A relação de meus pais sempre foi uma inspiração, um conto de fadas na vida real. Meu pai, um advogado renomado de Veneza e minha mãe era uma grande médica.
Infelizmente isso mudou quando recebi a notícia que ela havia sofrido um acidente de carro e não sobreviveu aos inúmeros ferimentos, eu deixei de ir para a faculdade, deixei meu cotidiano para viver o luto, mas meu pai pareceu esquecer as inúmeras coisas que eles passaram juntos, se tornou uma pessoa fria e calculista, sem nenhum sentimento, ele não era mais a pessoa que eu conhecia, ele não era mais o pai amoroso que eu tinha.Me mudar para Mônaco não estava em meus planos, mas não tive escolha e fui obrigada a transferir minha faculdade e vida para esse lugar. A justificativa foi uma proposta irrecusável de emprego e da noite para o dia eu estava encaixotando meu quarto e vindo para um lugar que eu nunca estive em toda minha vida.
Fui criada em uma bolha, protegida e monitorada por onde eu fosse e para que isso fosse possível Matteo foi contratado, me segue para todos os lados, dirige e se mantém por perto sem me deixar respirar.Me mudar me trouxe novas amizades e uma paixão, Andrew está na mesma sala que eu, nos conhecemos poucos dias depois que eu cheguei. Loiro, alto e bem humorado ele faz com que as aulas de direito penal se tornassem mais leves e engraçadas, foi ele que me mostrou a cidade e me apresentou cada canto da faculdade.
Estamos em mais uma das aulas entediantes do Sr. Carson, estou tentando me manter acordada enquanto ele não para de falar.
Só consigo pensar em como vou me livrar de Matteo para a festa de fraternidade, Andrew me envia um bilhete me perguntando sobre a festa, respondo que estarei lá, mas ainda preciso de um plano para sair de sem que ninguém me veja e tente me impedir de sair.*
A casa está em um completo silêncio, desço com os saltos nas mãos sem fazer barulho, passo por Matteo que está na cozinha e alcanço as chaves de um dos carros, caminho lentamente e abro a porta do motorista. Rapidamente ligo o motor estridente e saio o mais rápido possível de casa, pelo retrovisor consigo ver o segurança parado de mãos atadas na porta da minha casa, acelero o máximo que eu posso para que ele não consiga me seguir.
Estaciono o carro na fraternidade e mando uma mensagem para Andrew esperando que ele me encontre para entrarmos juntos. Estou parada quando um carro preto passa vagarosamente ao meu lado, uma fresta do vidro é aberto e um vento gelado faz com que eu me arrepie com os olhos que me petrificaram.
Andrew aparece e o carro se vai em uma arrancada, cantando pneu para o outro lado do campus. Sorrio para meu namorado e entro na festa.Pego alguns drinks, danço, me divirto e passo um tempo a mais com meu acompanhante que está de divertindo tanto quanto eu. Nossos amigos estão em cantos da casa, eu me distancio de Andrew e vou analisar o local.
Minha visão já está meio turva pela bebida, alcanço meu celular e um número desconhecido pisca na tela, recuso a chamada e subo em uma mesa, começo a dançar e Andrew vem tentar me tirar enquanto gargalha."Vamos, desça"-Pede.-"Você vai se machucar"
"Só se você me der um beijinho"-Respondo embriagada.
"Quantos você quiser"-Aceita
Deixo que ele me pegue no colo e me coloque no chão novamente, mas um grupo de amigos o chama e ele vai sem ao menos me convidar, alterada pela bebida eu vou atrás de um copo de água com a pouca decência que me resta.
Encontro uma garrafa de água e tomo um gole esperando que a minha consciência volte novamente, mas acabo tropeçando em meus próprios pés.
Estava esperando o impacto, mas sou segurada antes que o pior aconteça. Alto, moreno e com alguns caracóis, ele me analisa com seus olhos verdes, não de forma compreensiva, seus olhos exalam ódio."Não acha que já bebeu o suficiente?"-Fala rude.
"Não acho que você tem direito de opinar"-Respondo com o resto de humanidade que me sobra
"Um obrigado já basta"-Levanta uma sobrancelha.
"Sua petulância me fez perder a vontade"-Cruzo os braços.
"Não tenho tempo para bater boca com adolescentes"-Bufa.-"Cuidado com o horário para voltar, papai vai te deixar de castigo"-Bate no relógio.
"Seu"-Vou para cima.
"Seu o que?"-Não mexe um músculo.
"Harry"-Alguém grita.-"Está aqui"
"Uma pena que vou ter que acabar com o entretenimento"-Debocha.-"Adeus boneca"
Ele vira as costas e desaparece pela multidão.
Maldito! Essa é a personalidade de muitos caras desse lugar, não se importam como falam ou o que falam.
Perco a vontade de continuar e saio da fraternidade, procuro o meu carro e reviro os olhos com Matteo encostado no meu carro, com os braços cruzados e me analisando de cima a baixo."Nenhuma palavra"-Aviso.
Entro no carro e ele começa a dirigir, ligo meu celular e vejo a quantidade de ligações de meu pai e de Matteo, respiro e começo a me preparar para a quantidade de coisas que meu pai vai falar.
Matteo abre minha porta e balança a cabeça indicando que meu pai está me esperando em algum canto da casa, de supresa ele aparece e começa sua lição de moral.
A sala está limpa, cozinha em silêncio, mas o ranger da porta do escritório faz com que eu congele meus passos."Ophelia"-Aponta para dentro do cômodo.
Deixo meus saltos e minha bolsa na poltrona e caminho até a sala, ele fecha a porta e eu me sento nas duas poltronas pretas que ficam na frente de sua mesa de madeira rodeada por estantes de livros, como sua biblioteca pessoal.
Ele senta na minha frente, joga seus óculos de leitura na mesa e massageia as têmporas e suspira."Quantas vezes eu tenho que repetir que não estamos em Veneza mais, esse lugar é perigoso"-Fala pausadamente.-"Não quero você andando sozinha por esse lugar, isso são horas de chegar?"
"Eu estava na faculdade ou nem isso eu posso fazer agora?"-Rebato.-"Quer me tirar dessa faculdade também?"
"Você mora dentro da minha casa e espero que siga as minhas regras Ophelia"-Levanta a voz.-"Acha que eu quero te perder como perdi sua mãe! Que droga!"-Bate na mesa.
"Me de minha vida de volta e quem sabe podemos firmar um acordo"-Me levanto.-"Você tirou tudo que eu tinha, meus amigos, minha faculdade e as últimas lembranças da minha mãe"
Abro a porta e saio andando, estou descalça e abro a porta principal da casa, grito com Matteo impedindo que ele me siga e saio andando pela rua do bairro. A minha maior vontade é gritar de raiva nesse lugar, quero chorar pela minha vida que está de ponta cabeça, quero sumir desse lugar.
Encontro uma árvore e me sento na base de seu tronco, coloco minha cabeça apoiada entre minhas pernas e deixo as lágrimas cheias de ódio me guiarem."Não achei que iria te encontrar tão cedo"
XOXO
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Mafia Boy- Hes
RomanceUm dos lugares mais ricos do mundo é vigiado pela máfia, quando se entra no caminho de um deles, você ficará marcado por todos os seus membros durante gerações, como titulos e heranças a máfia também vem de família e essa não é diferente. Formada po...