Capítulo 12 - Parte 1Jason Donatti
~11 anos atrás~
Mais uma vez, desenho o rosto daquele que me fez mal, lembrando com clareza dos traços do seu rosto, da sua expressão assustadora e do sentimento que me causou quando atirou na cabeça da minha mãe.
Estou sentado num canto do terraço desse maldito orfanato. Essa semana eu fiz dezesseis anos, e como eu não queria que as pessoas tentassem se aproximar de mim com o mesmo ar fingido de simpatia para me desejar os parabéns, eu apenas resolvi vir me esconder aqui, num lugar escondido desse terraço enorme. Desde então, eu venho aqui todas as tardes. Desenhar o rosto do maldito assassino dos meus pais distrai a minha mente, também é bom para não esquecer o rosto de quem me causou tanto mal. Afinal, já faz tanto tempo desde que o vi pela última vez, e como desejo me vingar assim que sair daqui, eu realmente não posso me esquecer do seu rosto.
A cada dia que passo, o ódio por ele me consome aos poucos. Não sei se por estar traumatizado com a cena que vi da minha mãe morrendo, que inclusive faz questão de aparecer em meus sonhos toda madrugada, ou se por estar me deixando ser consumido pelo desejo de vingança, ao ponto de achar que qualquer outra pessoa seja inútil, descartável, mas eu não consigo me aproximar de ninguém. Isso me afasta! Não confio em ninguém, e muito menos me importo com o que acham sobre mim, a "aberração" desse orfanato. Mas sei que eles têm medo de se aproximar de mim!
Daqui de cima, eu consigo ver parte de crianças a pessoas mais jovens brincando do lado de fora, no jardim. Apesar do abandono e da sensação de estarem sozinhos, eles têm um ao outro, conseguem sorrir durante o dia, ser felizes com o pouco que tem. Eles conseguem imaginar um futuro legal para quando saírem daqui, na verdade, sonham com isso. Ao contrário de mim... quando eu sair daqui, não penso em como dar continuidade a minha vida. Vou caçar o maldito que matou os meus pais, vou procurar ele nem que seja no inferno, e vou fazer ele pagar, sofrer ao ponto de se arrepender de um dia ter nascido. E quando eu finalmente conseguir isso... não me importo em continuar vivendo!
Mas por enquanto tenho que esperar... e essa demora, torna de longe, a pior época da minha vida!
— Jason, desça daí agora!
Olho para baixo, vendo a diretora pau no cu com um olhar bravo, como se já soubesse onde me encontrar.
— Desça aqui agora, que precisamos conversar!
Ergo uma sobrancelha, fechando o meu caderno de desenho. É algo incomum ela vir até mim, me procurar. Normalmente, ela e suas "cachorrinhas" sempre tem medo de mim e me afastam. Ignorando por completo a minha existência, como se o fato delas se aproximarem, me faria às morder.
Eu saio do terraço e vou de encontro a ela, que me espera com os braços cruzados.
— Vá para o seu quarto e arrume suas coisas. Eu não contei a você, mas já tem alguns meses que um homem estava tentando conseguir sua tutela e a sua guarda. Essa manhã um juiz assinou os documentos que permitiam a ele o direito da guarda e a tutela. E daqui alguns minutos ele estará vindo lhe buscar. Uma assistente social irá visitar você toda semana, assim como a sua psicóloga. Então... se apresse e organize suas coisas.
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REVERSO - A SOMBRA DE UM PASSADO - (RETIRADA)
RomantizmGuilhermina, uma típica jovem de classe alta, no auge da sua beleza, acorda numa noite chuvosa, sem as suas lembranças, sem sequer saber algo sobre si mesma, e com um lindo homem loiro que se diz seu marido. Sendo guiada pela intuição, ela decide co...