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PREFÁCIO

 Sempre fui apaixonado pela escrita e apesar da minha criatividade eu nunca me imaginei escrevendo algo que não fosse um romance clichê e depois de tantos pedidos — e ameaças. — do meu querido amigo Rafa, eu decidi dar continuidade a uma antiga história.

 O livro fala sobre uma relação caótica e hilária entre um pintor de quinta, seus melhores amigos e uma balconista de bar muito linda.  O livro será cheio de altos e baixos, bebidas e gatilhos, por favor separem os lenços.

 Dedico este livro para todos os românticos que sobraram na terra, a mim mesmo porque sou lindo e meus amigos queridos que sempre me apoiaram na escrita.


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 Verão de 2022.

 Eu estava mais feio do que nunca. Meu cabelo era semelhante ao de um selvagem e minha barba estava ali para terminar a tragédia. O clima estava quente, então abri as janelas na esperança de uma brisa e voltei para a mesa. Eu e Carlos estávamos bebendo cerveja e o seu olhar para mim indicava que ameaças disfarçadas de perguntas estavam se aproximando.

 Desde que Luvia começou a trabalhar no D’jazz há um mês eu estava totalmente interessado. Nunca fui de acreditar em borboletas até meu estômago se transformar em um jardim. Lembro de vê-la entrar pela porta do bar e andar em direção ao balcão. Seu cabelo curto e ondulado, a calça jeans rasgada e a camiseta do Mickey segurando uma faca foram mais do que o suficiente para que eu desistisse. — mulheres assim fazem um homem chorar no banho.

 Seus olhos me convenceram, ela me olhou com aquele par de olhos castanhos, veio em direção a mesa e com uma voz suave e ameaçadora ao mesmo tempo me perguntou se eu era o dono. Eu estava prestes a dizer que sim, mas o Carlos apareceu e eles começaram a entrevista de emprego. Desde então eu nunca tive a coragem necessária e apesar de não ser um incômodo para mim, era algo que mexia muito com o Carlos.

— Você tem noção de que a garota da sua vida está ali servindo cerveja para outros caras? — perguntou Carlos dramatizando a frase da forma mais ridícula que eu já havia visto em toda minha vida.

— Não seja ridículo, as coisas só acontecem quando tem de acontecer.

 Carlos respirou fundo. — Ontem foi a sexta-feira da bagunça, você sabe que eu sou o barman toda sexta-feira e que ela fica livre, mas não teve a coragem de vir aqui. Às vezes eu acho que você simplesmente não quer que as coisas aconteçam.

— Quais as minhas chances com ela, Carlos? Fala sério, eu pareço um mendigo e ela é perfeita, não combinamos.

— Bom... se é o seu modo de pensar, tudo bem. Espero que morra sozinho em uma vala com larvas no seu olho.

 Fiz uma expressão de nojo enquanto Carlos levantava para voltar ao trabalho e apesar de já ter ouvido aquelas palavras milhares de vezes, desta vez eu senti um impacto um pouco maior e mais verdadeiro. Levantei a questão do “e se?”, mas me despedi de ambos e fui embora.

Para Minha LuviaOnde histórias criam vida. Descubra agora