A brisa fraca da noite batia de relance em uma janela de um belo casarão no meio de uma floresta.As estrelas e a lua brilhavam levemente iluminando a casa. A pequena fração de luz iluminava a janela de um quarto escuro, aonde no canto de forma encolhida estava sentado alguém.
Esse alguém não era ninguém mais ninguém menos que Portugal, o lusitano possuia os cabelos bagunçados, as suas vestimentas se encontravam amassadas e com os olhos vermelhos de tanto chorar.
—...M-minha... Musa.... M-minha ...flor.... - profere o filho do Império Romano com a voz embargada enquanto acariciava algo em suas mãos com carinho -
Ele tinha tal coisa em suas mãos como se fosse o seu bem mais precioso. Brilhava levemente por causa da luz da lua que saia pela janela dá pra se distinguir uma margarida branca. A mais linda e bela de todas as margaridas de qualquer jardim. Suas lágrimas caiam como gotas nas pétalas esbranquiçadas.
Ele sentia tanta falta dela, tanto que nem era possível colocar em palavras o quanto ela fazia falta em sua vida. Durante todos esses ultimos quinhentos anos ele já havia tentado de tudo para seguir em frente. Mas ele não conseguia.
Tal mulher que ele estava se referindo era Pindorama (ou Tupi para alguns) uma representação dos povos indígenas de lingua tupi antes da colonização.
—E-eu sinto muito... Meu amor.... - Ele beija delicadamente as pétalas frágeis. Essa flor era a que a de cabelos carmesin utilizava antes de morrer, por incrível que pareça depois de todo esse tempo ela nunca murchou, uma das únicas lembranças vividas dela -
Antigamente qualquer coisa que o lembrava da mulher já fazia os olhos do Português se encher de lágrimas (não que atualmente muita coisa tenha mudado) por isso tinha pedido para seus serviçais se livrarem de tudo que o lembrava dela. Um grande erro.
A maioria das lembranças do trabalho de Tupi nessa terra foi perdido. A maioria... Não todos. E uma dessas ainda vivas graças a Jeová era Brasil. O seu filho, só em pensar no latino sentia seu coração se afundar em mais em um sentimento conhecido como...
Culpa
Por que ele sabe que foi um pai péssimo não só para o esverdeado mas para todos os seus outros filhos. Ignorava o tanto de dor que causava a todos eles, mas na visão dele naquela epoca ele estava certo.
Se recorda do Brasil de quando era apenas um miudo ainda possuindo o nome de Vera Cruz. Um pequeno rapaz não muito maior que suas pernas, possuia a pele branca com uma cruz vermelha no meio e cabelos encaracolados com suas bochechas rosadinhas como maçãs. Ele puxava a manga da camisa do mais velho e timidamente perguntava sobre mãe pela milésima vez, também se lembra que logo em seguida de forma rude o mandava calar a boca e falava a desculpa de que ela "faleceu doente"
Mas era mentira
—A culpa... foi m-minha... Se eu pudesse... - o de pele carmesin move suas mão direita para o seu antebraço esquerdo, a qual possuía várias cicatrizes de arranhões, tanto mais antigas como recentes, ele esfrega os dedos lá em movimentos circulares - Apagar tudo o que EU fiz... Você ainda estaria aqui... Comigo...
O relacionamento do lusitano e da indígena já estava fadada a tal acontecimento, eles eram de mundos opostos, na época não teria como dar certo e a relação que eles tinham as escondidas era totalmente arriscada.
Nos planos ele deveria ter apenas ficado com ela e a engravidado por questões de território, mas o destino quis brincar com ele e o fez se apaixonar pela de cabelos longos.
Uma lembrança de como se conheceram invade a mente do Countryhuman, dele sentado no chão com a mulher gigante apontado uma flecha para o rosto dele.
Por mais assustador que a situação parecesse estar literalmente com a morte apontando pra sua cara, ele estava mais fascinado com a beleza da indigena com o fato de que em qualquer movimento dele ele iria dessa pra melhor.
Ele aperta as unhas firmemente na carne de seu braço.
Os futuros trinta anos que passou com ela foi o suficiente para ser um dos melhores anos de sua vida. Quando estava com ela se sentia tão bem e acolhido como nunca esteve em sua vida. Parecia que finalmente as coisas tinham dado certo para ele.
Mas o destino decidiu que já era hora de acabar com a brincadeira. E então aquilo aconteceu. O que jogou sua vida de cabeça pra baixo.
Se perguntava todos os dias o que aconteceria se as coisas fossem diferentes, se ele estivesse se esforçado para tentarem lutar pelo direito de estarem juntos, buscado outras alternativas invés daquela ela estaria aqui agora ao seu lado. Mas ele sabe que séria impossível.
Nesses últimos tempos tentou até ter novos relacionamentos e encontros românticos com outros países por insistência de Brasil e Moçambique.
Teve especialmente com Espanha e até chegaram a namorar por uma semana mas o relacionamento de ambos não deu certo e Portugal terminou com o outro europeu. então cada um foi seguir sua vidaA verdade é que ele não conseguiu mais amar NINGUÉM como amou ela.
Amar outra pessoa que não fosse ela parecia totalmente errado, sentia que a estava traindo. E então decidiu que iria ficar sozinho a vida toda.
Um grunhido de dor sai de seus lábios ressecados.Sentia tanta falta dela, de seu calor, de seu abraço, de seus cabelos, de seu cheiro... De seu sorriso caloroso que iluminava os dias mais nublados.
Suas unhas afiadas então arranham o seu braço profundamente, do cotovelo até o pulso, sangue fresco escorrendo de seus cortes mancham de vermelho a margarida pura.Portugal encostou a nuca na parede e olhou para o teto, sorrindo levemente e desejando ser abraçado pelo doce calor da morte para ver a face do amor de sua vida novamente.
(...)
Na penumbra da noite um carro se estaciona na frente do grande casarão. Um homem de pele verde e dreads suspira e desce do carro carregando uma cesta. Ele olha para a residência um pouco nervoso, sentia a brisa fria da noite e treme levemente.
—Huuh...! Certo, relaxa Brasil, é só você bater lá - ele se aproxima da porta e bate nela, mas não recebe nenhuma resposta, ele bate de novo só que mais forte - OH TUGA SOU EU, ABRE A PORTA POR FAVOR TÁ FRIO AQUI - Ele continua insistindo por alguns minutos até desistir - Esse velho... sinceramente - ele apenas deixa a cesta que carregava consigo em frente a porta da casa de seu pai - O que ele esta fazendo? Você me preocupa, pai idiota... - olha uma última vez para a casa e se retira, enquanto a lua observava silenciosa
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Culpa (Countryhumans)
FanfictionMais uma noite chega, uma noite cheia de lamentações, arrependimentos e culpa. Portugal terá que lidar com os problemas que ele mesmo causou