Alison Botha, a mulher que sobreviveu a dezenas de facadas

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O crime contra Alison Botha, então com 27 anos, ocorreu em 18 de novembro de 1994, na cidade de Porto Elisabeth, África do Sul. A garota e um grupo de amigos passava o final de tarde na praia, já que a cidade fica em uma baía e é bem comum que seus moradores encontrem opções de lazer à beira mar.

Após voltarem da praia os amigos encerraram a reunião tomando sorvete na casa de Alison. A partir daí se dispersaram. Enquanto alguns foram embora, a amiga de Alison permaneceu com ela, com a promessa de levá-la para casa à noite.

Tarde noite, entre 22h e 00h, Alison e amiga saem em direção a casa dela, tudo corre bem e ela deixa a amiga em segurança. Na volta para casa, Alison percebe que a vaga em que costumava deixar seu carro já estava ocupada e ela precisou dar algumas voltas no quarteirão até conseguir estacionar em um local mais afastado.

Alison estacionou o carro, desceu, abriu a porta de trás para pegar alguns pertences e roupas. Rapidamente ela percebeu que a porta do passageiro havia sido aberta e um homem entrou no carro, armado com uma faca, e disse para ela não se mover.

Alison ainda conseguiu agir com calma nesse momento, ela seguiu as instruções do criminoso e embarcou no banco do carona e ele ocupou a direção. Enquanto dirigia, o homem se apresentou como Clinton – posteriormente identificado como Frans du Toit – e na tentativa de tranquilizá-la disse que não tinha intenção de matá-la e só precisava de seu carro.

Alison chegou a propor que o homem levasse seu carro, todo o dinheiro que ela tinha consigo e a deixasse na estrada, ele negou e continuou a dirigir até encontrar um homem parado em uma calçada. Esse seria Thenus, que embarcou no banco de trás do veículo.

 Esse seria Thenus, que embarcou no banco de trás do veículo

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Foto de Frans e Thenus~

Ao chegar em uma área rural, Clinton parou o carro e os dois mandaram Alison descer, neste mesmo local abusaram sexualmente da garota. Quando se deram por satisfeitos, um dos homens passou a enforcar Alison enquanto ela suplicava por sua vida.

Enquanto desmaiada, a vítima foi esfaqueada 35 vezes no abdômen, ela parecia morta. Ao se afastarem do corpo, Thenus percebeu que o joelho de Alison ainda se movia e voltou a feri-la, desta vez, esfaqueou seu pescoço por mais 17 vezes fazendo com que sua cabeça ficasse quase que separada do corpo. Os homens fugiram e ela foi deixada ali praticamente morta.

De alguma forma milagrosa, Alison Botha ainda estava viva e consciente apesar do corpo retalhado e da grande quantidade de sangue que perdeu. Ela começou a rastejar até a estrada, quando percebeu que alguns de seus órgãos abdominais estavam para fora e precisou cobri-los com a blusa fazendo uma espécie de sacola para mantê-los junto a sua barriga.

Nenhuma das facadas atingiu partes vitais do corpo, e a descarga de adrenalina impediu que Alison sentisse dor e se desse conta do quanto estava ferida do quadril para cima. A via aérea de Alison estava dilacerada, o que favoreceu sua respiração foi um dos buracos feitos em seu pescoço que acabou levando ar para seus pulmões.

Ao chegar na estrada, Alison precisou se deitar no asfalto e torcer para que alguém lhe ajudasse. O primeiro veículo que passou, ao ver seu estado decidiu não parar. Logo em seguida, um segundo veículo parou e a pessoa ao ver o estado de Alison começou a vomitar. O serviço de emergência finalmente foi acionado, mas só chegou após 1h.

Ao chegar no hospital, Alison resistiu bravamente, superando todas as expectativas para seu quadro de trauma. Diversas cirurgias precisaram ser feitas, seu pescoço precisou ser costurado. Quando ganhou alta, seu corpo estava em perfeito funcionamento mas as lacerações em seu útero fizeram os médicos concluírem que ela jamais poderia engravidar.

Theuns Kruger e Frans du Toit, os dois criminosos envolvidos, foram capturados e se declararam culpados de oito acusações, que incluíram sequestro, estupro e tentativa de homicídio. Em agosto de 1995, foram sentenciados a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

Após sua recuperação, Alison decidiu que precisava contar sua história para o mundo, principalmente porque isso a ajudaria a superar seus traumas emocionais. Ela viajou para mais de 35 países trazendo a violência sexual como pauta em regiões onde isso ainda é um tabu social.

Desde então, a jovem escreveu dois livros. Em 2016, sua história de sobrevivência ganhou vida no filme “Alison”. E hoje, ela ainda é considerada uma das palestrantes motivacionais mais inspiradoras do mundo.

Atualmente, Alison Botha é mãe biológica de dois filhos, superando mais uma barreira já que era clinicamente impossível engravidar.

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