06.

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Eu deixei tudo armado, deixei a porta aberta pra saber qual seria a reação dela

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Eu deixei tudo armado, deixei a porta aberta pra saber qual seria a reação dela. Deixei TZ no toque pra se ela tentasse correr. Mas não imaginava que ela ia dar uma fuga dessa.

Se não fosse a budah... ela taria sumida até agora.

Escuto seu choro e respiro fundo, olho pro seu corpo que tem umas marcas roxas e solto o cinto da mão.

Eu não queria machucar ela... mas ela pediu! VAI SE FODER!

Athena chora enquanto tá deitada na cama.

── Por que tu fez isso? ── pergunto e só escuto seus soluços ── Você é burra pra um caralho! ── grito com raiva e acerto o abajur no chão ── Você poderia ser tratada como a porra de uma rainha! Mas prefere ser uma escrava e ficar apanhando igual uma retardada! Burra do caralho.

Jogo o celular dela longe.

── Não vai sair da porra dessa casa, um mês nessa porra! Esquece o caralho da tua faculdade, esquece tudo! ── grito e ela chora mais ainda ── Chora mesmo, chora nesse caralho! A única coisa que tu vai fazer agora é chorar! ── respiro fundo e passo a mão no rosto com força quase me machucando ── Eu tô com uma raiva, Athena... eu podia te matar, agora mesmo.

── Então me mata! ── fala pela primeira vez ── Me mata! Eu não aguento viver com você!

── Tu só vai morrer quando eu for junto. ── subo na cama e aperto sua cintura fazendo ela gritar de dor ── Tá me entendendo, porra!? ── olho pro seu corpo cheio de roxo, eu só bati. Não encostei no rosto, mas o resto... ─ Não é pra tu sair da porra desse quarto. ── aviso e saio do cômodo puto.

Foram só quinze minutos sem ela, mas pareceu dias. Papo dez.

── O que você fez com a menina, Maycon!? ── Márcia chega gritando.

── Não começa a surtar não. ── passo o polegar na testa ── Ela fugiu e...

── Você bateu nela!? ── grita e olho pra ela sem entender.

── Bati, e se tu continuar gritando eu faço questão de subir lá em cima e espancar ela ainda mais.

── Você é igual o seu pai...

── Meu pai deixou minha mãe num cativeiro, ela tá lá no quarto cinco estrelas com uma cama mais fofa que algodão puro. Sou diferente.

── Deixa eu ver ela... ── pede e faço um biquinho pensando.

── Vai lá. ── dou tchauzinho e ela sai quase correndo.

Sinto um bagulho estranho no peito e subi atrás.

── Oh minha menina... ── Márcia diz e olho pela frecha da porta ela acariciando o rosto de Athena── Por que você fugiu?

── Eu quero morrer... ── Athena sussurra fraca e meu peito dói mais ainda ── Quero morrer, por favor Márcia. Me mata.

── Eu jamais faria isso. ── toca no rosto dela e Athena começa a chorar alto.

Ela chora e Márcia põe ela com a cabeça em seu colo. Vejo ela chorando mas me sinto estranho.

Merda, eu quase matei a mina.

Vi Athena dormir de tanto chorar, enquanto Márcia ia no banheiro, eu sentei na cama ao lado da minha mulher.

Olho pro seu corpo perfeito, marcado. Machucado na verdade.

── Você quase matou ela. ── Márcia diz.

── Mas não matei. ── explico.

── Você não matou porquê sabe que se ela morrer, você se mata em seguida. ── e ela disse a verdade ── Você não pensou nela, pensou em si mesmo... dei um remédio pra ela dormir, ela não vai sentir dor.

Concordo e vejo Márcia fazer o processo de cura na mina. Detalhei cada segundo pra amanhã ter uma desculpa pra tocar nela.

A noite caiu e eu tô deitado na cama com ela, seu suspiro é baixo e leve, como se fosse melodia.

Olho pro teto meio que em êxtase, que merda eu fiz?

Puxo a mina com cuidado pra perto e deito a cabeça dela em meu peito, acaricio os cabelos de Athena e ela resmunga ainda dormindo.

Sinto um calor indescritível no peito quando tô com ela, mas esse é bom.

── Chegou cedo. ── Athena fala enquanto mexe nas panelas.

── Vou começar a chegar cedo pra ficar com vocês. ─ explico e ela sorrir.

Passa os braços sobre meus ombros e me beija, porra, que beijo bom do caralho.

── Papai! ── uma pitchuca diz e pula no meu braço.

── Fala tu menor. ── pego ela no colo e ela me abraça.

── Eu senti muuuuuuuita saudade. Desse tãotão ati. ── abre os braços de uma forma monstruosa.

── Tá porra. ── Athena acerta um tapa na minha cabeça ── Tá poxa, demais em pretinha.

── É que eu te amo muito. ── se garante de peito estufado.

── Também te amo, pitchuca. ── puxo Athena pro abraço e ela sorrir me abraçando com força junto a pequena.

Acordo suado, mano que sonho do caralho foi esse?

Sinto falta da minha mulher na cama e já me levanto. Abro a porta do banheiro vendo ela parada em frente ao espelho.

Ela está apenas com um sutiã e uma calcinha, seus olhos percorrem por todo seu corpo.

── Vamos dormir. ── falo e ela nem me olha.

── Isso, vai ficar marcado. ── sussurra ── Pro resto da minha vida, vai ficar marcado. ── as lágrimas caem de seus olhos e respiro fundo.

── Vamos dormir, Athena. ── falo novamente.

── Por que você fez isso comigo? ── pergunta e me olha.

── Tu fugiu. ── explico e ela rir.

── Eu estou presa nessa favela contra a minha vontade, você queria o que? ── pergunta e veste a blusa com cuidado e sai do banheiro.

Athena manca até a cama, na hora de deitar eu escutei seu gemido de dor. Dou de ombros e jogo uma água na cara.

Caminho até o quarto desligando a luz do banheiro.

── Deixa acesa. ── murmura.

── Pra que? ── pergunto.

── Tenho medo de escuro. ── dou de ombros e deito na cama ── Orochi...

── Me chama pelo nome, caralho! ── grito puto ── Porra de mania do caralho.

── Acende a luz... ── a voz sai chorosa.

── Quando tu fecha o olho, fica escuro, cala a porra da boca e vai dormir pra não levar outra surra. Porra. ── ela se encolhe e se cobre ── Se fuder.

Ponho a mão na arma por debaixo do travesseiro e olho pra mina que tá de costas pra mim.

── Vira pra frente. ── mando mas recebo silêncio em troca ── Athena, porra... ── falo sem paciência e ela se vira.

A Cara Do CrimeOnde histórias criam vida. Descubra agora