Prólogo

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Um ser obscuro se rastejava para fora de debaixo da cama do garoto, e lentamente tomou forma para o que parecia uma pequena mão, como a de uma criança e rastejou para perto do menino que dormia calmamente. Se aproximou, e se aproximou, até encostar delicadamente na mão do menino, a segurou calmo e acariciou seus dedos como se dissesse só para ele; que tudo estava bem.

Ycaro Santoro era um garoto normal, não, com certeza não era um garoto normal, e as pessoas sabiam. E tudo começava com uma estranha marca de nascença em sua testa, que lembrava um grande olho fechado, o odiava realmente, deixava seu cabelo longo apenas para que pudesse cobrir aquela marca.
   A mãe dele também era estranha, Antonella vivia com uma cara cansada, mas também, uma mãe solo de um garoto problemático como Ycaro é, não era fácil. Ycaro é problemático, mas não era o tipo de garoto que arrumava encrenca, na verdade era o anjinho da vizinhança, as senhoras mais velhas que não se importavam mais com nada adoravam o menino, chamando ele sempre de pequeno ycaro, mas os outros garotos de sua turma que gostavam de implicar com ele.
Seus vizinhos viviam cochichando sobre os dois; também eram os únicos da rua de baixo que não iam à igreja, muito menos comemoravam datas religiosas, sua casa era sempre as sem luzes no natal, ou sem chocolate na páscoa.
Também diziam que seguiam uma religião estranha, "wicca? O que isso significa?"

Ycaro voltava da escola devagar, e meio melancólico, os garotos haviam puxado seus cabelos, "um garoto não pode ter cabelos longos" diziam durante a aula enquanto puxavam cada vez mais forte, como podiam ter mães tão boas e ter uma personalidade tão ruim? Devia ser coisa de seus pais, numa frustrante tentativa de fazer seus filhos verdadeiros "homens".

O rapaz entrou dentro de casa percebendo que sua mãe ainda não havia chegado, o que era um pouco estranho, sempre estava em casa quando seu filho chegava da escola. Passou 1, 2 horas e nada de sua mãe, pegou um casaco verde musgo que ela havia feito para ele e foi a sua procurar. O céu escurecia e começava a chover deixando seu cabelo tão escuro que parecia azul colando em seu rosto, a cidade que viviam não era tão grande, não deveria ser tão difícil achar ela. Bateu de porta em porta.

- A Antonella pediu carona para o hospital, ela parecia bem mas você sabe como é a saúde dela

- Sei sim, tchau Maria.

- Tchau querido.

Sua mãe realmente tinha uma saúde terrível, e isso começou quando seu pai o abandonou ainda quando bebê. Andou até o hospital um pouco rápido, e pegou o bondinho para chegar mais rápido.
Quando chegou ao hospital desceu do bondinho e entrou na recepção recebendo então uma notícia terrível.




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