A lua Sangrenta

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Dizem que quando a lua sangrenta chega no céu estrelado, os ventos sobram gelado, uma brisa desagradável que traz o maior medo de todos: A morte.

Dizem que devem se proteger em suas casas, que devem fechar todas as janelas e não olhar para o vermelho que atrai os olhos. Pois durante a lua sangrenta, algo anda pelas matas, algo entra na sua casa, algo dorme do seu lado, e observa, te segue, anda lado a lado com você.

O Capitão da marinha dos USA, estava colocando o seu uniforme impecável, era feito sobre medida e nele podia-se ver o poder que ele carregava consigo. Não acreditava que o mau poderia caminhar do seu lado, era confiante, andava com a cabeça erguida, nada poderia tirar dele o pensamento de que ninguém é melhor do que ele. Não acreditava em superstições, não acreditava em nada que a ciência poderia dizer que não existe.

Sabia que já saiu diversas vezes na famosa noite gélida de lua sangrenta, e nada aconteceu com ele, vivia sua vida de forma plena com a sua família, sua esposa e suas duas filhas.

Se olhando no espelho, sorriu, a noite que todos temiam não poderia deixar o fato dele ser o Capitão, isso lhe deixava orgulhoso. Os marujos estavam todos prontos para poderem ir abordo do navio. O Capitão olhou para a janela propositalmente, sabia que a lua estaria carmesim, então ficou um tempo a olhando, era uma lua bonita, mas apenas um fenômeno natural em sua mente. Sorriu para a lua e seguiu para o navio.

Em suas costas apareceu um homem alto, com roupas pretas, seus dentes eram amarelados, ele possuía presas de vampiro, seus olhos da cor da lua estavam famintos. Seus dedos longos estavam entrelaçados e suas pernas cruzadas. Sua feição era amedrontadora, mas dentro de si era satisfatória, estava com sede de sangue, e sentiu um cheiro magnifico que chamou a sua atenção, um sangue doce, que ele precisava provar. Assim com seu largo sorriso estampado em sua face, ele desapareceu ao luar, deixando cinzas onde estava sentado.

Os marinheiros estavam todos no navio fazendo todas as suas tarefas. Não imaginavam o que poderia esperar por eles. Muitos ali evitavam olhar para a lua, por medo do que diziam. Muitos tentavam dizer para si mesmos que não deveriam pensar nisso, afinal não estavam do lado de fora do navio.

O marinheiro Matt, estava colocando suas coisas na cama, quando viu uma face branca com olhos avermelhados no reflexo de seu espelho, o seu sangue parecia congelar. Seu corpo ficou parado. A imagem logo sumiu do espelho.

Acordou do seu transe quando um de seus colegas perguntou se estava tudo bem, mas mesmo assim o medo se alastrou em seu corpo.

Seus colegas riram de sua expressão congelada, falando para ele não olhar para a lua, mas Matt sabia que não havia olhado, ele sabia que não olhou para a lua, alguma coisa estranha estava acontecendo e o medo se apoderou ainda mais de seu corpo.

Matt começou a tossir, uma tosse estranha que fez com que ele vomitasse sangue, o sangue estava da cor da lua, e seus companheiros perceberam a coloração diferente. Seus olhos estavam brancos e sua respiração falhava, Matt morreu misteriosamente com uma expressão de medo congelada em sua face.

Os outros marinheiros em choque ficaram sem reação, não entenderam o que aconteceu, seu amigo acabou de morrer em sua frente. Mas atrás de Matt, o homem misterioso apareceu novamente sentado na cama de Matt com suas pernas cruzadas e seus longos dedos entrelaçadas, as unhas negras eram pontudas, e seu sorriso era satisfatório. Por mais que os outros não viram, Matt haviam perdido todo o seu sangue. O homem sentado não havia limpado o sangue de seus dentes pontudos.

Todos que estavam ali no quarto pareciam estátuas, nem parecia que respiravam. Então o homem desapareceu, e um por um começaram a tossir, deixando no chão o sangue carmesim, o sangue da cor da lua. Seus olhos ficaram brancos e a mesma expressão de medo aparecia na face dos marinheiros, a mesma expressão que era impossível alguém fazer. E um por um, caíram no chão, com o rosto congelado.

O navio aos poucos deixava sua marca da morte, com os mesmos traços de sofrimento, com os mesmos traços de dor. Antes de morrer, sabiam que não olharam para a lua, mas mesmo assim seus corações foram parando aos poucos, deixando a expressão de medo congelada no rosto de cada marinheiro morto no chão na fria noite de lua sangrenta.

O Capitão tinha o seu próprio quarto, ali descansava de olhos fechados, não sabia o que aconteceu lá fora, não sabia do sofrimento de seus companheiros, apenas descansava e esperava a sua janta chegar.

Sentiu um vento muito gelado, e mesmo assim continuou de olhos fechados, sabia que as janelas estavam fechadas, mas estranhou, pois o frio era tanto que não entendia de onde estava saindo.

Abrindo os seus olhos, olhou para os pés de sua cama. O homem vestido de preto estava de costas, virou a sua cabeça para trás com o mesmo sorriso de satisfação, seus dentes estavam completamente vermelhos, seus olhos estavam com as pupilas dilatadas, o homem precisava de mais, e ele precisava daquele sangue doce que sentiu.

O Capitão estava com o corpo congelado, não podia se mexer, ou gritar por ajuda. O homem colocou a sua cabeça no lugar, gerando um barulho alto de ossos estalando, e subiu na cama, engatinhando até chegar bem perto do rosto do Capitão. Apontou com seu largo dedo para a janela, e a lua estava exatamente ali, olhando aquela cena. O homem de preto colocou suas presas no pescoço do Capitão, e ele começou a tossir, vomitar sangue, e seus olhos viraram para trás, ficando brancos. A expressão de medo dele ficou congelada em seu rosto.

O homem se sentou na cama com suas pernas cruzadas e seus dedos entrelaçados, e uma gargalhado ecoou pelo navio, era evidente a sua satisfação, e não estava mais com fome, já que o Capitão fez o favor de saciar toda aquela fome, oferecendo todos no navio. Assim com seu largo sorriso, o homem desapareceu, e misteriosamente a lua ficou normal novamente.

O Conto da Lua SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora