FICTIONAL - TKK

Prólogo.

Jungkook encerrou meticulosamente o diminuto caderno, depositando-o com zelo sobre a pequena mesa que repousava no recanto do quarto. Direcionou-se então à sua cama e, com uma delicadeza calculada, tomou o livro que ainda não havia concluído. Desdobrando as páginas até a marca previamente estabelecida, mergulhou nas linhas imortais da narrativa.

Seu intelecto fervilhava ao conceber a vivência de cada cena meticulosamente delineada naquelas páginas, onde a dança sob a chuva e o romance clandestino entre um príncipe e uma humilde camponesa figuravam como epítomes de um deslumbrante devaneio. Desprovido do ensejo de extinguir a luz, o jovem recostou-se, permitindo que o livro repousasse graciosamente sobre seu ser, enquanto seus olhos se cerravam e os lábios se entreabriam numa prelúdio de sono. Jungkook cedeu ao torpor após absorver mais um capítulo da sua narrativa predileta.

Ao despertar, uma leve cefaleia acometeu-lhe a mente. Ergueu-se, acariciando os fios morenos com a palma da mão, sua visão ainda turvada apenas lhe permitia discernir a ausência do habitual cenário que definia seu aposento. A cama familiar e a luminosidade do abajur haviam desaparecido, e o fulgor que o envolvia era caloroso, induzindo-lhe uma tontura oriunda da exposição ao calor. À medida que a visão finalmente se aclimatou, deparou-se com uma floresta, uma montanha de folhas outonais a seus pés, e uma inquirição perplexa ecoou em sua mente: onde, afinal, encontrava-se?

Ao lançar o olhar sobre seu próprio corpo, percebeu a indumentária peculiar que o envolvia: calças de tom terroso, adornadas por suspensórios, uma camiseta alva de mangas longas, e sapatos polidos que testemunhavam um cuidado meticuloso. A incredulidade sussurrava-lhe que, de alguma maneira, havia transcendido as fronteiras da ficção. A conclusão inevitável e intrigante delineava-se diante de seus olhos: encontrava-se enclausurado nas páginas vivas de seu próprio livro.