"QUERIDO DIÁRIO..."

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- Hey!

- Hey, Brunna! - Ela diz assim que me vê, o sorriso fácil brotando em seus lábios. - O que faz aqui?

- Nada... Só tava passando. - Minto descaradamente e ela apenas acena, fingindo que acredita.

- Okay. - Volta a encarar a caixa de ferramentas em cima da mesa.

- Na verdade... - Chamo sua atenção novamente, entrando no celeiro. - Eu queria conversar com você.

- Sobre o que?

- Coisas...

- Que tipo de coisas?

- Tipo... Ludmilla, por exemplo. - Tento fazer minha voz soar o mais casual possível.

- Não sei se tem algo a se falar sobre ela.

- Uau, você também é uma péssima mentirosa. - Ela ri com minha constatação.

- Só quero dizer que, se tem algo sobre a tenente que você quer saber, deveria perguntar a ela.

- Acha que já não tentei? Ela é dura feito pedra.

- Bem, primeiro você precisa ganhar sua confiança.

- Quando ela conseguir a minha, talvez.

- Brunna...

- Eu só quero saber uma coisinha! - A interrompo, antes que pudesse dar outra desculpa. - Por favor.

Ela me encara, uma das sobrancelhas arqueadas. Parecia pensar.

- Uma só! - Responde por fim e eu me animo. Puxa uma cadeira, sentando-se com as pernas cruzadas e me encara. - Manda.

Me aproximo, me sentando em frente a ela em outra cadeira e respiro fundo, tomando coragem para fazer a pergunta.

- Por que ela é assim?

- Assim? Assim como?

- Ela é má! - Digo com certa raiva. - É grosseira, estúpida, rude, completamente fechada e a lista não para por aí.

- Ludmilla não é má. Ela só é... Forte.

- Forte?

- Sim. - Respira fundo quando percebe que não me daria por satisfeita. - Olha, Lud e eu somos amigas a muitos anos, já estive presente em quase todas as fases da vida dela e posso dizer com propriedade, se ela é desse jeito hoje, é porque tem um motivo.

- E qual seria esse motivo?

- Eu não me sinto confortável falando dela pelas costas, mas... Digamos que ela sofreu um bocado. Lud já perdeu muita coisa.

- O pai dela? - Digo, finalmente indicando o caminho da conversa.

Ela me encara curiosa e um tanto desconfiada.

- O que você sabe sobre o pai dela?

- Pouco. Sei que ele era do FBI e que está morto. Ela me disse isso a uns dias atrás, quando fomos na cidade.

- Ludmilla falou sobre Renato com você? - Sua voz sai banhada em espanto quando me faz a pergunta.

- Por que a surpresa?

- Nada. - Da de ombros, coçando a nuca. - Bem, Lud não é muito de falar sobre o pai. Como eu disse, somos amigas a anos e nunca falou dele comigo. Nem mesmo com Denise...

- Quem?

Seus olhos se arregalam quando percebe que falou demais.

- Não acho que deveríamos falar disso...

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