Capítulo 1 - O começo

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Uma figura escura estava parada na esquina de um beco que parecia incompleto. Ele olhou ao redor de forma cautelosa, esfregando as mãos para mantê-las aquecidas na brisa noturna. Ele esperou naquele canto até que um carro apareceu ali, andando devagar até parar na frente do homem, o vidro da janela do lado do motorista abaixou.

O homem se inclinou para frente, seu corpo seminu descansando contra a porta do carro. Ele sorriu para o motorista, um sorrisinho de canto; ele sabia o que estava fazendo.

— Ei, lindo, procurando por diversão?

O motorista não falou nada, só destrancou a porta e trocou a marcha.

— ...40, 50, 60, 70, 80- só 80,000 won??? Merdão mesquinho, — Minho murmurou para si mesmo com raiva, contando as notas que aquele CEO de meia idade havia jogado para ele depois da sua 'diversão', — Eu chupei ele e deixei ele gozar na minha cara e só me paga 80.000 won? Isso mal vai me alimentar por mais de uma semana! Ugh... acho que vou ter que esperar até amanhã pra ver o que posso roubar...

Agora, Minho não era um prostituto. Prostitutos eram um muito mais respeitáveis. Não, ele era só um sem teto e desesperado porque ele não conseguia ser contratado em nenhuma empresa, não importava o quanto ele tentasse.

Ninguém queria um viadinho magrelo, com roupas esfarrapadas e sujas, que foi expulso de casa por ser gay trabalhando para eles.

Mas é claro, se seus pais não o queriam mais, quem iria querer?

Minho balançou a cabeça, dispersando os pensamentos negativos de volta para os limites da supressão.

Não é como se ele gostasse de vender seu corpo, na verdade ele passou a desprezar aquilo. E ele também tinha outro modo de ganhar dinheiro, como se ele ajudasse a velha senhora no quarteirão a carregar suas compras, ela lhe daria um belo centavo em troca. E ele ajudou todos os tipos de pessoas locais a fazer trabalhos estranhos.

Mas aquilo não era o suficiente. Ele não podia viver com a quantia que uma criança recebe por uma mesada semanal.

E implorar era basicamente inútil; o povo do centro da cidade era o oposto de generoso.

Então ele teve que recorrer a ... opções menos legais.

Como furtar.

E prostituição.

Principalmente prostituição

Havia um número surpreendente de homens ricos - e até de classe média - escondidos dentro do armário, e Minho poderia facilmente conseguir uma quantia decente para dar o que eles queriam e ficar de boca fechada sobre aquilo.

Era tarde demais para ir para o abrigo, todos os leitos estariam ocupados por outros sem teto que vagavam ao redor do centro de Seoul. Minho pegou sua mochila que mantinha escondida atrás de uma lixeira, puxou um saco de dormir e outro par de roupas mais sensatas (um moletom e um par de jeans, ambos desgastados e cheios de buracos), encontrou um lugar em algumas caixas de papelão achatadas e fez o possível para dormir durante a noite, enrolando-se sob a fina camada do saco de dormir e tremendo com cada rajada de vento noturno.

Enquanto esperava para cair no sono, sua mente vagou para longe dele como queria, vagou para pensar em como ele conseguiu cair tão baixo (algo que acontecia com frequência).

Ele costumava ter uma vida incrível, com pais incríveis e um futuro incrível pela frente. Mas então, depois que ele terminou a escola, depois que ele finalmente reuniu coragem, ele se assumiu homossexual. Seus pais não aceitaram muito bem, na verdade, eles não aceitaram de jeito nenhum; e depois de gritar e chorar sobre o quão nojento ele era, Minho não era mais seu filho. Seu futuro de repente desmoronou bem na sua frente, e sem nenhum outro lugar para ir, ele foi para Seul para tentar conseguir um emprego e se virar sozinho. Pra dizer o mínimo, não funcionou muito bem. Ele não conseguiu emprego em lugar nenhum, e então ficou sem dinheiro e sem opções. Opções moralmente corretas, claro.

Sugar and Spice (and Everything Nice) • TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora