Capítulo 1

71 15 60
                                    

"Às vezes é preciso fingir não saber oque
sabe"

- Autor desconhecido

~~×~~
Pov: Harry

Havia um mês que estava morando naquele quarto vazio, composto somente por um sofá, uma coberta fina, uma televisão e um armário.

Já fazia um tempo desde que a energia foi cortada, antes disso, era possível ver a confusão que estava de fora daquele quarto, pessoas agitadas, brigas nos bares e mortes circulando, todos eles ligados a um único motivo, me encolhi debaixo das cobertas tentando buscar calor. O inverno havia chegado muito mais forte do que dos últimos anos.

Ao me erguer, o vento frio sibilava contra minha pele, como se zombasse da minha desproteção. Eu sabia que precisava encontrar uma vela, um pequeno farol de esperança em meio à escuridão que envolvia minha morada.

O som de um trovão ribombou nos céus, um estrondo mais poderoso do que os anteriores, iluminando momentaneamente o interior sombrio do quarto. Foi o suficiente para divisar o armário, seu contorno mal delineado no canto mais remoto da sala, que já não parecia tão ampla sob a penumbra.

As velas, quando encontradas, revelaram-se incrivelmente pequenas, como se sua chama vacilante ecoasse a fragilidade da situação em que me encontrava. Ainda assim, diante da escuridão envolvente, eram minha única opção. Com um graveto, provoquei o fogo necessário, sentindo o calor reconfortante irradiar pelas minhas mãos trêmulas. A luz tênue que emanava das velas era como um bálsamo para a solidão que se abatia sobre a casa, dissipando, ao menos momentaneamente, as sombras que ameaçavam consumir-me.

Me deitei na cama, e fiquei observando a janela, o céu estava mais estrelado do que das últimas noites, não sei por quanto tempo fiquei admirando elas, mais quando olhei, vi que a vela estava chegando ao final , aproveitei o restante de luz  antes de voltar à total escuridão.

~~×~~

Despertei abruptamente, meu corpo se erguendo com violência enquanto minha respiração se tornava ofegante. Lágrimas escorriam dos cantos dos meus olhos, embaçando minha visão ao me erguer rapidamente da cama. Minhas mãos estavam úmidas de suor e meu corpo tremia involuntariamente, uma sensação familiar de terror me invadindo: os pesadelos haviam retornado, como sempre.

A luz do sol invadia o quarto, batendo diretamente em meu rosto e forçando-me a cerrar os olhos. Com as mãos, tentei bloquear parte da luminosidade para conseguir enxergar com mais clareza enquanto me dirigia ao banheiro. O cômodo estava esparso, contendo apenas uma pia e um balde no chão, que eu utilizava como alternativa para um banho.

A água que escorria da torneira estava gélida, ainda mais fria do que me lembrava da última vez que me aventurei a tomar um banho. Não sabia ao certo se aquela breve imersão poderia ser considerada um banho, já que apenas metade da sujeira parecia ser removida, mas não podia permitir que mais sujeira se acumulasse em meu corpo.

Meu corpo tremia não apenas pelo frio da água, mas também pela incerteza e ansiedade que pairavam sobre mim. Me perguntava se valera a pena me molhar naquela água gélida, mas não havia tempo para questionamentos. Era preciso agir, era preciso sair da cidade agora.

Um par de braçadeiras que se estendia desde os cotovelos até os pulsos revelava minha preparação para enfrentar qualquer situação. Escondidas sob elas, um conjunto de facas aguardava, uma precaução que esperava não ser necessária, pois entre minhas coxas repousava uma arma, pronta para ser utilizada se a situação assim exigisse.

A Ordem|| DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora