Olhos Acima

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- Posso?

Perdida em pensamentos, Clarke sequer se assusta quando Bellamy se agacha ao seu lado e aponta para o espaço ao lado dela, no chão.

- Fica à vontade. A montanha não é minha. - brinca.

Tão quieta. A paisagem que se estendia morro abaixo e todo o entorno estava quieto, comparado ao caos que a chuva de sangue espalhou dias atrás.

Clarke espantou um vagalume - ou um protótipo artificial de um - com uma das mãos, enquanto dava espaço para Bellamy sentar. Ela não estava fazendo nada de especial sentada ali, dessa vez nem tinha a intenção de se afastar do grupo, queria apenas um tempo para contemplar a vista durante o período de paz antecessor a uma nova catástrofe que ela saberia vir em breve.

O horizonte brilhava sob a intensa luz das estrelas. Trinta e nove dias. O tempo que eles estavam ali a partir de quando Clarke decidiu contar - certeza não tinha. Um mês e nove dias e eles lutaram, caíram, levantaram e sobreviveram. Para ela, as provas já podiam terminar, sentia como se um ano tivesse passado nessas últimas semanas. Uma voz chata na sua cabeça insistia que isso era um sinal do quão fraca ela era.

Mas experimenta usar todo o seu treinamento, habilidades e racionalidade de uma vez, quando não só a sua vida está à beira da instabilidade como a de todos à sua volta. Quando liderar por conhecer mais é a única escolha. Só era fácil para quem nunca precisou passar por isso. Sua mãe acharia que o lamentar dela sobre a situação seria uma fraqueza.

Bem, não é sua mãe que está no comando. Enquanto ela adorava o poder de ter pessoas em posição subsequente a dela, Clarke não desejava destaque, nunca desejou, mesmo nascendo em berço aristocrático e tendo como figura materna alguém que tanto se importava com títulos e controle.

Não.

Clarke só desejava viver longe de tudo que conhecia - e olha como a vida é irônica, estava em uma esfera totalmente insólita, da qual não desejou, mas, foi o que recebeu. E não havia nada que pudesse fazer além de sobreviver. Devia ao menos isso a seu pai.

- Está mesmo perdida em pensamentos, né?

A voz de Bellamy a chamou para o presente.

- Desculpa. - suspira antes de se justificar, embora não precisasse. - É que é muita coisa para digerir, e eu não consigo deixar isso passar como vocês, sem ter um momento só para mim, um tempo para pensar...

- Tudo bem, Clarke, você não precisa se explicar. Eu entendo mais do que você imagina, na verdade.

- Eu nunca perguntei porque você está aqui. O que te fez assinar o papel e achar que merecia ser perdoado por algo?

Ele inclinou a cabeça para ela. - Achei que você soubesse. Minha irmã. Ela é a razão de eu estar aqui. - desvia o olhar para o céu estrelado, temia começar a chorar se encontrasse qualquer sentimento de pena ou compreensão no olhar de Clarke. - Ela sumiu um ano antes de tudo isso, na mesma noite que todos vocês descobriram sobre o segredo da minha mãe. Como eu fui detido por três dias, eu não sabia para onde a tinham levado, quando sai me levaram direto para me despedir da nossa mãe, ela não sabia onde estava Octavia, me fez prometer que eu a protegeria para sempre, mas eu nunca mais a vi.

𝐋𝐈𝐌𝐁𝐎 ¹ | The 100Onde histórias criam vida. Descubra agora