Capítulo 01

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Brilho de Prata acordou com a falta do companheiro, abrindo os olhos preguiçosamente e vendo apenas alguns poucos ali presentes, Couro Chamuscado dormia profundamente em um dos ninhos do meio, Coração de Gelo logo ao lado, Pegada de Cinzas ao lado da entrada da toca e Rajada de Corvo enroscado com Casca de Pinheiro, e havia razão para isso, dias atrás se tornaram companheiros e filhotes estavam a caminho. A guerreira prateada se espreguiçou confortavelmente e dera ao pelo um bom trato, saindo com cuidado da toca dos guerreiros. O sol não estava tão quente quanto de costume, parcialmente escondido entre as grandes nuvens que carregavam sinais de chuva intensa, haveria trabalho a se fazer para reforçar as barreiras do acampamento para a grande tempestade que viria.

Tristemente, Brilho de Prata notou que os gatos na clareira estavam quietos e desanimados, em especial Estrela Valente, que quase não saíra de sua toca por uma lua inteira, raramente se mostrava para o clã. Pelo de Sol ficou mais próxima de Couro Chamuscado após a mudança de comportamento do líder, era óbvio que haviam deixado de ser companheiros, mas a gata prateada desconhecia as razões. Um toque suave em seu ombro a despertou dos pensamentos, era Folha de Macieira, a gentil rainha marrom claro a observava com um olhar quente e consolador, pois compartilhava de sua dor, ver o clã tão despedaçado os tornava vulneráveis.

- É doloroso, não? - perguntou Folha de Macieira suavemente.

- Eu não entendo...eles se amam, por que isso aconteceu? - miou Brilho de Prata tristemente, levando seu olhar para o grande volume na barriga da rainha marrom claro. - espero que a chegada deles animem as coisas -

- Eu sinto que estão quase prontos - ronronou Folha de Macieira alegremente, desanimando aos poucos. - Coração de Gelo não está tão animado porque teme por nosso clã -

A guerreira prateada notou a cauda da rainha marrom claro sobre a barriga de forma protetora, estava insegura de dar a luz aos seus filhotes em um ambiente quase hostil que deveria ser seguro. Folha de Macieira se despediu com um acenar de sua cabeça, voltando para o berçário. Brilho de Prata procurou por Asa de Falcão, mas não o via na clareira, decidindo ir até Cauda Branca que estava entrando na toca do curandeiro, certamente para consultar Mancha Negra sobre o grande gato branco isolado em sua toca. Ao entrar viu a curandeira claramente preocupada, sua cauda chicoteava ansiosamente enquanto conversava com o representante, igualmente preocupado.

- O clã parece estar a beira de um colapso! O que o Clã das Estrelas lhe diz sobre isso?? - perguntou Cauda Branca urgentemente.

- Eu recebi um sinal hoje de manhã, é preocupante Cauda Branca... - respondeu Mancha Negra hesitante. - estava andando pela floresta em busca de bagas de zimbro, vi um pardal carregando um graveto fino em forma de estrela -

- E então? Presumo que seja Estrela Valente - indagou o representante.

- O pardal quebrou o graveto... - completou a curandeira temerosa.

- Meu pai vai morrer?! - engasgou a guerreira prateada, os fazendo por fim notar sua presença.

- Brilho de Prata! Estava nos espionando?? - perguntou Cauda Branca severamente.

- N-Não! Eu vim atrás de você para perguntar onde Asa de Falcão foi! - respondeu Brilho de Prata atrapalhada.

- Não podemos dizer se ele morrerá Brilho de Prata, pode significar outra coisa - apontou Mancha Negra, suas orelhas se levantaram ao ouvir Estrela Valente convocando o clã.

- Algo está acontecendo, vamos! - miou o representante, saindo apressado, sendo seguido pelas gatas.

Quase todo o clã estava presente na clareira quando saíram, Pelo de Tigre e Cauda Pintada ajudavam Cegueta a se guiar até um lugar atrás da multidão, onde se acomodaram para ouvir, Meia Pata, Presa Mole e Rabo de Algodão estavam velhos demais para se moverem de um lado para o outro, então preferiram ficar ouvindo da toca. Estrela Valente estava sobre o Grande Toco aguardando todos se reunirem, sua postura miserável e aparência terrível mostrava que não cuidava de si há muito tempo. A guerreira prateada ouvira murmúrios duvidosos vindo da multidão, mas não podia ouvir com clareza o que estavam dizendo, estava com sua atenção no companheira que estava ao lado de seu pai, como se possuira poder para isso, ou melhor, como se fosse representante.

Gatos Guerreiros: Verdades OcultasOnde histórias criam vida. Descubra agora