Conviver.

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Hoje é mais um daqueles dias que eu não suporto me olhar no espelho, e ter que ver a minha cara de acabado e sem ter o que fazer. Ontem a tarde, eu pensei em caminhar um pouco pela área aberta do batalhão B, ao qual estou preso, e não sei quando ou se vou conseguir sair.

O por do sol bateu em meu rosto, o céu estava em um azul celeste muito bonito, o campo estava vazio, e nos fones, eu escutava alguma música aleatória da Lana Del Ray. Estava em uma espécie de paz, mesmo que soubesse que duraria muito pouco, mas eu queria aproveitar o quanto podia, a poeira dourada, e os sons de carros passando na pista da cidade. Descobri que havia uma porta secreta atrás da lata de lixo, que dava para o terraço do prédio. Encontrei por acaso, quando tentei marcar sesta na lata, com as sementes de uma maçã que roubei do frigobar do Yoongi.

Quando cheguei no terraço, encontrei uma bela vista do ponto mais alto do prédio, o vento bateu em mim, e eu fechei os olhos sentindo a adrenalina de estar alí, percorrer pelo meu corpo inteiro.

Encontrei uma manta verde no chão, e dois travesseiros pequenos com formatos de sapos. Achei até que bonito, provavelmente uma criança de alguma ala longe da minha tivesse encontrado aquele lugar antes de mim. Aproveitei, e tirei um cochilo - pelo menos era para ter sido-, e só acordei no dia seguinte, com o sol diferente do de ontem, em meu rosto, marcando a minha cara com os raios fortes e quietos da manhã de uma quarta feira.

Mas era tudo um sonho.

Eu pensei em ficar deitado na minha cama, o dia inteiro. Mas um certo alguém não deixou, e acusou-me de ser preguiçoso o tempo inteiro, sendo que na semana passada, se não fosse por mim, ele perderia a apresentação do trabalho. Ingrato, mau agradecido.

Agora estou sentado no banco, na sala de espera da minha consulta com a médica psiquiatra, que me fez remarcar a minha consulta há mais ou menos, duas semanas atrás. Estou como sono, meus cabelos estão um pouco bagunçados, estou vestido em um conjunto de moletom cinza, batucando os pés no chão, por ter sido acordado mais cedo do que deveria.

-- Ei, é a sua vez.__uma mulher ruiva ao meu lado, tocou a minha coxa, ela tem os olhos azuis que me analisam de perto, como se estivesse conferindo se estou realmente vivo.

Ela sorriu, e eu percebi ela pegar um urso vermelho que estava no outro banco, e abraça-lo como se ele fosse o seu filho. Eu me levantei, e seguir até a esquerda, toquei na porta branca, e so entro quando escutei um "pode entrar" meio inaudível. Estou com muito sono, mas tenho que ser responsável, aff.

"Affs" De onde eu tirei isso?

-- Desculpe a bagunça!__A morena, de cabelos soltos, olhos pretos, e sorriso tímido, disse.

-- Tudo bem, eu-... prazer, Jungkook.

A sala pequena está uma bagunça, tem papéis para todos os lados, e restos de lixo no canto da parede, como se ela tivesse varrido e deixado no canto por dias.

-- Desculpe por isso. Eu sou Susanna.

Ela estendeu a mão, eu apertei e tentei sorrir. Nunca achei que encontraria alguém mais desorganizado que eu. Mas acabei de encontrar, usa jaleco branco, e parece perdida olhando para todos os cantos da sala pequena. Me sentei na cadeira, de frente para a sua mesa que talvez seja marrom, enquanto ela afasta alguns papéis para o lado, sem muito resultado visivelmente.

-- Hm, não está tendo um bom dia?

Eu perguntei por educação, não que eu esteja realmente interessado em saber do dia da minha psiquiatra nova. Mas ela não precisa sabe que eu acho isso.

-- Na verdade eu acabei de me mudar para essa sala, ela é mais espaçosa que a antiga, e mais bagunçada também.

Ela está ao lado da mesa, mechendo na máquina de café. O cheiro é forte, e me fez lembrar de casa, quando eu tomava quatro xícaras de café com leite e muita açúcar. Mas agora não faço mais isso, o que tem me ajudado bastante a controlar a minha ansiedade.

 ̶,̶R̶e̶s̶p̶o̶s̶t̶a̶s̶ ̶C̶o̶n̶t̶é̶m̶ ̶P̶e̶r̶g̶u̶n̶t̶a̶s̶.̶ Onde histórias criam vida. Descubra agora