DASSIN:
Dassin puxou a linha e sorriu ao ver um belo peixe ser fisgado. Pescar era relaxante e o fazia refletir bastante sobre a vida, sobre escolhas e caminhos.
A suas costas estava a praia bela e tranquila, a sua frente um mar infindável.
Acima de sua cabeça só havia o céu e a paz.
Tudo era certo ao não ser aquele pequeno fato...
Colocou o peixe na caixa de isopor, arrumou a isca, mas não voltou a jogar a varinha no mar porque seu telefone tocou e era um número importante.
Sorriu e atendeu se sentando no único banquinho do barco e pensando se faria peixe ou ostras para o jantar.
— Mon amour, achei que tinha se esquecido do meu pequeno pedido de ontem.
Disse para a pessoa do telefone que bufou de volta:
— Sabia que odeio quando fala em francês, berbere irritante?
— Sinto muito, não quis deixá-la chateada – Dassin disse sorrindo para o nada. Um suspiro impaciente soou do outro lado do telefone e um som de motor ligado, certamente – Mas conseguiu encontrá-lo?
— Sabe que eu não me meto nos seus negócios, mas ainda custo a acreditar que me fez vir até aqui no meio do nada para investigar um rastreador empacado. Sabe como esse lugar é remoto?
— Eu analisei as imagens de satélite e sim, sei que não foi nada divertido para você, juro que vou recompensar todo esse trabalho irritante no que desejar, dinheiro, joia... Inimigos massacrados.
— A parte do massacre eu dispenso porque prefiro fazer eu mesmo. A diversão é toda minha, enfim – Um som de porta bateu e ele sabia que ela devia ter entrado no carro – A cidade principal do Principado é bem fofa, seu tipo, coisa praiana, pitoresca e o galpão de investigação de acidentes aéreos é bem equipado, surpreendentemente. Ouvi aqui e ali que o acidentado passa super bem como novo amante do figurão da cidade, famílias tradicionais, toda a coisa 'babadeira' de cidade pequena se achando a metrópole. Seu moleque está bem servido, protegido e alimentado e quem o viu em uma tal festa recente garantiu que ele parecia todo apaixonadinho.
Dassin assentiu, de novo para o nada, e se sentiu um pouco mais tranquilo. Se Junji estava bem e curtindo as férias mesmo que tenha sofrido um pequeno acidente, então estava tudo bem.
— Bibi. Só se certifique que não há realmente problemas e considere o trabalho feito. Obrigado de novo e as pistolas com os mirtilos premium eu deixei no galpão de sempre em Porlamar. Mesma casa de praia, o de sempre.
— Sabe que eu só me dou a esse trabalho porque é você não é mesmo? Eu saí de uma missão em Barbados para vir até esse nada atrás do seu moleque, você me deve uma e eu vou cobrar.
— Sei que vai. Estarei disponível quando o dia chegar.
— Ótimo, espero mesmo. E ah propósito, sabe, só para saber se você agora é gay mesmo, esses tempos atrás Leonardi quase me joga os tigres em cima pelo seu telefone, você disse que era hetero na época e ele tinha desistido, mas se mudou de lado, seria meio que justo dar uma chance e...
— Meu coração e corpo só tem um dono homem e esse é o meu moleque, para todos os demais só mulheres com seios fartos e de preferência que goste de sexo agressivo.
— Ok, vou repassar a palavra. Era só uma conferência mesmo.
— Obrigado mais uma vez, irmãzinha.
— Disponha sempre que tiver um Mirtilo premium disponível – O tom dela era todo fofo e com isso Dassin teve de rir, Bibi era sua talvez amiga mais querida e ele tinha muito carinho por ela, realmente, talvez apenas ela e Junji fossem pessoas as quais ele mataria de graça. E isso significava muito – Ei, Berbere?
— Sim?
— Se for real que seu moleque está envolvido com um figurão por aqui vai tipo deixá-lo, sabe, permitir ele se envolver mais e ficar com outro?
