4 - A aventura começa

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Claire

Durante os 15 dias que fiquei de licença médica, pensei seriamente na ideia do meu tio sobre tirar um ano sabático. Inicialmente achei a ideia muito absurda, mas com o passar dos dias comecei a achar bastante atraente. Meu tio ficou comigo por 10 dias e nós aproveitamos muito a companhia um do outro, poucas vezes desde que comecei a faculdade de medicina tive tanto tempo para isso.

Fiz as compras de equipamentos e roupas que eu iria precisar para a viagem e iniciei os meus treinos para conseguir fazer a trilha. Contratamos um personal trainer que passou os treinos para cada um de nós e além disso voltei a correr, coisa que eu não fazia há anos. Só por estar me exercitando e com a perspectiva de fazer essa viagem com meus amigos, meu ânimo melhorou muito e me sentia ótima.

Quando chegou minha avaliação no hospital, fui liberada para voltar ao trabalho, de forma mais leve, com uma carga horária menor. Aproveitei para conversar sobre a minha vontade de tirar uns 6 meses de licença, com possibilidade de estender para um ano. Meu chefe não ficou feliz com essa ideia, mas entendeu e disse que seria possível, que seguraria minha vaga por até um ano, caso eu decidisse realmente tirar uma licença prolongada.

Diante disso, passei a pesquisar possíveis destinos para continuar minha viagem após a nossa ida para a Patagônia. Tinha tantos lugares que eu queria conhecer ou revisitar, como Machu Picchu, no Peru, que fui com meu tio quando tinha uns 10 anos. Queria conhecer o Brasil, principalmente as praias e a Amazônia, o Caribe, a África... Enfim, tantos lugares interessantes. Tio Lamb estava mais empolgado do que eu, ficava me mandando links de páginas com vários destinos incríveis. Comecei a me empolgar com a ideia e a fazer rascunhos de roteiros possíveis. Em alguns momentos ficava muito insegura de viajar sozinha, mas pensei que seria uma experiência única e maravilhosa. A verdade é que eu não era obrigada a nada, caso no meio do caminho alguma coisa desse errado, ou se eu me sentisse insegura ou solitária, poderia comprar uma passagem de volta e simplesmente desistir, ou então ir para outros lugares. Por sorte eu tinha boas economias e, desde que não saísse gastando descontroladamente, acreditava que poderia financiar essa aventura.

O fato de iniciar a viagem na companhia dos meus melhores amigos me deixava muito empolgada. Eu nem acreditava que conseguiríamos viajar os 4 juntos. Fosse qual fosse o destino tinha certeza de que seria maravilhoso.

O tempo passou muito rápido, finalmente chegou o grande dia. Gail, a namorada de Joe, foi nos deixar no aeroporto, dando mil recomendações para que cuidássemos dele: "Não vão deixar meu namorado se apaixonar por nenhuma nativa, fiquem de olho nele!" Nós todos rimos, pois sabíamos que Joe era completamente apaixonado e comprometido com ela.

Quando embarcamos nossa empolgação era tanta que demoramos algumas horas para finalmente nos deixarmos vencer pelo sono. Chegamos em Santiago do Chile, onde logo depois embarcamos para outra cidade, bem mais ao sul, chamada Punta Arenas. Lá descansamos um pouco, e no dia seguinte seguimos de ônibus para Puerto Natales, a cidade mais próxima do Parque Nacional.

Chegamos a Puerto Natales, uma cidadezinha muito simpática, onde o vento forte é uma constante, fizemos os últimos preparativos, arrumamos as mochilas, compramos algumas coisas que faltavam. Separamos a bagagem que ficaria no depósito no hotel, finalizamos e pesamos as mochilas. Para este tipo de trilha, o peso da mochila era muito importante. Uma mochila pesada além do necessário tem o poder de estragar tudo. Não era fácil ser tão minimalista, mas era necessário.

Era hora de relaxar e aproveitar um pouco a culinária local, e tomar algumas bebidas. Nos demos 2 dias de descanso antes de começar a trilha e nesse tempo circulamos bastante, encontramos pessoas do mundo todo que vão até aquele lugar distante para conhecer Torres del Paine.

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