EU MEREÇO UM AUMENTO

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*Esses personagens aparecem na fanfic House porém essa aqui pode ser lida  independente.



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A família de Kinn é notória, um nome que ecoa nas esferas mais altas da sociedade como um sinônimo de influência e riqueza. Todos ao redor sabem que é necessário mais do que respeito quando se trata dos Kinn. E todos também sabem que eles protegem os seus como leões protegem seus filhotes.

Kinn, Khun e Kinn são os filhos da primeira família. Vegas e Macau são da segunda. Todos se detestam com uma intensidade que poderia incendiar o mundo. Mas... convivem como se fossem melhores amigos. Talvez isso seja o significado de guerra fria, mas para mim, se chama hipocrisia pura e simples.

Eu faço parte dessa família há alguns anos, uma testemunha silenciosa de suas rivalidades e segredos. Nos últimos anos, vi muitas coisas acontecerem, coisas que fariam um livro de suspense parecer um conto de fadas. Fiz muitas coisas acontecerem também. Lutei para proteger todos, mas hoje, minha presença se faz em mais uma das festas do excêntrico Kim.

Pois é, na bebida eles se entendem. Agora estou aqui, o único farol de sobriedade em um mar de embriaguez. Até mesmo Macau, o caçula, está bêbado demais. Triste demais.

Mas nesse momento meus olhos não estão em nenhum deles. Estão em um pequeno ser que apareceu na cola de Macau. Parece uma criança se comparando ao meu tamanho. Está resistindo bravamente a essa onda de bebidas e brigas, como um marinheiro enfrentando uma tempestade em alto mar.

Observo seus passos tortos, um pouco de pele exposta e as covinhas. "Como esse menino é um pedaço de tentação. Vai ser bonito assim, lá em meu quarto" Esse pensamento veio com toda força na mente. E tratei de afastá-lo. "Foco, Big, foco."

Mudo de local e faço algumas anotações na mente. Uma delas é não cobiçar os homens dos próximos. Mesmo afastado, fico observando toda a movimentação e sempre meus olhos param no pequeno sorridente. Quando vejo Macau se aproximando, penso que mais uma vez, ele vai falar sobre alguém que ele não gosta de falar o nome.

— Big. Big! — ele exclama, a voz alta e desesperada.
— Eu estou bem aqui, por que está gritando?
— Desculpe. Estou bêbado. Muito bêbado.
— Quem não está?
— Hum... Sua missão é proteger meu convidado.
— Deixa eu olhar aqui um negócio — fiz um movimento de pensamento — pelo que eu sei sou lotado nos seguranças da primeira família, não na sua.

— É um favor, Big. Um pequeno favor. Olhe para o meu estado, olhe para ele. Olhe para o meu coração. Alguém está faltando aqui e eu não estou suportando.

E na verdade, não tenho como recusar. Macau tem esse jeito de fazer com que você se sinta o único que pode ajudá-lo, mesmo quando você sabe que não deveria.
— Macau... eu...
— Obrigado. Só confio em você.

E saiu mais rápido do que quando chegou, deixando-me com uma sensação de desconforto.

Continuo a segurança, mas a cada minuto a sala vai esvaziando. Cada um com seus casos escondidos. Só resta a coisinha que insiste em beber mais e mais. Seu rosto está corado, os olhos brilhando com um misto de alegria e tristeza.

Me aproximo. Está na hora de acabar com isso. Só resta ele e eu nessa bendita social.

— Heart, vamos? Estou responsável por você hoje. Falo mostrando minha identificação.
Ele me olha. Demora.
— Senhor Big? Macau nem voltou. E está tão bom aqui.
— Eu sei, mas temos que ir. Você tem que ir. Macau não vai voltar. Pediu para lhe acomodar.
Ele olha novamente. Como se lembrasse de alguma coisa. Me aproximo mais e com cuidado pego sua mão. Mas do nada ele se joga no chão choramingando dizendo que está cansado. Desde quando beber cansa?

Não dei corda para o dengo e o peguei no braço. E agora não sei em que quarto o bonito está. Vou abrindo as portas com cuidado. Uma por uma. Com medo de ver algo que eu não quero.
— Qual é o seu quarto?
Ele apontou para uma porta. Quando abro tenho certeza que não é a dele.

Não me atentei, mas era a última porta e mais cedo, Kim me falou que eu iria dormir ali devido a um problema na ala dos seguranças.

Quando procuro por ele para sair dali, já o vejo correndo para a cama. Parece que joguei pedra na cruz.

— Este não é o seu quarto — digo, mas ele já está pulando na cama, ignorando completamente o que eu disse. E enquanto eu tento descobrir o que fazer, vejo sua atitude mudar. Ele começa a insinuar um strip.

— Olha, senhor Big, eu sou uma fada... Uma fada safada — diz ele, com a maior cara de inocente, começando a sorrir.

Suspiro. Penso comigo mesmo: "Amanhã, Kinn, Macau, ou quem quer que seja, vai me dar um aumento. Não sou pago para cuidar de bêbado desmiolado."

Pego com cuidado na sua mão, mantendo distância, e falo pausadamente.

— Este aqui não é o seu quarto. Eu sei porque é o meu.

Ele me olha, com um olhar cansado, deita na cama e diz já dormindo:

— Pois é aqui que eu vou ficar!

"Não durma, sua linda peste! Quer dizer... pestinha." O pensamento sai mais rápido do que eu gostaria.

E agora? Não posso bater na porta dos outros no meio da madrugada. Macau não me deu nenhuma direção e eu estava com tanta raiva que nem perguntei.

Vou me ajeitar por aqui. Ando devagar, observando o pequeno aconchegado na cama. Cubro a "fada", como ele diz que é, e vou trocar de roupa. Sorte que no quarto tem um colchão reserva.

Tomo um banho rápido e me deito. Quando estou pegando no sono, sinto uma pessoa se aconchegando em mim.

Afasto rápido, mas ele me olha com uma cara de pena.

— Estou com frio.
— Se enrole.
— Estou com medo do escuro.
— Acenda a luz.
— Estou tendo pesadelos.

Não tenho mais argumentos. Ele já está aqui, grudado em mim como um carrapato. Nós dois dormindo em um colchão reserva.

A noite vai demorar a passar. Mas não foi o que aconteceu. Passou muito rápido. Só acordei quando senti falta do corpo junto ao meu. Levanto assustado. Vejo a criatura olhando para mim.

— Eu... Você... Não aconteceu nada — digo, morrendo de medo dele achar outra coisa.

— Tenho certeza que não — diz ele, pegando os sapatos. Antes de ir, me olha com um olhar de anjo safado e me solta essa:
—Senhor Big, acho que Big não é só o seu nome — e direciona o olhar para meu membro que eu não havia percebido, mas estava animado com uma ereção matinal — e sai correndo do quarto.

E eu fico sem reação.

" Macau, eu vou te matar " é só o que consigo dizer, entrando no chuveiro. Enquanto a água quente cai sobre mim, não consigo deixar de pensar no sorriso travesso do pequeno "fada". Talvez a noite tenha sido mais longa do que pensei, e talvez, apenas talvez, eu esteja começando a gostar disso.

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Big Presente -Heart E Big -Universo Kinnporsche Onde histórias criam vida. Descubra agora