— Claro, Junji deve fazer o que deseja e eu vou apoiá-lo em tudo. Eu confio em sua capacidade de ler pessoas e julgar se são dignas dele. Eu o treinei pessoalmente, ele é o único a quem ensinei nessa vida e será o único até meu merecido fim.
— Ok, mas sobre o pacotinho de merda que despachou chegou em Sidney só pedacinhos apodrecidos e cheios de vermes. Kunkun ficou realmente impressionado.
— Não foi uma beleza? A jugular estava perfeitamente perfurada em um golpe perfeito e ele fez adaptações incríveis, usando coisas locais, a mão, adaptando e improvisando com qualidade superior. Fiquei muito orgulhoso. Só tive que dar fim nas provas e digitais, mas era uma casa de prostitutas, a dona é muito fácil de persuadir e gosta de um dinheiro vivo. Fácil como um pedacinho de torta macia de maçã.
— Pena que o moleque não vai entrar na profissão. Ele é realmente bom.
— Ele é perfeito. Mas sim, ele é minha delicada planta carnívora fofa que vai ficar em seu pedestal belo e inatacado pela eternidade. Quero assim, então sobre o figurão, se for preciso eu mesmo vou visitá-lo e dar um oi, mas Junji é muito qualificado e eu confio em sua escolha.
— Orgulho trasborda da sua voz, um nojo total.
— Eu sei, eu sei. Eu o ensinei bem, ele vai se sair ótimo em qualquer coisa que fizer.
— Ok, ok, chega que minha tolerância é baixa. Vou te passar mais detalhes e te desejar feliz aposentadoria outra vez. Nos vemos por aí.
— Boa diversão!
Dassin desejou sincero desligando e resolvendo voltar para casa e assar o peixe.
Junji estava bem e seguro e isso era tudo o que importava.
BIBI:
Bibi acelerou o motor pretendendo ir para algum lugar que tivesse comida descente naquele principado isoladão, mas seu carro resolveu realmente fazer graça e parar depois de alguns quilômetros.
Saiu do carro e chutou a lataria quase arrancando seus saltos e tacando no motor para fundi-lo de vez, cogitou a ideia por alguns segundos: se poderia realmente explodir o carro e fingir que foi acidente. Mas não tinha muitas esperanças de encontrar carona fácil naquela estrada deserta de todo modo então xingou em uns dez idiomas diferentes até que do nada um caminhão reboque surgiu na curva da estrada vindo em sua direção com uma van a reboque.
Sorriu.
Dia de sorte, por que não?
Devia xingar em eslovaco mais vezes, dava super sorte hehe...
AUREA:
A mulher olhava ao longe a cena desenrolar na rodovia ao mesmo tempo em que olhava para além-mar, para todas as peças entrando em seus devidos lugares. Seu corpo era translúcido a luz do sol ou da lua, mas ele existia para olhos afiados e um desses olhos veio até ela na beira da água. O corpo dele não estava ali, estava em transe a continentes de distância, mas isso em nada importava. Ele era o melhor amigo de seu jovem guiado.
Ela o recebia bem por esse motivo:
— Mārga será feliz? Realmente terá uma vida longa e segura com os três?
— Sim, ele será. Fique despreocupado, aliás você tem seus próprios problemas em sua terra, foque-se neles.
— Em breve eu virei para casa de todo modo. Me deseje sorte, anciã.
Ela olhou para o jovem que lhe sorria amável e evitou rolar os olhos.
Eram água e vinho, como podia?
— Sorte. Vai precisar.
Ele se desvaneceu e ela voltou a olhar para a rodovia sabendo que Enseada Rubra ia começar a ficar agitada em algumas semanas.
Muito agitada.
Continua...
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Cobiçado
RomanceEle caiu do céu direto para uma terra desconhecida e se tornou alvo dos três melhores partidos da cidade. Ele não sabe quem é, mas na cama dos três demônios ele nem vai precisar pensar nisso por muito tempo... A caçada ao anjo começou e quem ganhará...