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 Angel

Eu estava tão imerso nos contratos que não vi a noite chegar, não era noite de "limpeza", mas mesmo assim não queria ficar até tarde na rua, pude conhecer bem os perigos dela enquanto fazia hora extra para o Valentino, também queria poder dar uma olhadinha no Nug antes de dormir, é a primeira vez que ele fica com alguém, talvez esteja pensando que eu o abandonei.

Andando pelas ruas frias da cidade eu pude ouvir todo tipo de coisa, a maioria era apenas fofocas sobre o demônio do rádio ter matado o Valentino e como a vaga dele estava aberta, imaginei que algo assim iria acontecer, Val era bem influente, me perguntei se Alastor teria sido prejudicado por isso, afinal ele tirou um dos "pilares do inferno". Me preocupo pois sei que se ele se ferrar eu me ferro também, minha única proteção é ele, não posso morrer agora, eu fiz esse contrato justamente para viver mais e em melhor qualidade.

Cheguei no hotel e abri a porta sem preocupação e fui em direção ao bar onde Husky me esperava com um olhar de reprovação, ele colocou a bebida já pronta pra mim em cima do balcão e se virou de costas para pegar algo.

- Como vai o meu bebê? - eu falo sorridente tomando um pouco da bebida.

- Seu porquinho está bem - ele fala me olhando de soslaio e levando uma garrafa à boca.

- Estava falando de você - ponho os cotovelos no balcão e pisco para ele.

- Então neste caso: muito irritado - ele fala depositando a garrafa no balcão e me dando um sorriso ameaçador.

- admite que é meu bebê? - brinco fazendo cafuné em sua cabeça e ele revira os olhos afastando minha mão.

- admito que estou irritado - ele volta a beber e eu iria o provocar mais, porém uma presença nos interrompe. As portas do hotel se abrem revelando Alastor com seu andar saltitante e seu sorriso estupidamente falso.

- Angel! Vejo que foi bem para seu primeiro dia - ele fala girando levemente a cabeça para o lado, era estranho como ele conseguia manter a mesma linguagem corporal ameaçadora de antes.

Dou de ombros tentando esconder o medo e o alívio em minhas expressões e me viro para husky, que parecia sério e nada contente com a ilustre presença do cafetão de morango, eu tento chamar sua atenção para mim tocando seu braço o que o fez despertar em um pulo. Ele preparou uma bebida para o Alastor, que se sentou o mais distante possível de mim.

- Husky! Qual seu verdadeiro nome? - tento ignorar Alastor e apenas voltar a conversar.

- Você não vai me chamar pelo meu nome. - fala ainda bebendo, mas agora mais contido do que antes.

- por que? - finjo tristeza.

- Vai me deixar te chamar de Antony? - ele fala provocativo.

- não. - fui um pouco grosso, mas era difícil manter a cara sorridente ao ouvir aquele nome.

- foi o que pensei - ele voltou a beber vitorioso.

- como você era antes? - pergunto após um tempo no silêncio.

- está curioso? - fala enchendo meu copo novamente.

- Na verdade estou sim, não sei quase nada sobre você apenas que você foi para guerra - falo honestamente.

- para mim isso é mais que o suficiente - eu o encaro mantendo o contato visual e ele acaba cedendo - o que você quer saber?

- tinha muito sigilo lá? - ele solta uma risada gostosa passando a mão pelos cabelos, o que me faz sorrir verdadeiramente.

- claro, você ia se dar bem lá dentro - ele sorri e eu viro meu copo com rapidez.

- Imaginei, estou começando a achar que você não é santo - eu falo me apoiando no balcão e ficando de joelhos na cadeira.

inferno geladoOnde histórias criam vida. Descubra agora