Capítulo cinco;

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notas do autor:
só mais umas migalhas de changlix (q nem na vida real kkkkkrying)

[<3]

- Changbin-ssi?

Changbin virou o pescoço bruscamente - se arrependendo pela dor que causou - e levantou os olhos escuros para a voz, tirando seus fones de ouvido - agora remendados.

Naturalmente, ele ficaria tremendamente irritado por ter que parar sua música, especialmente naquele momento em que escutava uma composição antiga que gostaria de ajustar. Porém, ao observar os óculos redondos sobre o rosto sardento à sua frente, Changbin não sentiu nada além de um calor repentino.

- Você está bem? Está parado aí já faz algum tempo - Yongbok soltou uma risada divertida.

Changbin olhou para sua frente, observando a tela em branco e as tintas intocadas, e mordeu o lábio, meio envergonhado. Fazia algum tempo que a aula havia começado, e mesmo que a maior parte dos alunos já quase acabasse suas obras, Changbin simplesmente não conseguia encontrar inspiração para rabiscar nada.

Abriu a boca algumas vezes, sem saber o que responder, antes de deixar os olhos caírem para seu colo, onde suas mãos azuladas repousavam - um lembrete do fracasso realizado anteriormente.

- Você precisa de ajuda? - A voz naturalmente grossa suavizou, e o moreno não pôde deixar de sentir-se como uma criança tímida. De qualquer forma, ele assentiu, ainda de cabeça abaixada.

Yongbok andou para longe e Changbin o olhou apreensivo, achando que não tinha respondido alto o suficiente. Quase entrou em desespero antes de vê-lo voltar com um banquinho em mãos para sentar-se ao seu lado.

- Certo, hyung, qual a sua dificuldade? - analisou cuidadosamente as tintas e Changbin guardou os fones para prestar melhor atenção. - Posso te chamar de hyung, né?

O de cabelos negros assentiu, lutando contra um sorriso. Yongbok o olhava com tanta expectativa e preocupação que chegava a ser fofo.

- Eu, huh... - engasgou, sentindo as palavras escaparem de sua boca. Acabou rindo de vergonha. - Acho que é mais fácil perguntar qual não é minha dificuldade.

O loiro sorriu, caridoso, e pegou um pincel.

- Isso também pode ajudar.

- Hum? - Changbin franziu o cenho, não esperando que sua piada autodepreciativa fosse levada à sério.

- Hyung, eu vi seus traços no grafite, são muito bonitos - disse sem delongas, mergulhando as cerdas do pincel na tinta amarela de forma distraída. - Você costuma desenhar?

- Não muito, na verdade. - observou os dedos manchados remexerem a paleta. - Eu rabiscava um pouco na escola.

Yongbok soltou um murmúrio, mostrando que estava entendendo, enquanto misturava um vermelho à cor anterior.

- Eu não diria "rabiscos" - Yongbok sorriu, ajeitando os óculos. - Seus traços são finos como os de um tatuador profissional, é incrível para alguém que não pratica.

- Uh, sério? - O Lee assentiu, misturando verde claro e ciano em outro círculo da paleta. - Obrigado.

Assentindo, o loiro limpou os pincéis, realizando outras misturas. Suas mãos eram tão rápidas e naturais que Changbin quase não conseguia acompanhar.

- Na pintura à óleo, os traços finos são mais difíceis de realizar, então eu entendo sua dificuldade - entregou um pincel com tinta verde água ao mais velho, segurando outro com a cor laranja. - Quando eu comecei, eu só sentia frustração, porque era difícil me adaptar às técnicas.

- E o que você fez para se acostumar?

- Eu comecei pelo fácil, por desenhos simples. Eu precisava entender a parte simples antes de evoluir.

Changbin piscou forte, acenando a cabeça. Variou o olhar entre o sardento e a tela branca, meio confuso.

- E o que isso quer dizer? - perguntou, depois de muitos segundos de silêncio, o que fez Yongbok rir. Sorriu de volta e empurrou seu ombro no do pintor. - Vamos lá, não ri de mim. Você fala bonito e é difícil de entender.

Ele pôde notar um rubor nas bochechas pontilhadas com o que disse. Não comentou nada sobre, porém, deixando que Yongbok continuasse com sua explicação.

- No início eu deixei o contorno de lado, principalmente o fino, e evitei desenhar rostos, já que os detalhes são difíceis de acertar sem contorno.

O Seo assentiu, entendendo - verdadeiramente, dessa vez.

- E você pintava o que, então?

- Natureza. Geralmente flores - aproximou a mão pequena da tela e curvou as cerdas do pincel ao tocar a superfície, ondulando a pintura antes de puxá-la, diminuindo a ponta. - É algo fácil, já que não precisam de muito contorno para tomarem forma. E é gostoso de pintar também.

Seus dedos pareciam plumas e seu pulso deslocava tão suavemente que ele fazia aquilo parecer fácil. Changbin deixou a boca entreaberta, meio encantado pelos movimentos, e teve de engolir em seco quando Yongbok o olhou de volta. Percebeu que deveria ter prestado atenção à tela, e não no menino, então ele rapidamente - como se nada tivesse acontecido - desviou o olhar para o amarelo estampado.

Então havia uma pétala em amarelo, perfeitamente formada. Não era como outras obras, em que a pétala não parecia uma pétala até ser um conjunto; era claramente uma pétala.

Changbin olhou para o Lee quando ele sorriu.

- Me imita.

Inseguro, o moreno observou o pincel que segurava e aproximou a mão naturalmente trêmula da tela. Sem muito jeito, ele começou a mover o pulso, imitando a curva bonita que Yongbok desenhava e se esforçando ao máximo para fazer igual. No fim, quando terminou, ele sentiu o olhar do mais novo em si, suas bochechas possivelmente vermelhas pelo calor que estava sentindo nas orelhas.

- Ficou bom? - perguntou, tímido, antes de virar os olhos para os de Yongbok, que assentiu repetidamente.

- Ficou bem parecido, hyung - sorriu. - Acha que consegue terminar uma flor inteira?

O moreno franziu os lábios, em dúvida. Coçou a nuca enquanto observava o primeiro traço trêmulo que tinha feito.

- Você... acha que consegue me ensinar uma flor inteira? - abaixou os olhos, extremamente encabulado de ter que precisar de ajuda. - Quer dizer, você não precisa- mas, ainda não sei e-

- Eu te ensino, hyung - O Lee riu, colocando uma das mãos manchadas distraidamente na coxa do mais velho. Changbin abaixou o olhar para o toque e respirou fundo quando sentiu a perna formigar. - Não é problema, estou aqui para isso.

O moreno assentiu, mordendo a parte interna da bochecha quando o loiro afastou a mão, usando-a para pegar seu instrumento de pintura.

Pelo restante da aula, Yongbok o auxiliou a desenhar flores, variando entre ensinar pétalas de margaridas, rosas e copos-de-leite (entre mais algumas que Changbin não lembrava do nome - surpreso por Yongbok lembrar) e virou praticamente seu parceiro de pintura.

Ao fim, quando o Lee finalmente se afastou para dar dicas à Jisung, que precisava dar os toques finais no trabalho, Changbin ainda sentia sua coxa formigar. Era quase como se queimasse, ardesse, mas de forma surpreendentemente agradável; ao invés da sensação incomodar, ela trouxe uma sensação de vício, de alívio, e o moreno se perguntou se Yongbok não era, sei lá, radioativo.

Passando o verniz em seu trabalho nos últimos minutos, sua mente rapidamente vagou em ideia para sua composição inacabada.

[<3]

Slump; changlixWhere stories live. Discover now