1| Corra, garoto. Corra

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"Corra garoto corra

Este mundo não foi feito para você

corra garoto corra

Eles estão tentando te pegar

corra garoto corra

Correr é uma vitória

corra garoto corra

A Beleza se esconde por trás das colinas."

Run boy run - Woodkik



MELINA SE ESGUEIRAVA rapidamente pelos corredores do prédio, daquela vez não poderia falhar, seria a terceira tentativa de prender Dorian Delyon. O maldito era tão escorregadio como um quiabo, da última vez ele tinha conseguido fugir bem debaixo de seus narizes, usando o disfarce de um velhinho.

E quem iria desconfiar de um simpático senhor que teve seu prédio invadido por policiais? Até o escoltaram até o lado de fora!

Naquele dia ela se sentira uma completa idiota. Delyon não a enganaria novamente, tinha jurado isso para si mesma naquele dia. Dessa vez, optaram por se dividir, cada um em um ponto estratégico, subindo silenciosamente, sequer se comunicavam pelo rádio. Quando chegaram ao apartamento indicado, arrombaram a porta sem muita cerimônia, porém, não havia nenhum sinal de Delyon ali.

"De novo não!" pensou Melina, consigo mesma, saiu rapidamente do apartamento, percorrendo todo o corredor novamente. Passando por um dos apartamentos, avistou uma sombra se agitar por debaixo da porta, poderia ser apenas um morador nervoso com a invasão, mas horas antes haviam verificado todo o andar e o esvaziado todo para não haver imprevistos. Resolveu que não arriscaria deixar aquilo passar, se fosse apenas um civil pediria desculpas e seguiria adiante.

Silenciosamente levou a mão até a maçaneta testando e verificando que se encontrava aberta, porém, uma fina corrente prendia a porta à moldura, conseguia resolver aquilo tranquilamente. Com um chute forte, ela arrebentou a corrente e entrou, empunhando a arma. Encontrou um rapaz abaixado perto de um vaso antigo, parecendo querer o embalar. Os olhos bicolores dele se arregalaram ao focarem nela e rapidamente ele se levantou, erguendo as mãos em rendição, caminhando de costas em direção à porta que levava à sacada.

— Parado, Delyon, você está preso. - Sacando uma algema que havia levado, Melina começou a se aproximar, ainda com a arma empunhada, completando – Tem o direito de ficar calado, tudo o que disser pode e será usado contra você. Você tem direito a um.... Eu disse para ficar parado!

Dorian não havia parado de caminhar, continuava indo em direção à sacada, seus braços ainda estavam erguidos, porém, um sorriso jocoso estava estampado em seu rosto, como se estivesse se divertindo com algo. Olhou brevemente para trás e com um pequeno salto, subiu na balaustrada, encarando Melina em desafio.

Ela percebeu a intenção dele, porém, era uma queda do terceiro andar, dificilmente ele sobreviveria. Alarmada com a ideia, ela abaixou a arma brevemente, ainda pronta para qualquer movimento, e se aproximou devagar, levantando a mão à frente do corpo, como se quisesse acalmá-lo.

— Escuta, essa não é a solução, Dorian. Tenha calma, vamos conversar está bem?

Ele apenas ergueu a sobrancelha e olhou por cima do ombro, calculando a altura, lá embaixo algumas pessoas começavam a perceber a movimentação, mas ainda não havia nenhum sinal de alguma autoridade, provavelmente ainda não haviam sido alertados. Dorian não poderia se demorar muito.

— Dorian, olhe para mim! Me escuta, desça daí, nós podemos conversar, isso pode acabar bem.

Lentamente ele abriu um sorriso levando dois dedos à testa e depois os levantando, como se a cumprimentasse. Sem esperar por mais nenhuma palavra, deu um passo para trás e se jogou.

— Não! - Gritou Melina, correndo em direção à balaustrada.

Por alguns instantes sentiu uma pontada de culpa por ter incentivado Dorian a pular dali, em um ato puramente desesperado, mas ao ver qual era de fato o plano dele, seu sangue ferveu em suas veias e por pouco não o sentiu borbulhar. O maldito havia caído em cima de um toldo, que o impediu de se chocar com o chão. Ele sabia o tempo todo que o toldo estaria ali para ampará-lo.

— Desgraçado! - Ralhou, esmurrando a balaustrada. Pegando o rádio, comunicou – Suspeito em fuga. Ele entrou no beco da rua principal com a 40º.

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Enquanto isso, Dorian corria livremente pelo beco, sabia que tinha pouco tempo, então acelerou as passadas trombando uma loira bonita que vinha em sua direção, sabia que ela era uma das policiais. Sequer deu atenção, a deixou para trás gritando:

— Parado, Delyon, ou então vou atirar.

Ele se virou, ainda correndo, e ergueu a arma que havia surrupiado quando trombou com ela.

— Com essa arma aqui?

Dorian não teve tempo para se divertir com a reação da mulher ao descobrir que perdera a arma, quando se virou para frente novamente, saindo do beco, atravessou a rua, sem se importar com as buzinas dos carros soando e os xingamentos das pessoas. Até pensou que talvez tivesse despistado a policial, mas ela continuava muito perto, sua agilidade era incrível.

Passando por dentro de uma feira, Dorian derrubou algumas bancas, tentando atrasar a agente, mas ela continuava muito próxima de si. Quando virou uma esquina, acabou derrapando e teria caído se não fosse rápido o suficiente para apoiar a mão no chão e recuperar o equilíbrio.

Quanto mais corria, mais próximo ela parecia, a mulher era praticamente uma velocista e Dorian tinha certeza de que ela estava perdendo um bom tempo na polícia. Estava começando a ficar irritado por não conseguir despistá-la, mas sua vantagem era que conhecia perfeitamente cada entrada e beco daquele bairro. Esperou até estar próximo o suficiente de um beco e entrou bruscamente, sem diminuir em nada sua velocidade.

Encontrou um alambrado ao final, impedindo a passagem, porém, ele apenas acelerou mais ainda as passadas e praticamente se jogou contra aquele obstáculo, escalando-o com habilidade e pulando para o outro lado. Não esperou que a policial o alcançasse, recomeçou a correr e com satisfação a viu atrasada quando deu uma breve olhada para trás.

Sorriu satisfeito com aquilo e até deixou uma risada de deboche escapar, porém, sua felicidade não durou muito tempo. Ao sair do beco, sequer prestou atenção aos lados da rua, atravessou correndo e se deparou com um carro vindo em sua direção. Não conseguiu se desviar antes do veículo o atingir, sentiu o impacto em seu corpo e depois tudo escureceu. 


"Olá, meu amores! Como vão? Finalmente saiu o primeiro capítulo de Carte Blanche. As postagens ainda não começaram definitivamente, pois, ainda estou encerrando outro livro. Porém, quis adiantar essa história e dar um gostinho de como será. Espero que tenham gostado e até o próximo capítulo. (Não se preocupem, não demorará a sair!)

Beijos,


Rafa."

Carte Blanche - Carte Ás 1Onde histórias criam vida. Descubra agora