - Grunhiu exausto daquilo, cansado das piadas e dos comentários. - Não é porque você não entende o que é pansexualidade, que você tem que julgar ou fazer piadas de mal gosto.

─ Kacchan...

─ Cala a boca, Deku maldito, eu não acabei. Faz tempo que eu tô aturando toda essa merda de boca fechada porque o Eiji pediu, mas não dá mais! - Grunhiu encarando o esverdeado, logo buscando o olhar de Kirishima, que mesmo preocupado o encarava com orgulho. - Espero que todos aqui entendam de vez: Pansexualidade existe sim, pansexuais tem sentimentos sim, não é porque eu posso sentir atração por todos os gêneros, que vou trair meu namorado. Sexualidade não faz o caráter de ninguém, porra! - Gritou uma última vez, andando até Monoma. 

Ele chutou a perna do garoto, colocando-o de pé ao lado de Aizawa que estava ali à algum tempo. Bakugou apenas encarou Kirishima, acenando rapidamente para o namorado. Os alunos voltaram a conversar normalmente, procurando não comentar sobre o ocorrido.

─ Vlad está te esperando no dormitório, e o diretor está com ele. - Aizawa murmurou com o típico tom entediado, esperando que Monoma seguisse o caminho até o dormitório da classe 1-B. - Quanto a você, Kats-

─ Eu sei, inferno. - O loiro resmungou seguindo Aizawa pelo corredor. - Limpeza do dormitório por duas semanas. - Grunhiu irritado.

─ Três semanas. - O mais velho murmurou. - Se não tivesse arremessado Monoma na mesa, seria apenas uma semana. - Disse com um sorriso discreto nos lábios. - Use esse tempo para controlar seu estresse. - Suspirou ao chegarem no dormitório que pertencia a classe 1-A. - E nada de dividir o quarto com o Kirishima por três dias. Pode começar a limpeza, e evite se atrasar para o treino da tarde. - Aizawa murmurou tocando o ombro do garoto antes de sair, rindo discretamente ao escutar Bakugou praguejar. - Olha a boca, Katsuki.

─ Porra!