7|Estava brincando

1K 80 2
                                    

Sina Deinert

Eu sorri quando me olhei pelo espelho da pequena cabine fechada. Acho que é de família, essa coisa de dar ordens.Noah certamente era bom nisso.

Fechei os botões do corpete, calcei a meia liga e respirei fundo, evitando me encarar demais e juntando forças para conseguir desfilar,imaginem minha surpresa quando saí da cabine de troca e encontrei o outro Urrea parado no vestiário.

Noah me lançou um olhar demorado, desde os meus pés descalços, pelas minhas pernas, meus peitos, até meus olhos. Ele me encarou com um brilho assassino no olhar e, lentamente, dobrou as mangas da camisa preta.

- Você...O que esta fazendo aqui? -Eu tentei fazer minha voz soar firme, mas ela falhou quando nos encaramos de novo.

Ele me olhava como...como se quisesse me comer. No bom e no mau sentido da palavra.

-Eu avisei que viria no momento em que ouvi seu gemido,Deinert.

Eu estremeci ao ouvir meu nome em seu sotaque.

- Achei que não estivesse falando sério...Eu- Não consegui mais falar quando Noah deu três passos e me prensou na parede. Sua respiração estava ofegante, como se ele tivesse acabado de correr uma maratona. E seus olhos estavam voltados para os meus lábios.

- Você..? - Ele perguntou, inclinando a cabeça na direção do meu pescoço. Eu arfei quando sua respiração quente acariciou a pele sensível da região.

- Estava brincando. - Consegui dizer, sussurrando. Noah sorriu contra meu pescoço e inspirou fundo. Sua mão pegou a minha, e ele parecia querer direciona-la para algum lugar, mas parou no meio do caminho.

Noah respirou fundo e soltou minha mão, afastando o rosto da minha pele e me encarando intensamente.

- Não tinha percebido como você é baixinha. -Eu estava prestes a contradize-lo, ou xinga-lo, quando seu polegar parou em meu lábio inferior. Meu mundo parou. Meu coração parou. Não existia mais pensamento coerente na caixa vazia que agora era minha cabeça. - Não brinque com fogo,querida. Você vai acabar se queimando.

Eu engoli em seco e ele tirou o polegar de meu lábio, dando um passo para trás.

- Eu ja falei com Sabina. Concordamos em me deixar cuidar da última parte das suas roupas, os vestidos de gala. - Ele lambeu os próprios lábios, olhando meu corpo quase nu e arrepiado daquele jeito denovo. - Leve esse,Sina.

Eu arregalei os olhos e Noah sorriu, se virando e saindo do provador-bordel.

Bati a cabeça na parede, passando as mãos pelo rosto e pelo cabelo. A presença de Noah era demais. Sua voz, seu corpo, seu cheiro, seu olhar. Tudo nele era simplesmente...Demais.

Quando fui me encaminhar para a cabine de roupas, percebi, com um lamento, que estava molhada. Muito.

Ele nem precisava me tocar de verdade e meu corpo já se entregava, como se Noah fosse o dono dele.

Corpo traidor!

Corpo traidor!

Nós não podemos ceder nas batalhas desse jeito, se recomponha.

Eu tirei a lingerie e escolhi mais algumas peças ali. Algumas ousadas, outras mais simples, outras lindas de se olhar. Eu já tinha vindo até ali, não ia deixar Noah estragar minha experiência com todo aquele...aquele...

- Argh! -Resmunguei alto.

Noah me irritava tanto, tanto, mais tanto que...

- Tudo bem aí,querida? Quer que eu te ajude com os botões?

Bufei e coloquei meu braço para fora da sala, mostrando o dedo do meio para ele e a fechando em seguida.

Enquanto me trocava, pude ouvir ele gargalhar.

Paciência. Paciência. Paciência.

Não jogue um sapato nele, não- olhei para os meus pés descalços-bom, você nem tem um sapato para jogar nele.

Acabei de me trocar e quando saí da sala atirei a primeira coisa que tinha na mão em Noah: uma calcinha preta rendada e finíssima.

Ele me olhou com malícia e balançou a calcinha na frente do rosto.

- Outros homens poderiam entender isso como um convite para ir à sua cama, sabe?

Eu ergui as sobrancelhas para ele.

- Outros homens não são tão idiotas quanto você,sabe?

Ele sorriu. Eu corei.

Terceira vez. Já era a terceira vez que eu corava por causa dele.

O que diabos estava acontecendo?

Noah se levantou e esticou os braços. A tatuagem do direito era visível sob a manga dobrada da camisa, e eu me segurei para não perguntar o significado.

Fomos até o caixa e Noah soltou uma risadinha quando pagava.

- Se vocês duas gastaram tudo isso só em calcinhas e sutiãs, mal posso esperar para saber a conta das outras lojas.

Eu sorri para a vendedora e saí andando, deixando que ele pegasse as sacolas.

- Você viu que eu comprei muito mais que apenas calcinhas e sutiãs, Noah. Não seja ridículo, tenho todo um arsenal para deixar homens loucos aí dentro.

Ele travou a mandíbula e apertou os olhos em minha direção.

- E a senhorita pretende deixar homens, no plural, loucos quando, exatamente? Ja que, em tese, eu e você somos noivos apaixonados.

Eu sorri e dei uma piscadela para ele.

- Eu dou um jeito, queridinho. Afinal, estamos no século vinte e um, certo? Relações poligamicas já são socialmente aceitas, não se preocupe.

Noah me ignorou e seguiu a rua carregando as sacolinhas vermelhas e pretas.

- A nossa relação não vai ter nada de poligamica.

Eu apressei para andar junto com ele.

Ele parou de repente, e eu esbarrei o corpo com suas costas.

- Porque não quero que os outros pensem que eu não sou capaz de te satisfazer na cama, sozinho.

- Isso é besteira, é óbvio que você é muito mais do que capaz de me satisfazer na cama sozi...

Eu fechei os olhos e suspirei.

Como eu era idiota.

Mas é que eu falei sem pensar. O que ele disse era tão ridículo e improvável que meu cérebro respondeu a primeira coisa que pensei, sem filtros nem nada.

Noah me olhava com um sorrisinho satisfeito nos lábios.

Ótimo, se ele era metido antes, agora eu passaria a noite com um poço de narcisismo.

- Queria muito discutir com você sobre minhas muitas habilidades na cama, mas infelizmente, o madam broulet fecha em uma hora, e precisamos dos seus vestidos longos. - Eu assenti, evitando seu olhar. Podia até sentir meu rosto queimando de vergonha. Mas Noah apenas deu uma de suas risadinhas que eu já estava me acostumando e saiu andando denovo. - Vamos,querida. Não pense mais nisso.

Eu apressei o passo.

- Em como eu falo as coisas sem pensar?

Ele sorriu.

- Em como eu sou na cama.

Eu suspirei e o ignorei pelo resto do caminho.

Cafajeste,cafajeste,cafajeste!
______________________________________

Deixe sua estrelinha e comentem se gostou!

Até o próximo capítulo🦋

Broken Pieces•𝘯𝘰𝘢𝘳𝘵Onde histórias criam vida. Descubra agora