Her Lips

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Em uma lustrosa casa no meio da floresta sagrada, vivia um grupo de garotas escolhidas e guiadas pela Luz Estelar para proteger o universo, mas essa não é a história que vim contar hoje. Indo mais a fundo na vida cotidiana desse grupo de guardiãs, pode-se observar o surgimento de um vínculo inesperado entre a intrigante rebelde, talvez psicótica, e a líder do grupo, que também é sua amiga de infância.

Jinx e Lux se conhecem de longa data. De melhores amigas, se tornaram companheiras de equipe quando a Primeira Estrela as convocou, e recentemente... bom, parece que a palavra amizade já não define, sozinha, o sentimento que compartilham.

Certa noite, após uma missão de resgate, houve um pequeno evento na casa. Estavam famintas, cansadas e sem absolutamente nada para poder preparar a mais simples das refeições.

- Eu vou morrer... - Lulu, a caçula de cabelo verde, lamentava, deitada sobre a bancada.

- Não tem nada? - Lux questiona.

- Não, o armário está vazio. - Janna, a veterana de cabelo lilás, disse em um tom que misturava gentileza e decepção.

- Ei! - Lulu chamou a atenção e apontou para um quadro pregado na parede - Quem estava responsável pelas compras da semana?

Janna conferiu a escala.

- Jinx - respondeu e, assim como Lulu, olhou para Lux.

- Já entendi. - A rosada revirou os olhos e saiu em busca da ruiva.

Lux se sentia mais uma babá do que uma líder para Jinx. Todo problema causado, toda tarefa não feita, todo surto que ela dava, tudo era Lux quem dava um jeito. Mas relaxem: ela não se incomodava com isso, achava até divertido. Jinx era uma pessoa difícil, para não dizer impossível, mas que faria qualquer coisa por aqueles que ama.

- Estou entrando - Disse quando abriu a porta do quarto da outra - Jinx?!

A ruiva estava deitada em um tapete no meio do quarto. O vento frio proveniente da janela aberta parecia não atrapalhar o seu sono profundo. Lux se aproximou e a cobriu com a coberta que estava jogada na cama. Quando estava saindo, pensando na desculpa que ia dar para as outra, ouviu uma risada cínica.

- Sua fingida - Reclamou, e a ruiva caiu em gargalhadas.

Ao fundo Lux ouviu um grito de Lulu: "EU VOU MORRER DE FOME!".

- Janna está bem chateada, sabe disso, não é?

- Relaxa! Vocês são muito chatas.

- Era tão difícil assim?

- Nem começa, Lux. Não lembro de ter visto no mural que fazer compras era parte do trabalho.

- Olha aqui...

- Lá lá lá lá... - Cantalorou tamapando os ouvidos com os dedos - Não estou ouvindo!

A rosada, em um salto, foi em direção a amiga, que permanecia deitada no chão, segurou seus pulsos contra o tapete, forçando-a a destampar os ouvidos. Jinx, pega de surpresa, soltou um gemido pela pressão que o corpo da outra fazia contra o seu abdômen.

- Me escuta!

- Estou ouvindo - Disse baixinho, lentamente.

Lux começou seu sermão dizendo, mais uma vez, as responsabilidades que todas tinham já que moravam juntas, mas Jinx estava distraída demais para prestar atenção no que a outra falava. Os lábios macios se moviam incansavelmente e daquela distância era impossível para a ruiva não ser presa naquela armadilha.

O discurso de boa guardiã foi cessado quando a rosada percebeu que os olhos da garota abaixo de si estavam fixos em seus lábios. Sentiu o rosto esquentar e o descompasso de seus batimentos lhe causou uma perda momentânea de fôlego. Elas se encaravam, hipnotizadas.

Jinx, que era normalmente impulsiva, estava desnorteaeda. Ainda fixada naqueles lábios demacianos, não sabia o que fazer, ou o que podia. Com certeza sabia o que queria, mas depois de aprontar tanto não se arriscaria.

Lux era desajeitada, embora muito inteligente. Compreendia o que era aquele clima, o seu corpo pedia, mas também entendia que qualquer atitude tomada por impulso teria impacto não só em relação com a amiga de infância, e sim em toda a equipe.

Claro, saber as consequências não impediu que o desejo falasse mais alto. Quem vai julgar? Adorando a atenção que seus lábios recebiam, ela os aproximou lentamente do rosto pálido até encontrar os da outra. Um selinho de início e voltaram a se encarar, Lux a processar o que acabara de fazer e Jinx a decidir se aquilo era um sinal verde.

Por fim, a rosada tornou a fazer o mesmo movimento, mas dessa vez não teve a chance de escapar. A ruiva se livrou das pressões que sentia nos pulsos, e as mãos buscaram a cintura da garota sobre si, puxando-a para perto.

- Olha, a primeira vez eu perdoei, mas a segunda você não vai escapar mais de mim - Disse, seguido uma risada baixinha.

Seu tom brincalhão, de alguma forma, estorpeceu Lux a ponto de não se importar com as consequências. A rosada sorriu, corando, e quando cogitou abrir a boca para responder, Jinx tomou aqueles lábios com uma ferocidade insaciável. Naquela noite realizará algo que há muito tempo desejava.

Enquanto isso, na cozinha:

- Janna, minha boca está com um gosto meio cinza - Disse colocando a língua para fora.

- E isso é bom? - A mais velha perguntou aparentemente interessada, já que estavam comendo uma gororoba improvisada com algumas folhas da horta que Poppy trouxe ao retornar atrasada

- Não vai chamar aquelas duas? - A de cabelos azuis perguntou.

Janna olhou para as escadas que levavam aos quartos e deu um sorriso suspeito.

- O que foi? - A menor de fios verdes questionou interessada na expressão incomum da veterana.

- Essa sopa não mataria a fome daquelas duas.

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