Capítulo 51

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-Vou tentar explicar resumidamente. -Começou Anahi se sentando em uma cadeira. Só de pensar em tudo outra vez, suas pernas fraquejaram.

-Conta. -Pediu Dul atenta. Um pouco de caos na vida de outra pessoa, a faria esquecer um pouco o caos que estava a sua.

-Tudo bem. -A loira respirou fundo. -Quando me disseram que o nariz do Emi parecia de outra pessoa, isso ficou na minha cabeça. Como mãe dele eu já tinha percebido que é diferente do meu e do Manuel, mas eu achei que isso poderia ser porque talvez ele tivesse puxado o nariz de qualquer outra pessoa da família.

Nesse momento, Mai e Dul param de encarar Annie para reparar no pequeno nos braços de Mai.

-Mas depois que vocês falaram sobre pular a cerca, isso ficou martelando em minha cabeça como se meu subconsciente soubesse de alguma coisa que eu não sabia, ou me lembrava. Então umas noites atrás, eu sonhei que tinha ido em uma festa de um conhecido do Manuel. -Ela passa as mãos no rosto e as duas voltam a olhar para ela.

-E aí?. -Pergunta Mai, curiosa.

-E aí que pouco antes de eu engravidar eu tinha ido mesmo. -Conclui. -Eu acordei apavorada só com a possibilidade. Eu fiquei olhando o Poncho dormir porque eu não conseguia mais pegar no sono, e então eu notei que o nariz dele é arrebitado igual o do Emi.

-Não!. -Exclama Dul, com surpresa, tapando a boca com a palma da mão.

-É. Mas eu ainda não podia confiar só nisso, eram só coincidências pra mim até então. Foi então que conversando com o Poncho, eu dei um jeito do assunto chegar nesse conhecido do meu ex marido. -Annie respirou fundo mais uma vez chegando na parte decisiva da história.

-E aí, Annie? Continua!. -Pediu Mai aflita.

-Ele disse que conhecia, e que uns anos atrás, foi em uma festa na casa desse homem e ficou tão bêbado que só lembra de ter chegado lá e mais nada. -Concluiu ela.

-Chocada. -Dul se descreveu em uma palavra.

-Então o Emi pode ser filho do Poncho?. -Mai perguntou para ter certeza.

-Tudo indica que sim. -Dissera Annie.

-Como ele reagiu quando você contou?. -Perguntou Dul curiosa.

-Eu não contei. -Respondeu Annie.

-Vocês duas tem sérios problemas de comunicação. -Repreendeu Mai.

-Sabemos. -Responderam as outras duas em uníssono.

-Mas eu tenho meus motivos, não posso contar para Poncho o que ainda é apenas uma suspeita. Não vou alimentar qualquer esperança dele em ser pai de um dos meus filhos para depois descobrirmos que não é. -Argumentou Annie se defendendo.

-Eu vou contar logo. -Dul também se defendeu.

-Na clínica onde fomos, fazem teste de DNA?. -Quis saber Mai.

-Acho que fazem. -Dissera Dul.

-Pronto, resolvido. Annie faz um teste e, se der positivo, conta tudo pro Poncho. -Sugeriu Mai.

-Até que é uma boa idéia. -Dissera Dul tentando convencer a outra.

Tudo indicava que Poncho era pai de Emi, mas Annie não tinha certeza se queria que as suspeitas se confirmassem. Apesar de amar o atual namorado a muito mais tempo do que estava junto a ele, Anahi ainda tinha um certo receio, medo de como as coisas seriam, se mudaria alguma coisa entre eles caso fosse comprovada a paternidade.

Só que a dúvida era ainda mais estressante do que todo o resto, então a loira acabou entrando em um acordo com Dulce. O acordo consistia em Anahi dar um jeito de fazer esse teste de DNA o quanto antes e assim que pegasse o resultado, tanto ela quanto Dulce contariam seus segredos aos dois homens envolvidos: Ucker e Poncho. Assim nenhuma delas se sentiria sozinha quando precisasse fazer a revelação. 

Fios de cabelo do Poncho foram "furtados" de sua escova de cabelo na penteadeira quando ele dormia, então com o material que precisava, Anahi fora assim que pode para a clínica. Dul a acompanhou, assim também aproveitou para realizar mais uns exames. O bebê continuava bem e ambos continuavam saudáveis para a alegria de todos.

Foram duas semanas longas de espera, e cada dia que se passava, o frio na barriga de Anahi aumentava. Assim como o de Dulce, pois ela sabia que o dia de contar a Ucker que ele seria pai estava perto.

Era quase dez da noite quando Anahi recebeu um telefonema avisando que no dia seguinte ela já poderia ir buscar o resultado do exame. Um frio percorreu sua espinha e ela sentiu um mal pressentimento, como se alguma força quisesse a alertar sobre alguma coisa ruim. Mas ignorando completamente esse "aviso",  ela agradeceu o telefonema e desligou depois de confirmar sua presença no dia seguinte.

As crianças já dormiam, estavam todos no apartamento do Poncho.
Quando ele saiu do seu banheiro logo após terminar um banho, a encontrou pensativa sentada na cama.

-Quem era no telefone?. -Perguntou ele curioso.

-Ninguém importante. -Ela respondeu guardando o celular sobre a mesinha ao lado da cama.

Poncho deu de ombros e a observou se acomodar na cama. Ele então secou seus cabelos e vestido de apenas uma cueca boxer e uma bermuda, ele se juntou a ela na cama. A abraçando por trás, ele iniciou um caminho de beijos na curva do pescoço dela.

-Amor, eu tô cansada. -Ela mentiu. Na verdade não teria cabeça para mais nada naquele momento, seus pensamentos estavam concentrados em uns papéis guardados naquela clínica com a resposta da paternidade de um dos seus filhos.

-Tudo bem. -Ele dissera e então ela sentiu os beijos no pescoço pararem. -Boa noite, princesa, te amo.

-Boa noite, amor. Também amo você. -Ela respondeu mas preferiu não se virar para ele.

Anahi fechou os olhos e se concentrou em tentar dormir, só queria que o amanhã chegasse logo e, assim, colocaria um fim nessa tormenta.

Ou essa história seria esquecida, ou ela estaria só começando.

...

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