A pessoa sem chifres é um animal indefeso

19 2 99
                                    

Mikasa demorou pra caralho pra cansar dessa vida de merda de ser feita de trouxa pelo namoradinho de infância.

Durante os anos em que namoraram sempre achou que um relacionamento era assim mesmo, morninho e feito de longos fins de semana sentados no sofá, chás de sumiço durante a semana e almoços esporádicos na casa da sogra.

Até queria experimentar novas coisas, mas o dia em que tentou fazer uma posição diferente o namorado olhou bem pra cara dela com uma expressão julgadora e lançou a braba: "isso é coisa de vagabunda! Aprendeu onde?!!!".

Então se conformou porque afinal, ele que estava certo: moça direita não faz essas coisas não, se resguarda e vive pra família.

O problema é que um dia flagrou uma conversa do namorado com a safada da colega de faculdade e foi aí que descobriu que Netflix e pipoca era só com ela, com as outras era Metflix & piroca.

Aí ficou puta.

Ou melhor, terminou o namoro decidida a ser puta e descontar todo o tempo que ficou sem curtir a vida.

Ok, ok, não contei a ordem certa dos acontecimentos. Não foi assim, tão rápido e indolor. Antes disso, Mikasa:

- chorou

- bebeu

- ouviu o dvd das patroas até decorar as músicas de trás pra frente

- arrastou o chifre no chão até ficar polido e aparado

- decidiu que era muito nova e gostosa pra isso pra chorar por gente fedida.

O problema é que descobriu que tava muito, mas muito lerda pro flerte: não conhecia as novas regras de conduta dessa geração descolada, tinha vergonha de sair sozinha para algum bar ou balada para flertar, e seu círculo social estava xôxo, capenga, manco, anêmico, frágil e inconsistente.

Aí fez o que geral faz nessas situações né, instalou o app do foguinho pra ver se dava sorte e conseguia esquecer o ex sentando em outra piroca.

Mas a vida dos solteiros, ela não é fácil amigos.

Das solteiras menos ainda: deu poucos matches porque a rapaziada mais parecia sommelier de mulher do que homens interessados em mulheres então curtiu pouca gente, e desses poucos, menos ainda se mostraram minimamente capazes de manter uma conversa adequada para alguém adulto e capaz.

Um desses era um gatinho bem do fofo, alguém que era o oposto do ex e talvez por isso tenha chamado tanto sua atenção: Armin tinha vários interesses em comum com ela, sabia conversar e despertar o interesse, era divertido na medida certa e diferente da maioria não achava que ela estava interessada em ver o pau dele do nada, no meio do expediente em uma quarta-feira.

Apesar de querer muito sentar, achou mais prudente marcarem em território neutro: um showzin no meio do shopping, lugar público e notório onde dificilmente ele conseguiria dopá-la, arrastar seu corpo por entre as mesas desordenadas da praça de alimentação e enfiar numa van.

Chegou cedo como toda boa ansiosa e já pediu um choppinho pra passar o nervoso porque só de pensar em ter um encontro passava mal.

Armin não demorou pra chegar: na verdade foi bem pontual e na hora a aura bateu, coisa de filme mesmo: talvez porque ele fosse tão gentil e caloroso que Mikasa relaxou.

Se sentia com um amigo.

Um amigo bonito, que ás vezes lançava uns olhares bem ousadinhos em sua direção, mas o álcool estava cumprindo seu papel de ajudar o fogo no cu a vencer as neuras da cabeça.

Venceu tanto que do showzinho emendaram um motelzinho, mas no cálculo do álcool esqueceu de considerar o coração: é por isso que passou a vergonha de estar na cama, de calça jeans e sutiã, chorando porque lembrou do ex, sendo consolada pelo contatinho.

KinktubeOnde histórias criam vida. Descubra agora