Our Worlds Collide - Levi Ackerman

I

~Pov:Narrador~

2020 - Kyoto

O barulho do monitor de sinais vitais ecoava pela sala 13.

Mas, também vários titãs sendo mortos em um anime na televisão da mesma sala.
A telespectadora? Akira Fukoshi, 30 anos, cientista e infectologista na Universidade de Kyoto.

A mulher passava tardes inteiras assistindo a mesma coisa, ela não tinha muita opção, já que estava presa a uma cama de hospital, graças a um vírus que assolava o mundo inteiro.

Ela estava seriamente doente, e seu único refúgio era aquele. Sentia que não se encaixava no mundo real, que não pertencia ao mesmo, ainda que com pais e amigos de trabalho, um lugar imaginário a fazia se sentir viva, aquela era sua casa.

Alguns dias depois...

A enfermeira de meia idade entra na calma sala X (era uma sala de UTI).
A única melodia ouvida era do respirador, conferido constantemente por Rose, que em longos 32 anos de trabalho nunca presenciou um caos tão silencioso, aquele era o ano do caos para o mundo e para a mulher internada na mesma sala.
- É Srta. Fukoshi, parece que sua saturação continua do mesmo jeito- murmura a enfermeira, sem resposta.
Akira dormia, suas mãos ainda estavam frias devido a baixa oxigenação, seu rosto era inexpressivo, seus fios castanhos e cacheados já não estavam mais soltos.

A válvula de pressão, que a permitia receber oxigênio por tubos, continuava incessante. Antes da intubação, Akira sabia que o caminho poderia, bem...não ter volta.
Tinham tomado uma decisão imensamente difícil, desligar seus aparelhos, a mesma não ia voltar dessa missão

-Apenas descanse, querida.

Mais uma máquina fora desligada.

~Pov: Mira~

847 - Eldia

Termino de amarrar as botas, pego meu jaleco e o apoio no antebraço esquerdo, não fazia muito frio, e o uniforme da DPM já era suficiente pra me aquecer. Era um dia importante, um dos únicos dias em que membros de outras divisões entrariam no nosso laboratório.

Hiroshi pediu que eu me responsabilizasse em apresentar nosso departamento e descobrir o motivo da visita, mas, por enquanto, meu foco era ir ao laboratório e trabalhar. Era realmente um dia importante na Divisão de Pesquisa e Monitoramento.

- Agentes, formação!- Digo seriamente aos presentes, alguns fazendo estudos de solos, outros examinando partes de titãs, mas todos se viraram na minha direção ao me ouvirem- Hoje receberemos dois membros da Tropa de Exploração, não quero uma baixa sequer! Nada de erros ou tumultos. Fechem seus corações! Abram suas mentes!

-Fechem seus corações! Abram suas mentes!- responderam em unissono.

Deixei o laboratório e caminhei em direção a minha sala. Lentamente, ouvi passos, alguém estava se aproximando.

-Bom dia, Hiroshi- disse, e me virei e direção ao senhor de cabelos grisalhos e com o bigode mais bem aparado que já vi na vida-Pensei que não viria a base hoje- me virei e continuamos andando pelo corredor iluminado por lamparinas fixadas ao teto.

-Você sabe que eu sempre venho, mas queria deixar você no comando um pouco- dei uma risada abafada e continuei caminhando.

Abri a porta, indo diretamente a minha mesa, para ser sincera, o escritório era bem convencional. Uma mesa retangular, encostada numa parede branca, ocupada pela bandeira da Divisão, duas poltronas e um porta casacos preto.

-Hiroshi, sinceramente, não acho que deixaria uma veterana qualquer comandar a DPM- disse, checando rapidamente a imensa papelada em cima da mesa.

-Mira, você não uma veterana qualquer, você é a segunda fundadora da Divisão.

-Mike cometeu um erro- murmurei com os papéis em mãos- ele colocou os relatórios de pesquisa de Hange na ordem errada, vai demorar horas pra organizar, e o pior é que o Comandante Erwin chega em menos de duas horas, isso aqui tá um caos!- jogo todos os arquivos que tinha em mãos na mesa, cubro o rosto com as mãos e suspiro.- Hiroshi, chame o Mike imediatamente, por favor.

O homem apenas acena e sai do escritório.

Começo a organizar os papéis enquanto aguardo Mike.

-Por que diabos eu deixei ele arrumar isso- resmungo baixo

Enquanto isso...

Pov: Levi

Arumo o lenço em meu pescoço, e parto em direção ao Comandante Erwin. Para a minha infelicidade, tería que visitar a DPM, a mando do Subtenente Aiko, deixar os cadetes sozinhos, mesmo que por poucas horas era um perigo que eu não queria correr, mesmo assim, aceitei, por conta da maldita hierarquia.

Desço as escadas e vou para o estábulo, encontrando Erwin, já na carroça

-Capitão- Disse o Smith-Hiroshi está nos aguardando.

Assinti e entro na carroça, observo o local ao nosso redor, estava tudo tão calmo, silencioso, tinha receio da divisão ser atacada na minha ausência e na ausência de Erwin, mesmo confiando fielmente em Hange.

Tudo podia acontecer.

~Pov: Mira~

-Capitã Fukoshi- pude ouvir voz de Mike imediatamente- mandou me chamar?

-Sim, agora me explique, qual foi a ordem que você usou para organizar os relatórios do laboratório? Quer dizer, se é que isso tem uma ordem- disse rispidamente, com certo tom de deboche.

-Organizei por ordem de importância, perdão pelo problema.

-Mike, você ao menos escutou o que eu disse? Não podemos ter nem uma confusão com os relatórios, especialmente hoje.

-Tudo bem, tudo bem, eu organizo, são só relatórios, dá pra organizar.

- Apenas relatórios?!- pergunto abismada- Você sabe a importância desses relatórios no nosso trabalho? Qualquer erro cometido por um de meus homens vale a vida de um esquadrão de soldados fora desse laboratório! Você entende isso?!

-Sim, capitã, me perdoe pela baixa- disse, com um tom baixo.

- Ótimo, já que entende, arrume todos na ordem correta e alfabética. Você tem 1 hora, dispensado.

-Mas capitã, é impossí...

O interrompo antes que possa concluir a frase.

-Eu disse dispensado, quer cometer mais um erro hoje?

Mike não responde, apenas abaixa a cabeça e sai com os relatórios em mãos.

Respiro fundo e confiro o relógio de bolso, o Comandante e seu acompanhante já deviam ter chegado.
Saí da sala indo em direção ao portão de entrada, e lá estava ele, roupa impecável, nossos uniformes eram parecidos, mas afastei esse pensamento rapidamente. Cabelo perfeitamente arrumado, botas lustradas e passo confiante.

Mas atrás dele, um soldado de pouco mais de 1,60, cabelo raspado, preto e liso, olhos estreitos intimidantes, orbes azuis que carregavam um abismo vazio.

-Comandante Erwin, espero que a viagem tenha sido tranquila.