O Retorno do Homem Sem Rosto

Verão Invencível

Aviso: Contém gatilhos como violência, rapto, doença e uma amiga muito dissimulada. Boa leitura!

Sei que ainda não é o final, mas, estou atualizando, pois não poderia deixar de fazer duas dedicatórias: 

 Ao 👶🏻 que partiu tão cedo, levando parte do meu coração, escrevi para aplacar a dor da perda. 

Pois é, a vida tem muitas intempéries, luto e dor, porém, não podemos perder a esperança. Dias melhores sempre virão! :)

E Kathy, obrigada pelo incentivo e puxão de orelha em off, quando  eu quis desistir. :)

Boa leitura!

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Capítulo 28: 

Verão Invencível

   Após um tempo, Cleo, enquanto é levada na ambulância, sente o aperto no peito aumentar. A inveja, o rancor, a concupiscência e uma paixão cega por um homem a levaram para um caminho muito sombrio. Até quando conseguirá manter a história? Terá sangue frio suficiente para continuar com o plano? Ela nunca imaginara que poderia chegar naquele ponto e que seria capaz de ter cometido um crime tão terrível. Embora procure afastar os pensamentos, eles continuam atormentá-la. Neste instante, diversas imagens martelam o seu cérebro: S/N, despedindo-se dos que amam; Richy rodeado de aparelhos na UTI e, para arrematar, o triste destino do inocente Michael Hanson.

     A melhor amiga de Hannah compreende, enfim, que foi longe demais e que agora precisa lidar com a lembrança das últimas palavras daquela que sempre lhe dedicou amizade. Olha para o lado e se depara com o semblante desconfiado de Jessy. A ruiva questiona e rebate tudo o que ela fala, inclusive, a suposta descoberta de um aparelho celular do sequestrador, que possibilitou que as quatro fossem resgatadas. A própria Cleo ligou para a Polícia e forneceu detalhes da localização, o que também fez Lilly suspeitar.

    Se a expressão da sócia a perturba, Cleo constata, pesarosamente, que terá muita dificuldade em enfrentar Dan; o amigo sempre desconfiado, Alan; um experiente delegado, e Jake, que fará de tudo para recuperar a namorada. Diante desse quadro, percebe, desesperada, que está sem saída e que a história contém muitos furos. Mesmo assim, prefere continuar a dissimular. Com uma voz débil, decide alegar que viu S/N ser assassinada pelo Homem Sem Rosto, mudando novamente a versão dos fatos. 

   - Não me lembro de ter visto sangue na cabana. - Jessy rebate, assustada. - Você disse que ela foi carregada inconsciente. Por que, agora, está dizendo com convicção que ela morreu?

   - Você não está vendo que a sua amiga está em choque? - o paramédico repreende Jessy.

   - As...as cenas estão ainda nebulosas em minha mente. - Cleo disfarça, balbuciando. - Eu... eu...eu me lembro... de-dele, o Ho-Homem Sem Rosto ter estrangulado S/N...acho que estou perdendo o ar. Me ajudem, por favor!

   - Cleo! Isso não faz sentido! - Jessy grita com a amiga, desferindo-lhe um bofetão, em uma espécie de tratamento de choque.

   - Por favor, senhora, mantenha a postura! Vamos ter que sedar a sua amiga. Ela está tendo um colapso nervoso. - o paramédico avisa, encarando a ruiva. - Vocês passaram por muita coisa.

   Cleo, por um instante, fica aliviada ao ouvir que será sedada, compreendendo que pelo menos durante o sono, o medo e o remorso poderão ser amenizados. Antes de apagar, no entanto, tem uma alucinação com S/N, que sussurra para ela. - A dor somente aliviará se você confessar. Está arrependida, Cleo? Talvez ainda dê tempo para sua redenção. Porém, se continuar mentindo, o Kurt te descartará do mesmo jeito. Terá o mesmo destino que o meu, mas, pelo menos, eu descansarei em paz. E você?