CAPÍTULO - 11

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Meus sapatos agora manchados com parte do sangue que escorria pelo chão ia deixando marcas à medida em que eu dava cada passo, entrei no último vagão e apontei a lanterna para os últimos bancos.

- Tá tudo bem, podem sossegar.

Minhas palavras não trouxeram um consolo perfeito, mas era o que eu podia oferecer.

- Tony e Pike estão dando uma olhada lá na frente.

- Talvez o barulho da tempestade tenha ajudado a abafar a luta - Marta respondeu gemendo. Olhei para a sua perna e o sangue ainda escorria.

- Na torcida - Falei enquanto dava um sorriso de canto de boca. Caminhei até onde mamãe estava.

- E aí ? Tá tudo bem ? - Me abaixei próximo dela e ajudei-a a levantar e sentar em um dos bancos. Ainda mantinha parte do medo de antes, pike e Tony podiam voltar com mas notícias, ou até mesma nem voltar.

- Não se preocupe comigo, ela que precisa de ajuda, esta perdendo muito sangue.

- Não - mais gemidos saíram da boca de Marta enquanto ela tentava se posicionar melhor -, Tony e pike logo logo vão estar aqui, eles vão fazer um curativo.

- Curativos ??? - Mamãe perguntou curiosa, ela olhava atentamente para o sangue escorrendo pelo chão.

- Sempre trazemos curativos conosco quando vamos sair para fora do búnquer, sempre pode dar algo errado e é bom que estejamos preparados - Ela respondeu movendo uma das mechas de seu cabelo curto por trás da orelha.

- Faz sentido, o lugar onde vocês vivem parece ser bastante equipado.

- Podem me falar por que o Thiago queria tanto ir para lá??? - Mamãe perguntou rapidamente com um tom de ordem.

- Não conheci ele, recebi apenas ordens para levarmos vocês até lá, devem haver pessoas lá que tinham alguma relação com ele - Marta respondeu docemente.

- E vai demorar para chegarmos ? Quero dizer.... Estamos perto? - mamãe replicou extremamente curiosa, como nunca antes eu tinha visto.

Outro trovão soou e após ele, Pike e Tony haviam retornado. Tony pegou sua mochila, puxou o zíper e começou a tirar alguns objetos.

- Tudo parece limpo lá na frente, aquele caçador devia estar sozinho e os demais podem estar nos procurando lá fora - ele fez uma pausa limpando pare da água que escorria em sua testa -, o bairro é grande. Conseguimos fechar a porta principal do metrô em frente às escadas por onde entramos. Vamos passar a noite aqui e descansar - Pike colocou seu fuzil encostados em um dos bancos e tirou seu casaco.

- Tome, cubra sua mãe - ele entregou e nesse momento tive a certeza que eles eram pessoas que eu podia confiar. Peguei o casaco e mamãe vestiu-o, abracei ela e senti um calor reconfortante.

- Quais os planos ?? - disse e em seguida Pike me olhou um pouco confuso -, Bem, os planos para amanhã, o abrigo fica longe daqui? - abracei mamãe mais forte.

- Não, não.... Estamos perto, talvez uns trinta minutos a pé. Passaremos a noite aqui e de manhã seguiremos pelos trilhos, a maior parte deles nessa parte da cidade passa pelos túneis e pela mata fechada.

- Se seguirmos por eles, ficaremos mais seguros e chegaremos muito próximo de uma das entradas do búnquer - Tony completou fechando o zíper da mochila - Vocês me ajudam aqui ??? .

Ele havia selecionado alguns curativos e agora era preciso posicionar Marta em um espaço mais apropriado.
Todo o processo levou cerca de uns vinte minutos, a bala foi retirada fácilmente, não tinha entrado fundo na pele. Só havia um único cobertor na mochila de Tony e ele foi usado para cobri-la, já que ela iria dormir no chão.

TEMPORADA DE CAÇA Onde histórias criam vida. Descubra agora