Cobiçado

Quebra da maldição parte 2

Acordei sozinho. Abri meus olhos e estava na mesma cama de solteiro, mas Jeff não estava ali, porém como os dias no mar pareciam diferentes dos dias em terra, conclui que ele devia ter acordado mais cedo ou era eu que era mesmo o belo adormecido, contudo quando ouvi a voz de Daniel ressoar pelo corredor, meu corpo reagiu por instinto e eu me ergui indo atrás da voz até que ela ficou clara, e a cena na sala de estar também: Jeff de frente ao Daniel e ambos encarando um ao outro de forma furiosa enquanto Cai estava no meio obviamente tentando ser a voz da razão ali. Daniel vociferava:

— Você me enganou todo esse tempo!

— Você nunca olhou para nada além do próprio umbigo então como você se acha na razão de me acusar, Debrecci!?

— Se eu soubesse que você gostava de mim tudo seria diferente.

— Nada seria diferente porque você é o surtado dessa maldição dos infernos! Assim como a minha irmã, então não vem com historinha de que teria feito as coisas diferentes, eu sou seu inimigo desde que nasceu e nunca quis mudar de status mesmo eu andando para cima e para baixo atrás de você na infância. Agora você não tem direitos de me chamar de mentiroso! Você é quem mentiu para si mesmo todo esse tempo inclusive sobre a sua sexualidade!

— Daniel, volte a si, vai tomar um banho, refresque a cabeça, tire o cheiro de álcool do corpo e respire. A culpa foi sua de ouvir as coisas entrecortadas enquanto estava nocauteado pela bebida e fazer de tudo um balaio único.

— Você não manda em mim, Cai Balkit! – Nisso Daniel rosnou mesmo e Cai o olhou do alto de toda a sua arrogância e sorriu de canto, avisando Daniel sem nem mesmo abrir a boca, e isso deixou o mais alto de todos nós ainda mais furioso – Eu não sou um dos seus subordinados que temem você, ou esses dois que obedecem tudo o que você diz, eu não sou...

— Cala a boca – Cai disse baixo interrompendo as palavras dele e então foi para o Daniel como um homem marchando para uma luta feroz e antes que qualquer um entendesse o que ele estava para fazer, Cai pegou Daniel pelo pescoço – Ele era alguns centímetros mais baixo – E forçou a cabeça dele até cobrir a boca do lobo rosnante com seus próprios lábios. Era um beijo impositivo, agressivo e mesmo Daniel tentando se afastar, não conseguiu. Cai era forte, não obviamente forte, mas era silenciosamente forte e uma muralha de concreto se quisesse ser. Daniel não estava preparado, ninguém estava, porque além de tudo Cai era imprevisível. Daniel finalmente o empurrou e se afastou com os olhos chocados agora, como se tivesse tomado um choque, um golpe, algo que o desnorteasse. Cai o olhou firme, dessa vez sem emoção – Pronto, roubei seu primeiro beijo de verdade, agora pode parar de surtar e me obedecer.

— Seu...

— Pode me xingar e você provavelmente vai, mas não tem para onde correr, Daniel Debrecci, estamos em um barco no meio de um oceano profundo e aqui só há nós e suas duas capitãs. Você é meu como Jeff é, como Temps é e é melhor que tenha conhecimento disso agora para que não haja mais dúvidas, você vai sim me obedecer e é melhor começar logo para agilizarmos isso. Você é virgem e eu sei disso porque sou parte culpado, eu tenho aterrorizado todas as suas quase namoradinhas a mais de dez anos, eu tenho a delegada te protegendo e seguindo seus passos só para desencargo de consciência e claro, eu tenho te mantido na minha redoma mesmo que não tivesse a mais remota desconfiança disso. Você não quis transar com o Temps porque no fundo da sua alma perdida que pensa que não possui, teve medo de machucá-lo já que não sabe o que fazer, mas não se preocupe, eu te ensino.

— VOCÊ! SEU... DESGRAÇADO!

— Sim, eu. Eu sou a causa de todos os dates errados da sua vida e esse seria o motivo certo de brigar comigo e não com o Jeff Mercin. Ele não te disse nada porque te conhece melhor, sabe que você é uma anta teimosa que não quer ver nada além dos próprios pés e tudo bem, isso foi muito útil para mim de todo modo. Se não percebeu, aos olhos de toda a cidade você é o melhor partido, por isso Mercedes se jogava em cima de você, por isso todas as mães queriam você como genro. Eu pensei que fazia isso apenas por... Cuidado, talvez, sendo que todas as mulheres que foram atrás de você e as que você tinha ocasional interesse não eram boas ou tinham sentimentos reais, mas agora eu percebo que era posse também – E nisso Cai deu de ombros. Eu quase ri e me escondi mais na parede onde estava escorado. Cai estava jogando tudo aquilo na cara do Daniel daquele jeito mesmo? – Posse, Daniel, posse e você queira ou não agora você é meu, praticamente meu e em breve judicialmente meu. Se quiser ainda lidar com a sua sexualidade eu vou esperar, eu tenho paciência, uma paciência infinita, mas fugir não é uma hipótese válida.