Brunna
- Merda! - Aperto a barriga, chutando o cobertor grosso ao pé da cama, tentando achar uma posição confortável.
A dor incessante da cólica não me deixava em paz. A compressa de água gente não havia resolvido e os comprimidos para dor, que o médico havia me dado a algumas semanas, já haviam acabado. Eu não sabia o que fazer além de rolar na cama e implorar a Deus que a dor me desmaiasse para não ter que senti-la.
- Porra! - Digo entredentes, quando mais uma contração de dor me atinge com tudo. Só podia ser castigo de outra vida, um karma muito bem aplicado pra cada pecado que cometi.
Encaro a máquina de escrever no canto do quarto. Ludmilla ainda não havia vindo buscá-la. Todos os dias, depois de meu treinamento, ela deixava a máquina em meu quarto e eu a usava a noite toda. Na manhã seguinte, vinha buscá-la enquanto achava que ainda estava dormindo e só saía do quarto depois de me observar por no mínimo vinte minutos.
Porém, nos últimos dois dias não trocamos uma só palavra depois de sua explosão, até mesmo meu treinamento foi interrompido por seu mau humor. Pra falar a verdade, eu resolvi lhe dar o tratamento de silêncio por ter sido grosseira comigo sem motivo algum. Não havia feito nada para que ela me tratasse desse jeito e, como prometi a mim mesma, não iria lhe dar confiança enquanto não aprendesse a me tratar com o respeito e dignidade que mereço.
Aquela algoz, raivosa e sem coração iria aprender a virar gente na marra. Mesmo que com isso eu também acabe sofrendo um pouco, afinal, sentia falta de seus beijos e carinhos.
Me sento na cama, tentando encontrar uma forma de fazer aquela dor desaparecer. Banho quente foi descartado, chá de canela só tinha piorado e... Espera! As pílulas de Ludmilla!
Isso! O remédio que ela usa para seu torcicolo. Já tomei uma vez quando machuquei a cabeça naquela briga idiota que tivemos e ele fez milagres. Eu poderia... Não. Não vou falar com ela. Não quero falar com ela. Porém a dor não da trégua.
Bem... Nesse caso.
Paro em minha porta, observando o corredor afim de saber se ela estava ali e entro em seu quarto. O cômodo está vazio, nem sinal dela ali dentro. Provavelmente estava no celeiro ou algo assim. Ok, preciso ser rápida.
Vou até seu guarda roupa, abrindo as portas e tentando encontrar a caixa com os comprimidos. Nada. Me viro, caminhando até a mesa de cabeceira e abro a primeira gaveta. Havia uma pistola ali, junto de seu distintivo. Segunda gaveta, ainda nada de remédios, somente um livro que me parecia ser interessante... Mais uma pontada de dor, mais uma lágrima que escorre. Terceira gaveta. Puxo a maçaneta com certa dificuldade, parecia estar emperrada ou algo assim. Puxo com mais força, finalmente abrindo-a. Haviam varias caixas de remédio ali, jogadas de qualquer jeito. Pego uma delas, destacando duas pílulas e vou até o banheiro, pegando um punhado de água da torneira da pia. Na hora da dor pouco me importava qualquer coisa, eu só queria que passasse. Me sento sobre o vaso sanitário, esperando o efeito do remédio começar a dar as caras e aos poucos a dor vai sumindo até não sobrar mais nada. Volto ao quarto, um pouco zonza e penso em guardar a cartela de volta na caixa, porém paro para pensar.
Seu eu fizer isso, em algum momento ela vai perceber que estive aqui e mexi em suas coisas e então, terá motivos para ser grossa comigo. Mas ao mesmo tempo, sei como ela depende desses remédios para sua dor, então provavelmente deve saber quantas caixas dele há aqui. Decido fingir que a segunda hipótese estava errada e agarro a caixa, colocando a cartela dentro e quando estava pronta para sair dali, vejo no fundo da gaveta um pequeno álbum de fotos.
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A TESTEMUNHA
Action𝗟𝗘𝗜𝗔 𝗔 𝗗𝗘𝗦𝗖𝗥𝗜𝗖̧𝗔̃𝗢. Capítulos: 20. Conteúdo maduro. (+18) Avisos: Contém cenas de sexo explícito, violência, linguagem imprópria, temas sensíveis, consumo de álcool e drogas. . O que seria um crime perfeito acaba em um tiro saindo pel...