Capítulo 6;

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O carro foi lentamente freado, e ele acabou por virar o volante, estacionando bem no acostamento da calçada. Alguns civis curiosos que transitavam captaram sua chegada, ao chamar bastante atenção pelo veículo de aparência cara, além da face dotada por uma carranca natural de se ter.

Principalmente, por estar fazendo algo que não queria estar fazendo.

Derrotado pela sua própria teimosia e caráter duvidoso, Satoru suspirou pesado, por fim batendo a porta do motorista com força. Em seguida, os olhos azuis varreram todo o perímetro, sedento em encontrar o suposto hospital comunitário no qual sua mãe comentou, e onde possívelmente, ele reencontraria Utahime.

Sua curiosidade mundana se fixou em um portão de ferro antigo, já maltratado e oxidado, com alguns arranhões, preso a um muro tão alto e proporcional ao seu tamanho. Ele soube que deveria se tratar do tal local, e sem esperar mais um segundo sequer, pois não desejava perder seu precioso tempo, resolveu aproximar-se, pondo ambas as mãos no bolso do seu sobretudo escuro.

Um caseiro à paisana, ou talvez se tratando apenas de um segurança, porteiro ou coisa assim, notou sua chegada, e quase imediatamente veio atendê-lo.

— Bom dia, posso ajudá-lo? — sem abrir o portão, o estranho saudou, definitivamente vestido em vestimentas muito comuns para ser um guarda qualquer.

— Utahime Iori. — Satoru disse o nome dela, rígido e sem arrodeios, depois torceu os lábios, deixando o outro confuso. — Eu sei que ela está aí, chame-a, quero falar com ela.

— Oh, eu não lembro desse nome, ela é uma enfermeira ou?

— Eu não sei, só a chame logo.

— Certo, eu verei o que posso fazer, por favor aguarde. — ao rolar os olhos, o homem de cabelos prateados agradeceu ironicamente por ver que o convenceu. — Mas, da parte de quem deseja falar?

Satoru primeiro repensou se seria uma boa ideia dizer seu nome logo de cara, o que não viria a calhar, tão quanto, sua péssima reputação em virtude dos seus atos e da sua família. Por esta razão, apenas sorriu em desdém, buscando seus cigarros do bolso superior do sobretudo, posto a fumar um em silêncio, acabando por fazer o guarda estranhar sua demora na resposta.

O som do trago se camuflou com sua voz pesada assim que ele disse: — Ela vai saber quem sou eu, por isso, traga-a até aqui.

[...]

— Um homem está procurando por mim?

Utahime tinha suas mãos embaixo de uma torneira aberta, no amplo de uma enfermaria um pouco desgastada e velha, com equipamentos e camas não tão alvos e bem cuidados como deveriam ser. Depois de ter sido interrompida de sua tarefa, por outra enfermeira, de nacionalidade Holandesa, a qual chegou lhe dizendo que um certo alguém tinha vindo procurar-lhe, ela ficou um pouco ofegante pela notícia.

A outra mulher continuou contando tudo que lhe havia sido informado sobre o tal homem, desde suas características físicas e pedido para vê-la imediatamente.

— Como?! Cabelo branco e olhos azuis?! — após traduzir a fala mansa dela para sua própria língua nativa, Utahime respirou fundo, com os olhos arregalados. — Ele ainda está lá fora?!

Em afirmação, a enfermeira acenou positivo com a cabeça, preocupada com a reação de Utahime diante da situação.

— Escute, não o deixe entrar, ouviu?! Diga que eu não estou! — talvez fosse um medo irracional, mas ela se movia apressadamente durante sua fala, enxugando as mãos na sua saia branca. — Ele é perigoso, entendeu?! Não o deixem entrar!

Após descobrir o suposto "motivo" pelo qual Utahime se recusava a recebê-lo, a mulher concordou imediatamente, balbuciando palavras embaralhadas sobre perigo e medo em holandês. Àquele ponto, a mesma não fez questão de tentar entendê-la.

𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐎𝐋𝐈𝐆𝐀𝐍 - 𝐆𝐎𝐉𝐎𝐇𝐈𝐌𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora