Era uma sensação estranha, como se a boca do meu estômago estivesse sendo apertada por mãos invisíveis, causando uma ânsia constante. Mesmo que me curvasse sobre o estômago contraindo, nada acontecia, apenas permanecia a sensação. No momento em que ocupava minha mente com questões corriqueiras, os pensamentos perturbados se silenciavam, e voltavam a perturbar somente na solitude noturna. Onde teria um sono embalado por pesadelos, e então levantaria no dia seguinte para viver tudo novamente.
O ciclo se repetiu por alguns dias, incansavelmente, até que chegassem as férias dos alunos e eu tivesse alguns momentos para acalmar meu coração.
Estava deitada no concreto do terraço do prédio olhando o céu azul e tomando sol direto na pele, uma regata e um shorts mais do que vestimenta suficiente, nas pernas e braços sentia o formigar da minha individualidade enquanto uma brisa fraca dançava no topo dos prédios. Somente ali me encontrei em plenitude, tranquila, sem preocupações.
Pelo menos até penas vermelhas entrarem no meu campo de visão e o rosto do herói número três cobrir o meu com sombras.
— Já disse que precisa ter mais cuidado, [Nome]-chan.
— Parece estar vindo para Tóquio com frequência Hawks, vou começar a achar que está me perseguindo — respondi me sentando erguendo as mãos até os cabelos e os prendendo com um elástico.
Ele se sentou do meu lado de maneira desleixada, colocando uma sacola rosada sobre o meu colo.
— Dessa vez apenas venho com meus votos de agradecimento — o herói bateu na própria barriga —, fez um bom trabalho com os pontos, é a mais bonita das minhas cicatrizes.
Virei os olhos balançando a cabeça — Não fale isso como se fosse algo bom, céus. Foi um favor, não pense em ficar aparecendo aqui sempre que tiver um ferimento.
— Hai, hai — ele balançou a mão se virando para frente —, consigo entender porque gosta daqui, é uma boa vista.
Puxei o pequeno adesivo que prendia as abas da embalagem juntas para encontrar uma caixa de donuts, mas não era qualquer donut, eram da minha loja favorita. Todos meus sabores favoritos, ergui o rosto rapidamente sentindo o calor tomar minhas bochechas, no canto da boca ele tinha um sorriso convencido.
— Como descobriu?
— Acredite ou não mergulhei nos seus fã-clubes para achar, existem descrições bem específicas das coisas que gosta — ele riu sozinho —, nunca pensei que fosse alguém de confeitos coloridos.
— É pela textura — desviei de seu olhar —, poderia ser de qualquer cor.
— Hum... — Hawks colocou a mão atrás de mim e se inclinou, tão perto que seu tórax encostou no meu braço. Quando me virei seu rosto também estava próximo, consegui ver meu reflexo em seus olhos e óculos. — Nem você mesma acredita nisso. Agora a segunda parte do meu agradecimento, aqui é bom, mas conheço um lugar melhor.
Hawks me pegou nos braços antes que eu pudesse protestar e com certeza sem pedir, até onde me lembrava era poucos centímetros mais alta, mas não pareceu fazer diferença já que seus braços eram fortes. Abracei as guloseimas contra o corpo enquanto ele se erguia nos céus.
— Qual é o seu problema? — ergui uma mão para apertar sua bochecha, vendo a cidade e o prédio do meu apartamento se afastar.
— Se eu pedisse para ficar em meus braços, iria me chutar para longe no mesmo momento.
— Escolhe sempre as piores palavras, se me pedisse de maneira normal para acompanhar até um lugar, iria considerar seu pedido.
— E qual é a graça disso? — Hawks subiu ainda mais até o topo de uma antena de transmissão, ele soltou as minhas pernas, mas manteve a mão na minha cintura. A cidade estava minúscula, mesmo que com uma câmera seria difícil de nos reconhecer daquela distância.
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Litō - (Dabi x [Nome] x Hawks)
Fanfiction◬ NÃO É TRISAL • 🥇 1° em Touya • Dezembro/23 Litō (do latin) - fazer um sacrifício aceitável - Ter uma habilidade que controla o tempo poderia ser considerado sorte, mas não ajudou [Nome] a evitar a perda de pessoas importantes. Treinar para evol...