24.

283 17 0
                                    

S/N COLLINS,
narrativa.

— Então quer dizer que você vai a um encontro? - Beverly pergunta, com um sorriso travesso formado em seus lábios.

Reviro os olhos. Agora que contei sobre Boris, Beverly e Max estão falando que vamos a um encontro. Eu dizia que não, mas no fundo eu bem que queria.

Ela estava escorada em seu armário que era ao lado do meu, Max estava bem ao seu lado.

— Não Bev, não vou a um encontro. É apenas... uma saída entre amigos - Dou de ombros, após fechar meu armário, encarando firmemente aqueles profundos olhos azuis.

Elas se encaram por um segundo e caem na gargalhada em seguida.

— Quem você quer enganar, S/n? Isso é tudo menos uma saída entre amigos.

Max falava aquilo com tanta confiança que eu quase acreditei. Por mais que não fosse totalmente mentira.

— O quê? Não, vocês estão vendo coisa onde não tem!

— Se você diz, então... - Max levanta os braços acima dos ombros, em rendição. Apesar de ela não parecer tão convencida.

— Ei, vocês estão sabendo do jogo de basquete de hoje? - Pergunto, afim de mudar de assunto o mais rápido possível.

— Mhm, o Lucas vai jogar, inclusive - Beverly diz olhando para Max quando Lucas é tocado no assunto.

— É, mas não me importo - Ela dá de ombros, olhando fixamente para qualquer coisa que não seja nossos olhos — Vocês vão?

Beverly e eu nos encaramos, confusas. Max sempre apoiava Lucas nos jogos, obviamente havia acontecido alguma coisa e eu tinha certeza que sério não era, afinal, eles terminavam o tempo inteiro.

— Sim, eu vou mas, o que aconteceu com você e Lucas? - Questiona uma Beverly de cenho franzido.

— Não vem ao caso, mas dei um pé na bunda dele.

— Esse "não vem ao caso" para mim, significa: "terminarmos por um motivo bobo de novo" - Digo, de braços cruzados, encarando a ruiva que revirava os olhos.

— Lucas já estava me irritando.

— Todo mundo te irrita, Max - Rimos com a frase de Beverly.

— Não quero falar do Lucas, certo? Nem sei se eu vou nesse jogo.

— Ah, é óbvio que você vai! - Bev exclama. — Você também vai né, S/n?

— Mhm, Boris me convidou, aliás - Comento, me arrependendo no mesmo instante ao ver as expressões das garotas a minha frente — Não comecem!

Eu imaginava que elas estavam preparando alguma piadinha e quando suas feições mudaram e começaram a gargalhar, eu tive certeza.

[...]

Chego em casa, ouvindo barulho de louça na cozinha. Não sabia que ia ter gente em casa hoje. Caminho até o batente da cozinha, vendo meu pai guardando a louça da lava-louça.

Ele percebe minha presença e me encara, sorrindo em seguida.

— Oi, filha! Como foi a aula? - Ele pergunta, voltando a fazer o que fazia antes.

— Oi pai, foi normal, na verdade - Digo simplista, chegando perto do fogão para ver o que ele preparava na panela. — Não sabia que você ia estar em casa hoje.

— Fui liberado mais cedo.

Tento roubar uma batata frita do prato na bancada mas recebo um tapa na mão, fazendo a batata voar pelos meus dedos.

— Nada disso, mocinha. Agora, vai, vai se trocar para almoçarmos - Bufo em derrota, subindo para meu quarto.

Meu pai tentava ser o mais presente possível por causa da ausência da minha mãe. Acho que ele sabe a falta que ela faz para mim e tentava me distrair, para não me fazer pensar o quão babaca minha mãe podia ser.

Pego qualquer peça do meu guarda-roupa e desço imediatamente para almoçar. Minha barriga roncava só de sentir o cheiro que vinha da cozinha.

A fome era tão grande que não me demorei para almoçar. Quer dizer, eu usava a fome como desculpa para não dizer que estava ansiosa para decidir que roupa iria para o jogo de Lucas.

Eu jogava todas as roupas que eu achava interessante em cima da minha cama, afim de fazer uma combinação legal e surpreendente.

Normalmente eu não demorava tanto para me aprontar, não era tão difícil escolher minhas roupas porque eu não ligava para o que as pessoas achariam. Mas aparentemente, Boris começou a mudar isso, porque de alguma forma, eu me importava com o que ele achava de mim.

Me assusto com uma batida na porta; que estava aberta, no entanto. Meu pai se escora na porta branca de madeira e pergunta:

— Vai sair?

— Vou assistir um jogo de basquete na escola com as meninas e com mais alguns amigos - Começo, ainda me olhando no espelho. — Vou me arrumar na casa da Max.

Olho para ele, tentando procurar um olhar de aprovação. Ele assentia enquanto me observava, com aquele olhar de preocupação, ou algo do tipo. Ele queria falar alguma coisa.

— Fala, pai. - Relaxo os braços ao lado do meu corpo, esperando sua resposta.

— Eu só... - Ele para para soltar um suspiro pesado e continua: — Eu só fico feliz que você esteja fazendo novas amizades. Que você esteja feliz, S/n.

Respiro fundo, relaxando os ombros enrijecidos, olho para baixo, não queria ter aquela conversa agora.

— Eu também, pai. Eu também estou feliz... - lhe dou um sorriso falso de alívio, que ele retribui, mas era totalmente verdadeiro.

Ele caminha até onde eu me encontrava, segura meu rosto e me entrega um beijo no topo da cabeça e olha de novo para mim.

— Aproveita seu dia, filha, mas não chega tarde, hein! - Ele diz a última frase em um tom de brincadeira, mas eu sabia que ele estava sendo sério.

— Pode deixar, pai - Sorrio para ele, que agora já se afastava do meu quarto. — Pai!

— Sim? - Ele volta, parando centímetros da porta.

— Você poderia me dar carona até a casa da Max?

— Claro, vou tirar o carro da garagem, querida.

— Obrigada!

library girl,  BORIS PAVLIKOVSKYOnde histórias criam vida. Descubra agora