A TESTEMUNHA

SENTIU MINHA FALTA?

Brunna

"30 de Outubro.

Querido diário, há exatos seis dias Ludmilla se declarou à mim, dizendo estar apaixonada. E há exatos seis dias não consegui mais parar de sorrir. Desde aquela primeira noite, quando fizemos de seu quarto nosso santuário, não nos atrevemos mais a dormir separadas. Nas primeiras noites, ela veio me buscar no meio da madrugada. No domingo, deitou em minha cama, se espremendo no colchão estreito enquanto me abraçava. Na segunda-feira, me acordou com beijos, dizendo não conseguir mais dormir sem sentir meu cheiro. Na terça-feira, subimos juntas até seu quarto, depois do jantar e tomamos banho juntas. Não aguentamos e fizemos amor ali mesmo, no box embaçado pelo vapor da água. Na quarta, me vi entrando em seu quarto sem a menor cerimonia, deitando em sua cama e aproveitando seus carinhos enquanto lia meu livro. Na quinta nos amamos novamente, como em todos os outros dias, mas dessa vez com ainda mais paixão e desejo. Na sexta, apenas nos encaramos, deitadas de frente uma para a outra, trocando carícias e beijos castos. Seus olhos brilhavam intensamente enquanto eu sorria, mal acreditando em tudo o que aconteceu nos últimos dias. Hoje, sábado, estou deitada ao seu lado, escutando o som de sua respiração tranquila, vendo-a dormir enquanto tento escrever nessas páginas a tamanha felicidade que me transborda. Nunca imaginei que um dia seria capaz de dizer isso, mas acho que estou começando a amar Ludmilla. No começo, a paixão me pegou desprevenida e tentei de todas as formas afastar tal sentimento de mim, apavorada com a ideia de amar minha algoz. Mas hoje, sei e sinto que meu coração realmente pertence à ela, e não tenho medo de o entregar-lhe. Ludmilla cuida de mim como ninguém nunca antes o fez. Ela se importa e me protege de qualquer perigo. Me ensina a cada dia que o valor de um sentimento puro e verdadeiro é inestimável. E conforme os dias passam, sinto seu olhar, suas carícias e seus sorrisos me contarem um segredo que estou adorando descobrir: talvez ela também me ame."

- Ainda acordada? - Ouço sua voz rouca e fecho o caderno. Sorrio para ela, colocando o objeto em cima da mesa de cabeceira e a encaro.

- Não estou com sono suficiente para dormir.

- Já são 4 da manhã. Precisa tentar...

- Já tentei. - Me ajeito na cama quando ela me abraça, dando um leve beijo em meu pescoço, me fazendo arrepiar. - Não sei o que aconteceu, mas o sono simplesmente não vem.

- E se eu cantar pra você? - Sugere com a voz doce e eu sorrio.

- Eu adoraria.

Ela nos cobre com o cobertor, entrelaçando nossos dedos enquanto segura firme minha mão. Fecho os olhos sentindo o calor de seu corpo, no meu. Um leve cafuné se inicia e respiro fundo, relaxando o corpo. Logo começa a cantar, me embalando na doce melodia da música e sorrio, afastando qualquer pensamento que pudesse impedir meu descanso. O sono me tona, me levanto a um lugar calmo e seguro enquanto seus braços me rodeiam, me protegendo e amando. Não me restavam mais dúvidas, Ludmilla definitivamente despertou meu amor.

...

Sinto a brisa fresca acariciar meu corpo e abro os olhos com calma. Tateio a cama, tentando alcançar Ludmilla, mas logo percebo que ela não estava ali. Me sento no colchão, espreguiçando e bato os olhos no relógio da mesa de cabeceira: 12h44. Levanto em um pulo, assustada com a hora e corro para o banheiro. Tomo um banho rápido, escovando os dentes ao mesmo tempo em que lavo o cabelo e saio do cômodo, já procurando uma roupa qualquer no armário. Só então me dou conta de que ainda estou no quarto de Lud e não haviam roupas minhas ali. Sem a menor vontade de sair pelo corredor completamente nua, abro as portas de seu guarda roupas e tiro dali uma camisa qualquer. Visto-a, percebendo que a peça mais parecia uma camisola e calço meus chinelos. Atravesso o corredor, entrando em meu quarto e coloco uma calcinha e um short. Penteio meu cabelo e desço as escadas até a parte térrea da casa e a vejo sentada no sofá. Ludmilla assistia um programa qualquer e ria feito criança. Me aproximo dela, vagarosamente e dou um beijo em sua nuca. Ela me encara, sorrindo.