27 de setembro de 1457

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Avisos: Tive essa ideia quando estava vendo vídeos sobre o assunto, tentei mostrar como as coisas eram cruéis na época. Eu sei que as pessoas naqueles tempos eram analfabetas, mas, achei mais interessante escrever em formato de carta. Fiquem com a história.

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Dia 27 de setembro de 1457.

Escrevo essa carta enquanto lágrimas saem dos meus olhos. Eu dediquei a minha vida a igreja, mas, por amar quem não devia, acabei virando uma pecadora, Deus me perdoe, por favor.

Ela era a garota mais linda que vi por aqui passar, cabelos escuros, olhos castanhos, rosto perfeitamente desenhado. Não digo só de aparência, ela era gentil, humilde, carinhosa, seu nome combinava com suas características, Marcy.

Nós nos apaixonamos, não digo que foi a primeira vista porque seria mentira, e mentir me torna uma pecadora pior ainda. Encontrei ela perto de um pequenino riacho, estava colhendo flores. Eu me lembro como se fosse hoje, conversamos até nos cansarmos, até a escuridão reinar o céu. Falávamos sobre a vida, reinados e o nascimento de Henrique VII, o filho do rei, que ela não viu completar um ano.

Todo dia nos encontrávamos naquele mesmo riacho, até que a nossa relação ficou muito mais forte, não nos víamos somente como amigas mais, mas, não queriamos dizer nada, não podíamos pecar de tal forma.

Em junho, outras camponesas notaram a nossa intimidade. Nunca fomos de fazer mal a ninguém, ser mal não é o que Jesus Cristo quer para nós. Haviam três homens que eram maridos dessas camponesas, eles nos seguiam até o dia em que os inquisidores chegaram em nossa vila.

Eu não consegui mais me segurar, eu queria ama-la, eu queria viver com ela, creio que o Anti-Cristo deva ter me possuído, me feito cometer uma heresia dessas, cair na tentação. Levei ela para uma floresta e lá nós nos beijamos pela primeira e última vez, eu digo que foi ótimo, o melhor momento da minha vida, foi feliz, nós riamos de felicidade, somente nos sentimos culpadas depois de alguns minutos, ela se afastou de mim e fugiu com um olhar de desgosto. Os homens viram, não durou muito até denunciar eu e minha garota, já que os inquisidores estavam em nossa vila naquele momento.

Marcy tinha como passatempo colher flores, achavam que ela colhia para fazer poções que faziam mulheres se apaixonarem por ela e transforma-las em pecadoras, acreditavam que ela tinha um pacto com o Anti-Cristo.

Um mês atrás, em agosto, após longas julgaçoes torturantes, Marcy foi condenada a fogueira como uma bruxa, logo após a decisão final, Marcy disse que não se arrependeu de nada e faria de novo. Marcy foi levada a praça de nossa vila, lavada em óleo e amarrada em um tronco, ela sorriu para mim por um tempo, mas logo começou a rezar e a chorar, eu chorei junto com ela. Um homem logo colocou fogo, eu vi em seus olhos o sofrimento, eu vi o quanto aquilo estava doendo e tudo por culpa minha, as pessoas estavam entusiasmadas vendo aquilo e gritando "queimem as bruxas" e eu me senti isolada... ter esse tipo de sentimento é pecado? Ali eu vi, ela sendo morta em minha frente, sabendo que poderia ter sido evitado se eu não tivesse caído na tentação.

Alguns dias depois eu fui enviada para a minha tortura, fui condenada a "pera", não irei dar detalhes. Mas agora, estou completamente devastada, não sinto mais aquele felicidade genuína de viver, ela era a minha vida, mas não posso tirar minha vida, é pecado.

Eu te amei, Marcy.
Com amor, sua loira...
Sasha Waybright.

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