Eu não sabia oque tinham naqueles olhos, vermelhos como os de quem chapou ou chorou a noite inteira, perdidos, incrivelmente azuis e tão marcantes...
(...) Senti a sensação de conforto nos olhos daquele estranho rapaz, eu não sabia porque estava fascinada, mas eram lindos. Da cor do Mar...
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Seis meses depois de concluir o ensino médio aqui na Bahia finalmente eu iria para o Porto em Portugal, estudar psicologia e quem sabe construir uma vida la.
Sempre fui fascinada no país, para ser especifica desde criança, pois minha mãe nasceu em Lisboa e o meu pai nasceu em São Paulo, porém foi criado no Porto, assim que casaram decidiram vir para aqui no auge dos anos 2000 e quatro anos depois eu nasci, amo o Brasil, amo minha Bahia e toda beleza que aqui habita, mas a beleza de Portugal também me encanta, lembro-me da infância quando passava férias na casa da minha tia.
Sonho.
Naquele dia, naquela madrugada eu não estava com muitas pessoas, mas estava com as que eu precisava, meus dois melhores amigos.
Estávamos na praia como sempre e tudo parecia igual, mas não era, não dessa vez.
Parei para pensar e me toquei que realmente estava acontecendo, eu iria realizar o sonho tão esperado e a minha ansiedade como de praxe me deixava bagunçada, tensa, agitada...
Tudo ao mesmo tempo.
Eu sentia uma...
- Montanha russa de emoções
- Oque?
Pedro franziu o cenho enquanto questionava oque eu dizia depois de longos minutos em silêncio.
- É oque sinto nesse momento!
Expliquei.
- Não creio que já vai tão rápido.
Pedro dizia enquanto levantava para secar as lágrimas pois estava chorando.
- Seu delineado está escorrendo, Pedrinho.
Allana falava para Pedro, rindo enquanto ele disfarçava o choro e vê-lo assim me deixava comovida pois era raro quando ele chorava.
- Mas realmente não acreditamos, um dia desses estávamos planejando uma fuga da escola ou um rolê aleatório depois da aula.
- Eu estou tão nervosa.
Afirmei.
- Você vai conseguir, fica tranquila, já-já se adapta e manda mil fotinhos no nosso grupo.
Pedro disse ao se sentar quase caindo.
- Vamos te visitar.
Allana falava alto enquanto dançava "Superman' do Eminem.
- Vamos, nem que seja preciso trabalhar 48 horas consecutivas!
- Que exagero, assim que eu puder levarei os dois e com tudo pago para morar comigo!
- Sendo assim, sim.
Allana e Pedro falaram juntos, gargalhamos com a minha resposta tão rápida.
Estávamos no farol olhando para o céu, vendo as estrelas como sempre em ocasiões especiais ou não tão especiais, conversamos, choramos e gargalhamos lembrando de todas as aventuras que vivemos ali e tudo que já enfrentamos, principalmente depois de tudo. Daqui à umas horas eu estaria num avião indo para uma realidade totalmente diferente da que eu vivi por 18 anos e finalmente vou poder recomeçar.
Enquanto eu pensava Allana se levantou
- Bom, a conversa está boa e a também, mas vamos para a minha casa!
-Já?
Pedro bêbado perguntava
-Garoto...
Ele olhou sabendo e soltou um pequeno suspiro como quem diz "lá vem"
