Um grito na noite
Ray e Asheed saíram do vilarejo a pé. De acordo com Rohn, levaria dois dias para chegarem até o ponto de encontro, no norte do reino.
Ambos seguiam o caminho em silêncio. A mente de Ray ainda estava muito longe, pensando na mãe e no pai, quando olhou para Asheed e sentiu que alguma coisa estava faltando, mas não conseguia se lembrar o que era. Quando Asheed percebeu o olhar, aproveitou para quebrar o silencio.
- Família é um negocio complicado, não?
- É, bem complicado...
- Foi impressão minha, ou os olhos dela-
- Não foi impressão sua meu caro elfo, não foi, mas não me pergunte o que viu porque nem eu sei o que vi. Só sei que ela não me falaria mais nada. Ela nunca me fala nada.
Ray sentou em um tronco caído, e tampou o rosto com as mãos.
- Porque ninguém me conta nada, será que é tão difícil assim.
Asheed sentou ao seu lado e passou o braço por cima de seu ombro. Ray olhou para Asheed, querendo reclamar da proximidade mas esse olhava tão intensamente no fundo dos seus olhos que ficou simplesmente sem reação.
- O que você está sentindo agora? Raiva?
-Eu estou cansado Asheed, com raiva, com medo, não sei se vou conseguir cumprir essa missão com a minha cabeça girando desse jeito.
Asheed levantou em um salto e se colocou na frente de Ray.
- Olhe aonde está, garoto raio. Você fez isso aqui sem nem saber que magia existia direito. Você é um prodígio Ray!
Ray olhou ao redor, e estavam exatamente na clareira em que o grimorio tinha aparecido. Ainda tinha alguns pedaços dos corpos e panos carbonizados ao redor.
- E tem mais Ray. Eu, Robin e Alek somos quase como uma família, sempre vamos estar prontos para te apoiar para o que der e vier - disse o elfo, se curvando.
- Na na não, pode parar com isso dai, por favor.
Ray se levantou e tirou o grimorio da bolsa. Abriu e folheou um pouco. Tinha várias magias novas.
"Provavelmente apareceram enquanto estava treinando, e acabei nem percebendo", pensou Ray. Isso o animou um pouco. Querendo ou não, magia o deixava muito intrigado e curioso. Mas a questão principal que mais incomodava era:
- Por que eu fui escolhido? E por que diferente dos outros?
Asheed coçou a cabeça e disse:
- Talvez por causa do seu pai? Difícil saber.
- Não acho que ele tenha a ver com isso. Bom, fazer o que, precisamos seguir em frente.
- É bom continuarmos a ir em frente LITERALMENTE pois já estamos um pouco atrasados atrás dos outros dois.
Ray se levantou e colocou a mão no ombro de Asheed.
- Obrigado por me acompanhar, essa jornada seria bem mais difícil sozinho. Conto contigo pra me manter na linha.
Asheed deu um sorriso envergonhado, corando.
- Não foi nada Ray, estou aqui para o que der e vier. Vamos em frente.
Com isso, seguiram caminhando pelo bosque. Ray conhecia o caminho até ali, mas como teriam que dar a volta no reino, o caminho que seguiram era um pouco desconhecido para ele. Acabaram seguindo em direção a oeste. Conforme iam avançando, a vegetação mudava. As arvores, antes altas e esbeltas, diminuíam cada vez mais de altura, e suas copas cada vez menos exuberantes. Os animais também ficavam cada vez mais escassos. De repente, Ray avistou uma sombra no horizonte e se assustou.
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O Mago Negro
FantasyRay é um garoto de um vilarejo humilde que acidentalmente se torna um mago em um mundo em que tais pessoas são raras. Por obra do acaso, um grande mal antigo decide despertar justamente agora, forçando Ray a se aventurar em uma arriscada jornada che...